quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

FEITICEIROS[1]

 


Miramez

 

Que sentido se deve dar ao qualificativo de feiticeiro?

₋ Esses a que chamais feiticeiros são pessoas, quando de boa-fé, que possuem certas faculdades como o poder magnético ou a dupla vista. Como fazem coisas que não compreendeis, as julgais dotadas de poder sobrenatural. Vossos sábios não passaram muitas vezes por feiticeiros aos olhos de ignorantes?

O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são exagerados pela imaginação.

O conhecimento esclarecido dessas duas ciências, que se resumem numa só, mostrando a realidade das coisas e sua verdadeira causa, é o melhor preservativo contra as ideias supersticiosas, porque revela o que é impossível, o que está nas leis da Natureza e o que não passa de crença ridícula. (Allan Kardec)

Questão 555/O Livro dos Espíritos

 

Os chamados feiticeiros são homens e mulheres que possuem, segundo Livro dos Espíritos, certas faculdades como a força magnética ou a dupla vista. Os de boa-fé são assistidos pelos Espíritos benfeitores, e os de má índole, por Espíritos da sua mesma categoria.

A existência dos chamados curandeiros tem uma razão de ser; eles aparecem mais em lugares ermos, onde não existe outra maneira de aliviar os sofredores, e a razão nos pode indicar e fazer compreender que Deus é tão bom, que desperta alguns dons nestas criaturas em favor dos que sofrem.

Os de má índole, que fazem do seu dom motivo de comércio, devem ser esclarecidos pelos que já alcançaram a compreensão, e não perseguidos. Jesus deu mostra de todos os dons desenvolvidos, curando todos os tipos de enfermidades e erguendo a criatura moralmente para a vida feliz. A Doutrina Espírita não faz o mesmo? O médium curador não é menos e nem mais que um curador comum, que impõe as mãos no doente, curando suas dores, que distribui água fluidificada e dá conselhos, como se fosse o “Ide e não pequeis mais” de Jesus.

Os feiticeiros, como são chamados erroneamente, estão se tornando raros, porque estão surgindo outros métodos de cura para a humanidade, que cresce cada vez mais na compreensão com Jesus. A Doutrina dos Espíritos vem esclarecer aos de boa vontade, o que devem fazer para curar e aliviar as dores do próximo, dentro da lei natural, sem o uso de fórmulas, amuletos no pescoço e talismãs.

Escrevemos muito sobre o valor da palavra, porque o Cristo de Deus curava falando com as criaturas doentes. Uma conversa bem posta nos lábios de quem se dedica ao bem faz maravilhas, porque o verbo vem de Deus, e ele, envolvido no amor e na caridade, cura, desperta e eleva as almas para uma vida melhor.

O homem que se chama de feiticeiro é dotado de poder magnético mais elevado que o comum, e quando não tem compreensão, acha que somente ele possui esse poder, começando a fazer coisas fora da lei do “Dai de graça o que de graça recebestes” das mãos do Benfeitor Maior.

Existem em todo o mundo as chamadas benzedeiras, ou benzedores, que curam e aliviam milhares de criaturas com as mãos, por vezes segurando ramos que acham convenientes, como transmissores de energias. Estas pessoas são médiuns de berço, como dizem alguns.

Quando aceitam a disciplina e não usam esse poder para comércio ilícito, os Espíritos superiores os assistem, ajudando-os a ajudar mais, em nome d'Aquele que é a Luz do mundo.

Quando vendem seus dons, mesmo que seja por ignorância, responderão pelas consequências e divulgação do seu procedimento incorreto.

Quem traz o poder de curar, e por vaidade quer ser o primeiro nos lugares por que passa, curando, é bom que saiba que não é ele quem cura, é Deus. É Jesus quem responde o que esse tipo de curador vai ser:

E quem quiser ser o primeiro entre vós, será servo de todos.

Marcos, 10:44

Tudo pertence ao Senhor. Gloriar-nos de alguma coisa que possuímos, é desmerecer os valores que passam por nós em favor dos outros. Se Deus permitiu que houvesse os curadores, os "feiticeiros", os benzedores, é bom que se notem os benefícios prestados por eles onde não existiam outros recursos. E todos eles, é justo que se diga, começam seus trabalhos, mesmo rudimentares, com a oração e respeito a Deus e aos chamados santos.

Devemos ter respeito para com esses irmãos nas suas posições, e que Deus e Cristo os abençoe onde estiverem, nos seus trabalhos em nome da caridade. Não os condenemos, mas esclareçamo-los com amor, porque na educação ninguém se revolta quando o educador opera com amor. Não nos esqueçamos de que os feiticeiros e demais pessoas dessa faixa são também nossos irmãos.



[1] Filosofia Espírita – Volume 11- João Nunes Maia

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