Gilson Pereira - 9 de outubro de 2020
Em muitas sessões espíritas, os
médiuns de vidência relatam a presença de espíritos em condições assustadoras,
dignas de um filme de terror. Uns vêm trajados de negro, cabeça coberta por um
capuz, outros se apresentam com os cabelos desgrenhados, sujos, e outros ainda
nem parecem que um dia estiveram encarnados como seres humanos, tal é a sua
deplorável imagem. Apresentam-se na forma de animais e se comportam
agressivamente. A esse fenômeno dá-se o nome de licantropia e zoantropia.
A presença dessas entidades é pouco estudada e citada na casuística espírita.
Para melhor entendimento do
assunto, é mister que façamos a definição do que vem a ser isso:
Zoantropia do latim “zoo” =
animal e “anthropos” = homem, é o fenômeno em que espíritos desencarnados
devotados ao mal se tornam visíveis aos homens em formas de animais,
demonstrando assim a sua degradação tanto moral como espiritual. Podem
apresentar-se como uma cobra, ou um lagarto, porém, sempre com aspectos de um
ser humano em seus rostos, e o seu comportamento denota sempre irritação, ódio.
Têm, ainda, enorme dificuldade com a fala, expressando-se sempre de uma forma
gutural e monossilábica na maioria das vezes.
Por sua vez, a licantropia não
deixa de ser zoantropia, porém, mais particularizada, pois refere-se
especificamente aos espíritos que se apresentam como um lobo.
Na psiquiatria a Licantropia é
tratada como uma síndrome na qual a pessoa acredita ser possível transformar-se
em um lobo ou que já tenha se transformado em um.
Não se pode falar em lobos sem mencionar
a figura do lobisomem, o lendário ser originário da mitologia grega, várias
vezes retratado no cinema. Diz a crendice que um homem pode se transformar em
um lobo às 21 horas todas as sextas-feiras de lua cheia, só voltando ao seu
normal ao amanhecer. Segundo as lendas mais modernas, para matar um lobisomem é
preciso acertá-lo com artefatos cortantes feitos de prata.
O insigne escritor e pesquisador
espírita Hermínio C. Miranda (1920-2013) em seu excelente livro “Diálogo com as
Sombras” – obra de leitura muito importante para, principalmente, os médiuns
que trabalham nos chamados trabalhos de desobsessão –, esclarece o porquê do
fenômeno:
Seria quase
inadmissível a deformação espiritual num ser de elevada condição moral, mas é
muito comum naqueles que se acham ainda tateando nas sombras de suas paixões
[principalmente o ódio]. O períspirito é o veículo de nossas emoções, ele é
denso enquanto caminhamos pelos escuros caminhos de muitos enganos, e vai se
tornando diáfano, transparente, límpido, delicado à medida que vamos evoluindo.
No mesmo livro, o autor relata o
caso de um espírito que se apresentara em uma sessão como um fauno (criatura da
mitologia grega, meio humano, meio bode) e tentava agredir o médium que com ele
dialogava. A conversa arrastou-se por uma hora. Tendo sido então conscientizado
de seu estado, e somente após uma ação magnética empregada a ele pelos
trabalhadores, a entidade pôde voltar ao seu aspecto normal.
Ainda no livro “Diálogo com as
Sombras” prossegue o autor:
... chegado o momento
de seu resgate, não há força que se consiga antepor à vontade soberana de Deus.
Geralmente são espíritos inteligentes que se transviaram enormemente e destilam
a sua raiva naqueles que os trazem para o esclarecimento, porque não querem
perder o prestígio sobre os seus comandados. No caso de influência sobre os
encarnados, quando esses estão sob a mais grave forma de obsessão, a
subjugação, a vítima passa a agir como animal.
André Luís em seu livro “Nos
Domínios da Mediunidade” narra o caso de uma senhora que vitimada pelo obsessor
sedento de vingança, por ter sido por ela induzido ao mal quando encarnado,
hipnotizava a vítima fazendo com que ela caísse e rolasse pelo chão, como uma
fera, quase uivando. Muitos passes e palavras de conforto foram necessários
para que a vítima se recuperasse.
No mesmo livro, André Luís
explica:
... é preciso que
exista uma sintonia e afinidades para que haja a aceitação e adesão ao desejo
do espírito, isso porque no passado a vítima contraiu débitos com outros
espíritos inferiorizados com os quais se afinizava.
A zoantropia pode ser:
– agressiva, pois se expressa através da violência e pode
levar ao crime.
– deformante, caso extremo em que a pessoa imita costumes,
posições e atitudes de vários animais.
Os casos de zoantropia e
licantropia eram mais raros, se comparados com o enorme contingente de espíritos
em aflição. Mas atualmente observa-se a presença de entidades nessa condição
com mais regularidade nos trabalhos de desobsessão, chamados em nossa casa como
“Trabalho de Caridade”.
Dada a sua dolorosa condição,
muitos desses irmãos sofredores estão sendo levados para planetas inferiores,
pois por enquanto não têm mais condição de reencarnar na Terra nas suas
próximas experiências na carne. O estágio em planetas inferiores dará a eles a
oportunidade de redimir-se usando a sua inteligência em prol do desenvolvimento
das humanidades ali existentes, permitindo que no futuro retornem ao nosso
planeta.
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