segunda-feira, 23 de novembro de 2020

ANTÔNIO LIMA[1]

 


 

Antônio Lima nasceu na então capital do Brasil Império, Rio de Janeiro, no dia 30 de março de 1864. Foi um dos pioneiros do Espiritismo no Rio de Janeiro, não se sabendo exatamente como tomou conhecimento da Doutrina. Em 1904, a Federação Espírita Brasileira (FEB) publicava os livros da Codificação traduzidos por ele, em edição especial comemorativa do primeiro centenário do nascimento de Allan Kardec.

Escritor, jornalista e grande expositor da Doutrina, Lima deixou uma vasta bibliografia espírita e não espírita, além de várias traduções do francês, do inglês e do espanhol. Entre os seus livros, constam: “Belos”, “Flores Fanadas” e “Canto do Cisne” (versos), “Epopeia da Natureza” (episódio lírico), “O Coração de Jesus” (poema evangélico), “A Cruzada Redentora”, composta de três romances: A Caminho do Abismo, Senda de Espinhos e Estrada de Damasco (um encadeamento de vidas sucessivas, valorizando a reencarnação com Justiça Divina), e, ainda, A Sonâmbula e A Vida de Jesus.

Colaborou com toda a imprensa espírita da época, sendo um dos expositores mais solicitados. Possuía a mediunidade intuitiva e dizia que todos os seus livros vieram pelas vias da inspiração; todavia, não identificou o autor ou autores espirituais e, por essa razão, assinou todos os livros.

Era acirrado defensor da pureza doutrinária, e sua palavra era ouvida com respeito e admiração, tanto em temas doutrinários quanto evangélicos. Desde a juventude, fez-se verdadeiro semeador a serviço de Jesus, dando expressiva cota de participação em prol da divulgação do Espiritismo, em várias frentes de trabalho. As cidades de Três Rios, Teófilo Otoni, Astolfo Dutra, Bicas, Juiz de Fora e tantas outras foram testemunhas de sua oratória em inesquecíveis palestras.

Residiu por muitos anos em Belo Horizonte, onde deixou larga folha de serviços prestados à comunidade espírita, inclusive como um dos fundadores e primeiro Presidente da União Espírita Mineira, onde liderou grande campanha a favor do estudo sistematizado das obras de Allan Kardec, estudo este que contou com grande número de inscrições.

O aproveitamento foi bastante promissor e muitos desses aprendizes ingressaram na linha de frente da Doutrina. Dessa forma, Antônio Lima deixou à posteridade uma folha de serviços de grande valia prestados ao Espiritismo, como jornalista, poeta, escritor e em várias outras frentes de trabalho. Uma vida longa e útil em todos os sentidos, especialmente como discípulo do Cristo, na preparação do terreno para o terceiro milênio.

Foi um dos incentivadores do movimento de Unificação preconizado pelo Dr. Bezerra de Menezes quando presidente da Federação Espírita Brasileira. Em 1922, representantes de quase todas as Federações Estaduais reuniram-se no Rio de Janeiro, numa prévia do Pacto Áureo, que só veio a se concretizar em 1949.

Na década de 1940, o extinto jornal “A Vanguarda”, que era de grande tiragem e gozava de muito prestígio no Rio de Janeiro, e mesmo em todo o Brasil, realizou uma série de entrevistas com vultos proeminentes do Espiritismo, sobre o tema “A Influência da Música nos Meios Espíritas”. O confrade Álvaro Brandão da Rocha entrevistou Antônio Lima, que declarou: “Todos nós conhecemos as páginas de Obras Póstumas do mestre de Kardec, na qual Bellini diz que ‘a música do Céu é uma sublimidade em relação à música da Terra’ e acrescenta o inspirado autor de A Sonâmbula ‘que não achamos bela a música terrestre, pois as mais belas vozes ou instrumentos materiais nenhuma ideia podem nos dar da música celestial e sua suave harmonia’”.

Em 1944, o professor Leopoldo Machado, devidamente autorizado pela direção de “A Vanguarda”, publicou um livro intitulado “Um Inquérito Original”, baseado na entrevista de Antônio Lima e em benefício de O Lar de Jesus, obra assistencial para crianças órfãs, em Nova Iguaçu, RJ.

Quase aos 80 anos de idade, tomou a iniciativa de fundar a Sociedade Editora dos Livros de Allan Kardec, cuja sigla era “SEAL”, com a finalidade de baratear o custo dos livros básicos do Espiritismo. Conta um dos seus biógrafos que Antônio Lima foi um verdadeiro autodidata, tendo aprendido a ler sozinho.

Antônio Lima desencarnou em Paraíba do Sul no dia 26 de março de 1946, faltando apenas quatro dias para completar 82 anos de idade. Passava ele uma temporada naquela cidade quando, sozinho num quarto de hotel, retornou à Espiritualidade.

Graças a homens de seu quilate, que enfrentaram toda sorte de hostilidades contra o Espiritismo, tanto da Ciência como das religiões dogmáticas, é que podemos hoje respirar outro clima de respeito e simpatia pela Doutrina dos Espíritos.



[1] LUCENA, Antônio de Souza. Pioneiros de uma Nova Era – Espíritas do Brasil. Rio de Janeiro: CE.

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