Antônio Lima nasceu na então
capital do Brasil Império, Rio de Janeiro, no dia 30 de março de 1864. Foi um
dos pioneiros do Espiritismo no Rio de Janeiro, não se sabendo exatamente como
tomou conhecimento da Doutrina. Em 1904, a Federação Espírita Brasileira (FEB)
publicava os livros da Codificação traduzidos por ele, em edição especial
comemorativa do primeiro centenário do nascimento de Allan Kardec.
Escritor, jornalista e grande
expositor da Doutrina, Lima deixou uma vasta bibliografia espírita e não
espírita, além de várias traduções do francês, do inglês e do espanhol. Entre
os seus livros, constam: “Belos”, “Flores Fanadas” e “Canto do Cisne” (versos),
“Epopeia da Natureza” (episódio lírico), “O Coração de Jesus” (poema
evangélico), “A Cruzada Redentora”, composta de três romances: A Caminho do Abismo, Senda de Espinhos e
Estrada de Damasco (um encadeamento de vidas sucessivas, valorizando a
reencarnação com Justiça Divina), e, ainda, A
Sonâmbula e A Vida de Jesus.
Colaborou com toda a imprensa
espírita da época, sendo um dos expositores mais solicitados. Possuía a
mediunidade intuitiva e dizia que todos os seus livros vieram pelas vias da
inspiração; todavia, não identificou o autor ou autores espirituais e, por essa
razão, assinou todos os livros.
Era acirrado defensor da pureza
doutrinária, e sua palavra era ouvida com respeito e admiração, tanto em temas
doutrinários quanto evangélicos. Desde a juventude, fez-se verdadeiro semeador
a serviço de Jesus, dando expressiva cota de participação em prol da divulgação
do Espiritismo, em várias frentes de trabalho. As cidades de Três Rios, Teófilo
Otoni, Astolfo Dutra, Bicas, Juiz de Fora e tantas outras foram testemunhas de
sua oratória em inesquecíveis palestras.
Residiu por muitos anos em Belo
Horizonte, onde deixou larga folha de serviços prestados à comunidade espírita,
inclusive como um dos fundadores e primeiro Presidente da União Espírita
Mineira, onde liderou grande campanha a favor do estudo sistematizado das obras
de Allan Kardec, estudo este que contou com grande número de inscrições.
O aproveitamento foi bastante
promissor e muitos desses aprendizes ingressaram na linha de frente da
Doutrina. Dessa forma, Antônio Lima deixou à posteridade uma folha de serviços
de grande valia prestados ao Espiritismo, como jornalista, poeta, escritor e em
várias outras frentes de trabalho. Uma vida longa e útil em todos os sentidos,
especialmente como discípulo do Cristo, na preparação do terreno para o
terceiro milênio.
Foi um dos incentivadores do
movimento de Unificação preconizado pelo Dr. Bezerra de Menezes quando
presidente da Federação Espírita Brasileira. Em 1922, representantes de quase
todas as Federações Estaduais reuniram-se no Rio de Janeiro, numa prévia do
Pacto Áureo, que só veio a se concretizar em 1949.
Na década de 1940, o extinto
jornal “A Vanguarda”, que era de grande tiragem e gozava de muito prestígio no
Rio de Janeiro, e mesmo em todo o Brasil, realizou uma série de entrevistas com
vultos proeminentes do Espiritismo, sobre o tema “A Influência da Música nos
Meios Espíritas”. O confrade Álvaro Brandão da Rocha entrevistou Antônio Lima,
que declarou: “Todos nós conhecemos as páginas de Obras Póstumas do mestre de Kardec, na qual Bellini diz que ‘a
música do Céu é uma sublimidade em relação à música da Terra’ e acrescenta o
inspirado autor de A Sonâmbula ‘que não achamos bela a música terrestre, pois
as mais belas vozes ou instrumentos materiais nenhuma ideia podem nos dar da
música celestial e sua suave harmonia’”.
Em 1944, o professor Leopoldo
Machado, devidamente autorizado pela direção de “A Vanguarda”, publicou um
livro intitulado “Um Inquérito Original”, baseado na entrevista de Antônio Lima
e em benefício de O Lar de Jesus, obra assistencial para crianças órfãs, em
Nova Iguaçu, RJ.
Quase aos 80 anos de idade,
tomou a iniciativa de fundar a Sociedade Editora dos Livros de Allan Kardec,
cuja sigla era “SEAL”, com a finalidade de baratear o custo dos livros básicos do
Espiritismo. Conta um dos seus biógrafos que Antônio Lima foi um verdadeiro
autodidata, tendo aprendido a ler sozinho.
Antônio Lima desencarnou em
Paraíba do Sul no dia 26 de março de 1946, faltando apenas quatro dias para
completar 82 anos de idade. Passava ele uma temporada naquela cidade quando,
sozinho num quarto de hotel, retornou à Espiritualidade.
Graças a homens de seu quilate,
que enfrentaram toda sorte de hostilidades contra o Espiritismo, tanto da
Ciência como das religiões dogmáticas, é que podemos hoje respirar outro clima
de respeito e simpatia pela Doutrina dos Espíritos.
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