sexta-feira, 20 de novembro de 2020

ACADEMIA DO ESPÍRITO[1]

 


Por Rogério Coelho

 

Multiplicam-se as academias de ginástica nas quais as criaturas esgotam-se na busca da boa forma física. Sem dúvida, é um esforço louvável! Mais importante, porém, é a verdadeira busca dos valores realmente legítimos e imperecíveis do Espírito. Assim, urge providenciarmos nossa matrícula na Academia do Espírito, a fim de exercitarmo-nos na terapia do refazimento da alma. Dentre os módulos do currículo, destacam-se duas matérias da mais alta importância para o nosso aformoseamento Espiritual: a meditação e a oração.

Segundo apontamentos de Joanna de Ângelis[2]:

A meditação é recurso valioso para uma existência sadia e tranquila.

Através dela o homem adquire o conhecimento de si mesmo, penetrando na sua realidade íntima e descobrindo inexauríveis recursos que nela jazem inexplorados.

Meditar significa reunir os fragmentos da emoção num todo harmonioso que elimina as fobias e as ansiedades, liberando os sentimentos que encarceram o indivíduo, impossibilitando-lhe o avanço para o progresso.

As compressões e excitações do mundo agitado e competitivo, bem como as insatisfações e rebeldias íntimas, geram um campo de conflito na personalidade, que termina por enfermar o indivíduo que se sente desagregado.

 

No revigoramento das disposições otimistas

Algumas instruções singelas são úteis para quem deseje renovar as energias, reoxigenar as células da alma e revigorar as disposições otimistas para a ação do progresso espiritual.

A respiração calma, em ritmo tranquilo, e profundo, é fator preponderante para o exercício da meditação.

Logo após, o relaxamento dos músculos, eliminando os pontos de tensão nos espaços físicos e mentais, mediante a expulsão da ansiedade e da falta de confiança.

Em seguida, manter-se sereno, imóvel quanto possível, fixando a mente em algo belo, superior e dinâmico, qual o ideal de felicidade, além dos limites e das impressões objetivas.

Por esse processo, há uma identificação entre a criatura e o Criador, compreendendo-se, então, quem se é, por que e para que se vive.

Não é momento de interrogações do intelecto, ou da meditação; é de silêncio.

Não se persegue um alvo à frente; antes se harmoniza no todo.

Não se aplicam métodos complexos ou conceitos racionais; porém, se anula a ação do pensamento para sentir, viver e tornar-se luz.

O indivíduo, na sua totalidade, medita, realiza-se, libera-se da matéria, penetrando na faixa do mundo extrafísico.

Os pensamentos e sentimentos, inicialmente, serão parte da meditação, até o momento em que já não lhe seja necessário pensar ou aspirar, mas apenas ser.

Habitua-te à meditação, após as fadigas.

Poucos minutos ao dia, reserva-os à meditação, à paz que renova para outros embates.

Terminado o teu refazimento, ora e agradece a Deus a bênção da vida, permanecendo disposto para a conquista dos degraus de ascensão que deves cavalgar com otimismo e vigor.

Conhece-te a ti mesmo, já enunciava Sócrates quase quatro séculos antes de Jesus, propagando, assim, o conceito do sábio grego Sólon que vira grafado no templo de Delfos na Grécia.

Através dos exercícios de autoconhecimento[3], vamos, pouco a pouco, trazendo à luz potencialidades da alma, que jazem latentes sob a ganga de nossa ignorância; e assim, com nossos próprios recursos vamos estabelecendo um padrão de equilíbrio, segurança e absoluta confiança em nós mesmos, emancipando-nos em definitivo das fobias e ansiedades que pululam à nossa volta.

O melhor de tudo isso será constatar que, quando formos chamados para a Grande Olimpíada, estaremos aptos a subir no pódio da definitiva alforria espiritual, quiçá recebendo uma contratação para nos transferirmos para um Orbe feliz dos muitos que existem na Casa do Pai.



[2] FRANCO, Divaldo Pereira. Alegria de viver. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL, 1987. cap. 16.

______. Autodescobrimento, uma busca interior. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: LEAL, 1995.

[3] KARDEC, Allan. O livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 33º ed. Rio de Janeiro: FEB, 1974. pt. 3, cap. 12, questão 919ª.

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