Jorge Hessen
A absurda morte do
afro-americano George Floyd, de 46 anos, assassinado recentemente durante uma
abordagem violenta de um policial branco nos Estados Unidos, desencadeou uma
onda de protestos antirracistas e acendeu um debate de proporções
internacionais. Do outro lado do mundo o nigeriano Samuel Lawrance, um
engenheiro bem-sucedido que vive em Tóquio há mais de 15 anos, carrega uma
história de quem enfrentou a escola japonesa, a universidade e o preconceito
para conquistar um espaço. Afirma que há um racismo
"passivo-agressivo" na sociedade japonesa[2].
É impressionante que, em pleno
século 21, nos encontremos com pessoas “irracionais” que ainda alimentam seus
preconceitos nos pastos das discriminações raciais. O ponto de partida costuma
ser o estereótipo, segundo a psicologia social, ou seja, uma ideia, conceito ou
modelo que se estabelece como padrão. É cultivado quando uma imagem de
determinadas pessoas, coisas ou situações são preconcebidas, definindo e
limitando pessoas ou grupos de pessoas na sociedade.
A beleza da vida está no fato de
todos sermos iguais em essência e desiguais, em virtudes e filhos de um mesmo
PAI. Compete-nos, pois, abrir o coração e a mente para harmonizar esse mundo
novo de vivências altruístas e alteritárias. Com a Mensagem de Jesus
compreendemos que na Terra há uma só raça: a raça humana.
Caucasianos, africanos,
indianos, árabes, judeus, asiáticos, não são de diferentes raças, são apenas de
diferentes etnias, no esplêndido reino dos seres racionais. Na reencarnação
desaparecem os preconceitos de raças e de castas, pois o mesmo Espírito pode
tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado,
livre ou escravo, homem ou mulher. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da
Natureza, o princípio da fraternidade universal também funda na mesma lei o da
igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade[3].
O Espiritismo é uma doutrina
libertária e não compactua, sob quaisquer pretextos, com nenhuma ideologia que
vise à discriminação étnica entre os grupos sociais. Nos grandes debates de
cunho sociológico, antropológico, filosófico, psicológico etc., o Espiritismo
provocará a maior revolução histórica no pensamento humano, conforme está
inscrito nas questões 798 e 799 de O
Livro dos Espíritos, sobretudo quando a Doutrina dos Espíritos ocupar o
lugar que lhe é devido na cultura e conhecimento humanos, pois seus preceitos
morais advertirão os homens da urgente solidariedade que os há de unir como
irmãos, apontando, por sua vez, que o progresso intelecto-moral na vida de
todos os Espíritos é lei universal e tendo por modelo Jesus, que, ante os olhos
do homem, é o maior modelo da perfeição que um Espírito pode alcançar[4].
[2] Disponível em https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/07/18/como-e-ser-negro-no-japao-pais-onde-98-da-populacao-e-nativa.ghtml acesso em 24/07/20
[3] Kardec, Allan. A
Gênese, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2002, pág. 31
[4] Kardec, Allan. O
Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2003, parte 3ª, q. 798 e
799, cap. VIII item VI - Influência do Espiritismo no Progresso.
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