quinta-feira, 10 de setembro de 2020

OCUPAÇÕES INCESSANTES[1]

 


Miramez

 

As ocupações dos Espíritos são incessantes?

‒ Incessantes, sim, se entendermos que o seu pensamento está sempre em atividade, pois eles vivem pelo pensamento. Mas é necessário não equiparar as ocupações dos Espíritos com as ocupações materiais dos homens. Sua própria atividade é um gozo pela consciência que eles têm de ser úteis.

a ‒ Concebe-se isso para os bons Espíritos; mas acontece o mesmo com os Espíritos inferiores?

‒ Os Espíritos inferiores têm ocupações apropriadas à sua natureza. Confiais ao trabalhador braçal e ao ignorante os trabalhos do homem culto?

Questão 563/O Livro dos Espíritos

 

Os Espíritos puros têm ocupações permanentes no imenso campo de atividades de Deus. É bom que a nossa compreensão atinja as verdades espirituais: podemos considerar a Terra como uma vinha grandiosa, uma oficina de trabalho, em que cada um tem sua ocupação, de acordo com as possibilidades que alcançou. Somente o trabalho nos eleva, quando a nobreza de caráter nos inspira.

Podemos verificar a que ordem pertence um Espírito, pelo trabalho que ele realiza, pelos seus pensamentos e ideias. Quando uma alma nos deseja influenciar para o mal, ela ainda está presa no que pensa e faz. Notemos os grandes vultos da sociedade: eles são exemplo máximo das realizações, e as fazem com alegria. Mesmo que as enfermidades queiram dar um sinal vermelho aos seus nobres ideais, eles não param. Seus pensamentos são cada vez mais purificados pela grandeza de seus corações, para estender a fraternidade cada vez mais, como laços eternos nos corações.

Mesmo os Espíritos inferiores não ficam inertes; eles fazem alguma coisa que a bondade divina determina. Como em uma grande obra no mundo, é necessário o trabalhador, desde o mais humilde servente, até o mais hábil engenheiro, Deus se serve de todos, para que dê formação grandiosa a tudo. Somos filhos nascidos do mesmo Pai amoroso e santo, que não Se esquece, do vírus ao homem, do anjo à corte de ministros que o cerca, irradiando o puro amor.

O Senhor distribui a todos os Seus filhos a mesma cota de vida. A diferença que existe é que nem todos respiram o mesmo alimento, mas, sim, cada um de acordo com a evolução que alcançou.

Notemos o que se encontra em Atos dos apóstolos, dito por Pedro:

 

Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas[2].

 

Ele ama a todos na mesma dimensão de vida, por serem todos Seus filhos. Pelo que se vê na Terra, pode-se notar que a chuva é para todos, caindo em todos os lugares com a mesma substância divina de vida. Os ventos sopram com os mesmos elementos, e o sol não deixa de fazer a mesma coisa. Por aí, raciocinamos sobre as outras coisas em todos os rumos de atividade. As ocupações dos Espíritos são inúmeras, de acordo com o grau a que pertencem.

Quanto mais cresce a alma, mais seu labor purifica. As ferramentas dos Espíritos superiores são seus pensamentos educados e instruídos para a manifestação do Criador. A vontade do Pai é soberana em toda a Sua casa universal. Não há sofrimento nas ocupações dos Espíritos puros. Acontece o contrário: eles sentem gozos nas suas ocupações, prazer indizível que ultrapassa todos os modos de assimilação do raciocínio humano. Somente a intuição apurada no reino do amor pode sentir os gozos celestiais, donde se compreende o valor do trabalho com Jesus.

Aos espíritas cabe entender a mensagem do Evangelho com mais propriedade, pelos canais da mediunidade que cultivam, nas bases do amor e da própria ciência. A Doutrina dos Espíritos, codificada por Allan Kardec, é a volta de Jesus, a anunciar coisas novas que Ele, na época, não poderia dizer. Os espíritas são, por assim dizer, os novos discípulos que devem ouvir a voz do Mais Alto, purificando seus sentimentos, deixando o fardo das preocupações terrenas e o jugo das próprias inferioridades buscando, na verdade, a sua libertação espiritual.

Quando o Espírito alcança determinada posição na escala evolutiva, ele aproveita o tempo de maneira que esse tempo aproveitado com Jesus descarrega suas faltas, não mais pelo sofrimento, mas, amando a tudo e a todos sem distinção, reconhecendo que Deus é amor.



[1] Filosofia Espírita – Volume 12 – João Nunes Maia

[2] (Atos, 10:34)

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