Miramez
As ocupações dos Espíritos são incessantes?
‒ Incessantes, sim,
se entendermos que o seu pensamento está sempre em atividade, pois eles vivem
pelo pensamento. Mas é necessário não equiparar as ocupações dos Espíritos com
as ocupações materiais dos homens. Sua própria atividade é um gozo pela
consciência que eles têm de ser úteis.
a ‒ Concebe-se isso para os bons Espíritos; mas acontece o
mesmo com os Espíritos inferiores?
‒ Os Espíritos
inferiores têm ocupações apropriadas à sua natureza. Confiais ao trabalhador
braçal e ao ignorante os trabalhos do homem culto?
Questão 563/O Livro dos Espíritos
Os Espíritos puros têm ocupações
permanentes no imenso campo de atividades de Deus. É bom que a nossa
compreensão atinja as verdades espirituais: podemos considerar a Terra como uma
vinha grandiosa, uma oficina de trabalho, em que cada um tem sua ocupação, de
acordo com as possibilidades que alcançou. Somente o trabalho nos eleva, quando
a nobreza de caráter nos inspira.
Podemos verificar a que ordem
pertence um Espírito, pelo trabalho que ele realiza, pelos seus pensamentos e
ideias. Quando uma alma nos deseja influenciar para o mal, ela ainda está presa
no que pensa e faz. Notemos os grandes vultos da sociedade: eles são exemplo
máximo das realizações, e as fazem com alegria. Mesmo que as enfermidades
queiram dar um sinal vermelho aos seus nobres ideais, eles não param. Seus
pensamentos são cada vez mais purificados pela grandeza de seus corações, para
estender a fraternidade cada vez mais, como laços eternos nos corações.
Mesmo os Espíritos inferiores
não ficam inertes; eles fazem alguma coisa que a bondade divina determina. Como
em uma grande obra no mundo, é necessário o trabalhador, desde o mais humilde
servente, até o mais hábil engenheiro, Deus se serve de todos, para que dê
formação grandiosa a tudo. Somos filhos nascidos do mesmo Pai amoroso e santo,
que não Se esquece, do vírus ao homem, do anjo à corte de ministros que o
cerca, irradiando o puro amor.
O Senhor distribui a todos os
Seus filhos a mesma cota de vida. A diferença que existe é que nem todos
respiram o mesmo alimento, mas, sim, cada um de acordo com a evolução que
alcançou.
Notemos o que se encontra em
Atos dos apóstolos, dito por Pedro:
Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas[2].
Ele ama a todos na mesma
dimensão de vida, por serem todos Seus filhos. Pelo que se vê na Terra, pode-se
notar que a chuva é para todos, caindo em todos os lugares com a mesma
substância divina de vida. Os ventos sopram com os mesmos elementos, e o sol
não deixa de fazer a mesma coisa. Por aí, raciocinamos sobre as outras coisas
em todos os rumos de atividade. As ocupações dos Espíritos são inúmeras, de
acordo com o grau a que pertencem.
Quanto mais cresce a alma, mais
seu labor purifica. As ferramentas dos Espíritos superiores são seus
pensamentos educados e instruídos para a manifestação do Criador. A vontade do
Pai é soberana em toda a Sua casa universal. Não há sofrimento nas ocupações
dos Espíritos puros. Acontece o contrário: eles sentem gozos nas suas
ocupações, prazer indizível que ultrapassa todos os modos de assimilação do
raciocínio humano. Somente a intuição apurada no reino do amor pode sentir os
gozos celestiais, donde se compreende o valor do trabalho com Jesus.
Aos espíritas cabe entender a
mensagem do Evangelho com mais propriedade, pelos canais da mediunidade que
cultivam, nas bases do amor e da própria ciência. A Doutrina dos Espíritos,
codificada por Allan Kardec, é a volta de Jesus, a anunciar coisas novas que
Ele, na época, não poderia dizer. Os espíritas são, por assim dizer, os novos
discípulos que devem ouvir a voz do Mais Alto, purificando seus sentimentos,
deixando o fardo das preocupações terrenas e o jugo das próprias inferioridades
buscando, na verdade, a sua libertação espiritual.
Quando o Espírito alcança
determinada posição na escala evolutiva, ele aproveita o tempo de maneira que
esse tempo aproveitado com Jesus descarrega suas faltas, não mais pelo
sofrimento, mas, amando a tudo e a todos sem distinção, reconhecendo que Deus é
amor.
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