quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

FELICIDADE RELATIVA[1]



Miramez

A felicidade terrena é relativa à posição de cada um: o que é suficiente para a felicidade de um faz a desgraça de outro. Há, entretanto, uma medida comum de felicidade para todos os homens?
‒ Para a vida material, a posse do necessário; para a vida moral, a consciência pura e a fé no futuro.
Questão 922/O Livro dos Espíritos

Algo de felicidade na Terra existe, como marca da sua existência nos mundos venturosos, todavia, ela tem uma escala que deve ser obedecida nos caminhos humanos. Cada criatura a vê por um prisma e a sente na diversidade que a evolução ou despertamento lhe mostra.
A felicidade, com relação à vida material, são os bens terrenos, onde não falta o necessário.
Em se falando da vida moral, é a tranquilidade da consciência, aquela que não se perturba com os acontecimentos transitórios do mundo exterior.
Se queres sentir a existência da felicidade, deves cultivar a fé, que sempre tem sua base na oração, onde não podem faltar a sinceridade, a honestidade e a caridade.
A humanidade caminha para um desfecho, de modo a surgir sempre o melhor. Deus, pela presença do Cristo na Terra, sabe fazer o aproveitamento de todos os acontecimentos. A própria história nos dá exemplo disso no passado. Tudo forjado pelos homens passa a ser lições para os mesmos, sem que haja perda para ninguém. País algum destrói seu irmão.
A lei de amor nos fala pelos fatos, que colhemos tudo o que plantamos, na sequência da lei de justiça. Não existem países subdesenvolvidos que são massacrados pelos outros de maior capacidade bélica e financeira? Cada um recebe igualmente o que merece na pauta da vida.
Tudo redunda em lições que lhes compete receber, e cada um no mundo tem a sua glória com que deve ser coroado.
Não há perdas; há sempre ganho, por ter Deus onisciência do que fez e do que deverá acontecer. Não há passado, nem presente, nem futuro: o Senhor se encontra no eterno presente. Compete a todos nós estudarmos, trabalharmos e aprendermos, porque a nossa vida é a vida de Deus, irradiando-se em todas as direções.
As nossas vidas se encontram amalgamadas na vida do Todo-Poderoso. Não há condições, por enquanto, de expulsar as trevas da Terra, por existir ainda trevas dentro de cada alma.
Neste sentido, podes estudar o que anotou Marcos:
Então, convocando-os Jesus, lhes disse, por meio de parábolas: Como pode Satanás expelir a Satanás? (Marcos, 3:23)
Se o homem está cheio de trevas, como pode expulsar as trevas do mundo? Primeiramente é preciso limpar o interior para que o exterior se limpe sob as bênçãos do Senhor, Deus Todo-Poderoso. Se falamos de paz, mas não a temos, se falamos de caridade e não a praticamos, se falamos de amor e não vivemos o amor, como pode aparecer entre os homens a paz universal, a tranquilidade de consciência?
A Doutrina dos Espíritos, na feição grandiosa de Jesus na Terra e da Sua volta majestosa, vem ajudando os homens a falar e a viver, a viver e a sentir, a sentir e a ser, a fundir-se como ovelha do rebanho do Pastor Incomparável, ouvir a Sua voz e acompanhá-Lo nos Seus caminhos, buscando a verdade e a vida.
O mundo e a humanidade podem adquirir, em breves tempos, todo o conforto material, de modo a nada lhe faltar em relação à vida física. Mas, ainda falta algo mais importante para sentir: a felicidade, que é a tranquilidade imperturbável da consciência. É o cumprimento da lei de amor, que somente nos dará o ambiente do céu, quando passarmos a viver Deus na nossa intimidade do coração.
A felicidade cresce em cada criatura, com o seu crescimento cristão e na sua pureza original.
Compete a cada um esforçar-se para arrancar o joio no momento exato, e adubar o trigo na hora certa. Aí começam a surgir, na lavoura da alma, novas esperanças quanto às promessas de Jesus, das grandes bem-aventuranças, aparecendo nos céus da alma o céu de Deus.




[1] Filosofia Espírita – Volume 19 – João Nunes Maia

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