Francisco Ortolan
Temos vivido momentos difíceis,
momentos de aflição, desistência, desilusão, insatisfação com tudo e com todos.
O que fazer para aceitar a si mesmo, aprendendo a gostar do que é, do que tem e
do que faz? Perguntas que, geralmente, ficam sem respostas por não nos
conhecermos. Lembrando Sócrates (450 anos a.C.), quando disse: “Conhece-te a ti
mesmo”, e em seguida Jesus: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
De que verdade ele estava falando senão sobre nós mesmos?
Inicialmente, teremos que
compreender o que realmente está acontecendo conosco, para então, a partir daí
começar a fazer o caminho de volta. Ermance Dufaux define a depressão assim:
“Condição mental da alma que começa a resgatar o encontro com a verdade sobre
si mesma depois de milênios nos labirintos da ilusão”.
Considerada a doença da alma, a
depressão é a “doença-prisão”, que caça a liberdade da criatura rebelde,
viciada em ter seus caprichos atendidos. Parece um pouco cruel essas palavras,
mas se olharmos para trás veremos quão rebelde somos diante daqueles que são ou
pensam diferente de nós.
Somos espíritos milenares, e
assim sendo, acumulamos o vício do prazer sem limites e hoje temos dificuldades
em aceitar as frustrações do ato de viver. Enfim, depressão é a reação da alma
que não aceitou sua realidade pessoal como ela é, por não se aceitar como é, o
que tem e o que faz. Se observarem com mais afinco, veremos que o depressivo
tem baixa autoestima, ausência de prazer e redução na alegria de viver.
Relacionarei alguns itens
consequentes da depressão, e convido a fazer uma introspecção questionando-se:
1 – A insegurança obsessiva;
2 – A ansiedade inexplicável;
3 – A solidão em grupo;
4 – A aterrorizante sensação de abandono;
5 – Sentir-se inútil;
6 – O desencanto com os amigos;
7 – A indisposição de conviver com os diferentes;
8 – A insatisfação com o corpo;
9 – O apego aos fatos passados;
10 – A inveja do sucesso alheio;
11 – A desistência de ser feliz;
12 – Fixação dos pontos de vista;
13 – O medo do futuro.
Enfim, são intermináveis os
estados emocionais que a depressão causa. E o medo de ser rejeitado e a
necessidade de controlar a vida confirmam nosso desajuste diante dessa
existência. Ora somos escravos das lembranças do passado, ora temos medo do
futuro.
Aí você me pergunta: Como se
libertar de tudo isso? A solução está dentro de nós. Nossa libertação está em
deixar de desejar para fazer o que se deve. A maioria de nós procura preencher
o “vazio”, mas isso vem acompanhado de arrependimento e culpa. Jung chamou isso
de processo de individuação.
A terapia de Gestalt criada pelo
Dr. Frederick Perls, aparentemente, parece um pouco cruel e individualista, mas
extremamente necessária para nossa “cura”. Ele diz assim:
Eu faço as minhas
vontades e você faz as suas. Eu não estou neste mundo para viver de acordo com
as suas expectativas, e você não está neste mundo para viver de acordo com as
minhas. Eu sou eu e você é você. Se um dia nos encontrarmos, vai ser lindo! Se
não, nada há de se fazer.
Devido nossa carência e a
necessidade de aprovação, queremos agradar o outro sem se preocupar conosco, e
aí que causa o conflito. Bastaria lembrar do Cristo quando nos chama de
hipócritas: “Primeiro tira a trave do seu olho, para depois tirar o argueiro do
olho de vosso irmão”. Querendo dizer que primeiro precisamos olhar para nós. Se
eu me perdoar, aprendo a perdoar o outro; se eu me aceitar, aceito o outro e se
eu admitir que erro, fica mais fácil de aceitar o erro do outro. Isso chama-se
alteridade.
Quando aprendermos a manter uma
relação de amor e perdão para conosco, aumentaremos nossa autoestima e
superaremos essa dor que tanto assola a humanidade.
Fonte: Agenda Espírita Brasil
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