quinta-feira, 29 de agosto de 2019

O SIGNIFICADO DOS SONHOS[1]



Miramez

Que pensar da significação atribuída aos sonhos?
‒ Os sonhos não são verdadeiros, como entendem os ledores da sorte, pelo que é absurdo admitir que sonhar com uma coisa anuncia outra. Eles são verdadeiros no sentido de apresentarem imagens reais para o Espírito, mas que, frequentemente, não têm relação com o que se passa na vida corpórea. Muitas vezes ainda, como já dissemos, é uma recordação.
Podem ser, enfim, algumas vezes, um pressentimento do futuro, se Deus o permite, ou a visão do que se passa no momento em outro lugar, a que a alma se transporta. Não tendes numerosos exemplos de pessoas que aparecem em sonhos para advertir parentes e amigos do que lhes está acontecendo? O que são essas aparições, senão a alma ou o Espírito dessas pessoas que se comunicam com a vossa? Quando adquiris a certeza de que aquilo que vistes realmente aconteceu, não é isso uma prova de que a imaginação nada tem com o fato, sobretudo se o ocorrido absolutamente não estava no vosso pensamento durante a vigília?
0404/Livro dos Espíritos

Que se deve pensar sobre os sonhos? Muita coisa tem relação com os sonhos, que nada mais é que o Espírito se libertar um pouco da prisão corpórea e ver, ouvir, e sentir a vida espiritual.
As interpretações descabidas, dos sonhos e visões devem ficar no esquecimento, porque somente a verdade ficará de pé.
Os sonhos nada mais são, já o dissemos, que a vivência do Espírito em parcial liberdade, no descanso do fardo físico. Ele passeia e aprende na grande escola espiritual; recolhe aqui e ali lições valiosas, de modo que a sua vida vai mudando e seu conceito em relação ao bem e o mal passa a se modificar. Sendo que ninguém regride, avançamos, pois, em cada período que dormimos, tanto no plano espiritual quanto no plano físico.
Interpretar os sonhos tal como eles se apresentam, é incorrer em erro, pois as suas variações são diversas no cômputo das ocorrências. Está chegando a hora dos sonhos se aperfeiçoarem, e passarem a ser a realidade sem interpretações, porque a luz já se fará no seu próprio decorrer.
Por enquanto, a Doutrina dos Espíritos tem maior capacidade de revelar o desconhecido para a humanidade, porque não se baseia no interesse individual e material. Vejamos a vida dos verdadeiros santos e profetas, na sua lucidez cristã: os seus primeiros passos foram no desprendimento, renunciando aos bens terrenos. O resto fica mais fácil para ser dominado.
Compreende-se que a vida feliz é aquela onde o coração não fica preso às coisas passageiras, limitando-se o seu uso ao necessário nos caminhos da vida.
Mesmo o Espírito mais livre pelo sonho, no mundo espiritual, nem sempre se encontra frente a frente com o acontecido; a alma pode estar vendo e mesmo ouvindo coisas, tendo uma visão à distância. É por isso que o sonho é bastante engenhoso para ser desvendado. Mesmo quando se encontra uma imaginação fértil, ela pode ser intuição da realidade, lembranças no silêncio da consciência de sonhos que tivera... O nada não existe em parte alguma; existem sempre sinais da verdade em tudo o que se passa conosco. Compreende-se que a vida esplende dentro e fora de nós, mas nunca fora de Deus.
Pensemos nos sonhos e busquemos sua perfeição; há várias modalidades de elevação dos sonhos, que com o tempo se poderá descobrir. Sonhos e visões, na urdidura dos homens que desconhecem a verdade, servem para o comércio ilícito, e podem desorientar muitas criaturas, que extorquem o salário do pobre para iludi-lo, plantam ventos e colhem tempestades que os fazem sofrer, mais tarde, as mesmas carências do que fazem carecer.
Existe também a mediunidade em função nos sonhos; essa capacidade mediúnica pode muito fazer. Para o bem da humanidade: visitar e curar enfermos, consolar e amparar os tristes, levantar caídos, e mesmo trabalhar para retirar das trevas irmãos prontos para entender e começar a aprender as primeiras lições de servir.
Que Jesus abençoe todos nós, em todos os sentidos dos sonhos e visões, para que a luz se acenda em nossos corações, fonte de amor, para que a caridade seja um todo em nossos corações.




[1] Filosofia Espírita – Volume 8 – João Nunes Maia

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