Nascido na cidade de Icó, Estado
do Ceará, aos 10 de dezembro de 1874, era filho do professor Tomás Antônio de
Carvalho e de D. Josefa Viana de Carvalho.
Como espírita foi dos mais
animosos. O seu nome representou verdadeira bandeira no campo da disseminação
do Espiritismo. O que ele fez, em vários anos de luta e de atividades intensíssimas,
é algo que ainda não se pode colocar em dados estatísticos, tal o gigantismo da
tarefa por ele desenvolvida em todo o país. A sua palavra era atraente e
arrebatadora, conseguindo, entre os espíritas uma penetração inusitada e
inconfundível. Como conferencista era dos mais requisitados; como polemista, um
dos mais salientes. Seu verbo inspirado, sua voz harmoniosa, sua animação,
assumiam, às vezes, tonalidades e aspectos impressionantes. Foi na realidade um
mágico da palavra, esteta do sentimento. Viana de Carvalho fez os primeiros estudos
de Humanidades no Liceu de Fortaleza. Posteriormente, em 1891, matriculou- se
na extinta Escola Militar do Ceará, onde mereceu classificação de destaque pelo
seu comportamento e merecimentos intelectuais.
Embora desde 1891 tivesse dado
início à sua gigantesca tarefa de divulgação do Espiritismo, ela somente tomou
vulto após ter se matriculado no curso superior da antiga Escola Militar da
Praia Vermelha, em 11 de fevereiro de 1895. Nessa época funcionava em uma casa
no centro da cidade. Em 1898 publicou a sua primeira produção literária
"Facetas", contos e fantasias.
Em seguida publicou
"Coloridos e Modulações". Nesse mesmo ano foi transferido para o Rio
de Janeiro, onde recomeçou as preleções no Centro da União Espírita e em outros
grupos, participando de um congresso e encetando numerosas viagens ao interior
do Estado do Rio de Janeiro. Transferido para Cuiabá, Mato Grosso, ali fundou o
Centro Espírita Cuiabano. Em 1907, regressou ao Rio de Janeiro a fim de
matricular- se no curso de engenharia da Escola do Realengo, tornando- se o
orador oficial da Federação Espírita Brasileira, realizando ainda viagens aos
Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo. Foi ainda colaborador
assíduo da revista "Reformador".
Após concluir o curso de
engenharia militar, rumou para Fortaleza, Estado do Ceará, em abril de 1910.
Ali iniciou uma série de conferências espíritas na Loja Maçônica e, no dia 10
de junho, fundou o Centro Espírita Cearense. Não satisfeito com as atividades
desenvolvidas, criou ainda os jornais "Combate" e "Lábaro",
o primeiro destinado a contestar os argumentos do clero católico, que nessa
época desencadeava uma campanha difamatória contra o Espiritismo, por meio do
órgão "Cruzeiro do Sul"; a segunda publicação destinada a difundir o
Espiritismo. Por meio dos jornais "O Unitário", "A
República" e "Jornal do Ceará", manteve vivas polêmicas, refutando
argumentos infundados sobre o Espiritismo. Suas atividades em Fortaleza
perduraram até novembro de 1911, quando, por imposição do serviço militar foi
transferido para Curitiba, no Paraná, onde sustentou o mesmo nível de
atividades, publicando artigos diários no "Diário da Manhã".
De volta ao Rio de Janeiro, em
1912, deu início a um persistente trabalho de unificação dos grupos espíritas,
do qual resultou a fundação posterior da "União Espírita Suburbana",
sob a presidência de Manuel Fernandes Figueira. Em princípios de 1913, foi
servir em Maceió, onde proferiu numerosas conferências e encetou verdadeira
jornada no sentido de reorganizar os grupos espíritas dispersos ou com falta de
orientação. Pouco depois era transferido para Recife, Pernambuco, onde deu
prosseguimento à sua tarefa de divulgação, publicando numerosos trabalhos,
fazendo conferências e mantendo polêmicas que abalaram os meios religiosos da cidade.
Regressando ao Rio de Janeiro,
Viana de Carvalho retomou a pregação da Doutrina Espírita nos subúrbios, o que
fez de 1914 a 1916, quando foi transferido para Santa Maria da Boca do Monte,
no Estado do Rio Grande do Sul. Ali também teve a oportunidade de reorganizar e
fundar vários grupos espíritas e de realizar conferências que foram publicadas
no "Diário do Interior", e posteriormente em outros órgãos da
imprensa gaúcha. Em 1917, de novo no Rio de Janeiro, ali desenvolveu intensa
campanha contra as fraudes e trapaças dos pseudosespíritas. No ano seguinte
voltou para Santa Maria da Boca do Monte, em comissão do Governo Federal, junto
à 9ª Brigada de Infantaria, desenvolvendo durante quinze meses intensa difusão do
Espiritismo.
Em 1919, novamente em Maceió,
foi surpreendido com as atividades dos detratores do Espiritismo, os quais
tentaram proibir-lhe as palestras e até mesmo expulsá-lo. Sem esmorecimentos
travou intensos debates pela imprensa e pela tribuna, sustentando acirradas polêmicas,
tendo, nessa altura, os seus opositores pleiteado, no Rio de Janeiro, a sua transferência,
tendo ele sido removido para o Estado do Paraná, em meados desse mesmo ano.
Em Curitiba realizou
conferências no Teatro Alemão, na sede da Federação Espírita do Paraná e em
outras instituições.
Por meio do "Diário da
Tarde" publicou uma série de artigos doutrinários que tiveram muita
penetração. Da capital paranaense veio para S. Paulo, onde proferiu várias
palestras, muitas delas com o comparecimento de mais de mil pessoas. Em 1920
voltou novamente ao Rio de Janeiro, de onde partia para proferir conferências
em cidades vizinhas. Em 1923, seguiu para Recife, reorganizando os Centros
Espíritas ali existentes, mantendo novas polêmicas com detratores do
Espiritismo. Posteriormente rumou para o Ceará e daí para Sergipe, onde fora designado
para o comando do 28º B.C., em 1924.
Nesse Estado as suas atividades
também foram amplas. Em 1926, adoeceu gravemente, ficando decidido o seu
recolhimento ao Hospital de S. Sebastião, em Salvador. Suas forças estavam
periclitantes. Conduzido ao navio "Íris", por colegas oficiais e
soldados, não conseguiu entretanto chegar ao destino. Desencarnou a bordo do
navio "Íris", sendo o seu corpo sepultado na Bahia, aparentemente em
Salvador. Era o dia 13 de outubro de 1926. Numa época quando a divulgação da
Doutrina Espírita ensaiava os seus primeiros passos e encontrava pela frente a
mais obstinada oposição, o Major Dr. Manuel Vianna de Carvalho, com pulso firme
e animado do mais vivo idealismo, desbravava o terreno para nele lançar a
semente generosa da propaganda.
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