quinta-feira, 7 de março de 2019

ESCÂNDALO[1]





O mal parece, algumas vezes, consequente das circunstâncias. Tal é, por exemplo, em certos casos, a necessidade de destruição, até mesmo do nosso semelhante. Pode-se dizer, então, que há infração à lei de Deus?
O mal não é menos mal por ser necessário; mas essa necessidade desaparece à medida que a alma se depura, passando de uma a outra existência; então o homem se torna mais culpável quando o comete, porque melhor o compreende.
Questão 638/Livro dos Espíritos

O que chamamos de mal, por vezes é necessário, conforme a evolução da alma. Isso constitui processo de despertamento do Espírito. Somente depois que o Espírito atinge determinado grau de evolução espiritual, não é mais necessário o escândalo. É bom que anotemos o que disse Jesus:
Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo. (Mateus, 18:7)
O Livro dos Espíritos fala o mesmo que o Evangelho, por ser a sua continuação, falando as mesmas verdades espirituais. O escândalo é necessário, no entanto, ai do homem que escandalizar. Há certas circunstâncias na vida em que a alma se sente obrigada a agir mal, entretanto, ela recebe a correspondência do referido erro, para aprender a respeitar a lei.
O verdadeiro erro se encontra no mal, que desfaz a fraternidade e faz esquecer o amor; que não conhece a caridade, e muito menos o perdão. Disse O Livro dos Espíritos: “Embora necessário, o mal não deixa de ser o mal”.
O Espiritismo, codificado pelo ilustre professor Allan Kardec, junto ao qual muitos Espíritos puros trabalharam, vem, pela força do amor de Jesus, nos ajudar a não precisarmos mais de escandalizar. Essa necessidade desaparece à medida que o Espírito vai se depurando, porque "o amor cobre a multidão dos pecados", disse o apóstolo Pedro. Cobre porque instrui e educa, traz ao homem, ou mesmo ao Espírito desencarnado, a luz do entendimento. A alegria nele é constante, por se alegrar pelo amor, e perdoa por amor aos seus semelhantes.
Quem dota as almas dessa pureza, são os processos da reencarnação. É, pois, de corpo a corpo, de passo a passo na senda da vida e nas vidas sucessivas, que o Espírito se sente livre de todo mal. A grande cooperação da Doutrina dos Espíritos é nos ensinar a fazer e sentir a caridade, força poderosa que vibra e liberta as criaturas em todos os mundos.
Se tu sentes necessidade de escandalizar, tem cuidado, que o teu mundo interno não vai bem.
Usa o recurso da oração e da vigilância, para não caíres em novas tentações, porque o fruto do mal é a desarmonia de todos os sentimentos. Compete a cada um policiar-se a si mesmo, estudar a natureza e buscar em Cristo todo o socorro para manifestação do bem universal em nossos caminhos.
O Espírito foi criado, tornamos a repetir, simples e ignorante, e para que ele desperte, ou comece a despertar suas qualidades que dormem na consciência, necessário se faz que a princípio ele conheça o mal. É pelas consequências do mal, que o bem surge com todo o seu fulgor. Para conhecer um homem de bem, verifica se a sua vida é um bem contínuo, se esse homem ama dentro da universalidade das coisas, se esse homem perdoa, sem condições estipuladas.
Tudo no mundo se encontra dirigido pela justiça, que é o mesmo amor e a mesma harmonia universal. Se já conheces o Evangelho, e se já te esforças para vivê-lo, não compensa dares escândalos, por ser a sua corrigenda dolorosa.




[1] Filosofia Espírita – Volume 13 – João Nunes Maia

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