sábado, 8 de setembro de 2018

A BENÇÃO DO PERDÃO[1]



Uma nuvem de tristeza pesava sobre a alma daquela mãe sofrida.
O seu jovem filho, criado com amor e desvelo, fora assassinado por um amigo dominado pelas drogas.
O desespero e a amargura eram suas companhias permanentes.
Os olhos fundos e a palidez denunciavam as noites de insônia e a falta de alimentação.
Uma amiga a convidou, talvez inspirada pela providência divina, a buscar ajuda do médium espírita, de profunda dedicação ao bem, Divaldo Franco.
Era início da noite na cidade de Salvador, Bahia, quando as duas senhoras adentraram a casa espírita, onde Divaldo atende aqueles que o procuram em busca de consolo e esperança.
Ele atendeu aquela mãe, com grande ternura.
A senhora lhe narrou o drama ocorrido, dizendo que um amigo do filho o havia alvejado por motivos banais, de ligeiro desentendimento entre ambos.
Enquanto ela contava o acontecido, aproximou-se do médium a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis, trazendo o espírito do jovem assassinado e disse ao médium para transmitir à mãe sofrida, algumas palavras do filho.
Então, tomando emprestada a aparelhagem fonadora de Divaldo, ele dirigiu palavras de conforto para sua querida mãe.
Recomendou-lhe que não cometesse suicídio, como estava pretendendo, pois isso a afastaria ainda mais dele, e por mais tempo.
Pediu que ela se lembrasse da mãe do amigo que cometera o homicídio e agora estava detido pela justiça humana, numa cadeia, entre criminosos comuns.
Aquela mãe, sim, era muito infeliz, pois seu filho era o verdadeiro desgraçado e não ele, que estava sob o amparo de amigos espirituais atenciosos. Ao ouvir aquela voz inconfundível, a mulher abraçou o médium, por cuja boca pudera ouvir as palavras amáveis e lúcidas do filho, que julgava ter desaparecido para sempre.
Sob a inspiração da benfeitora espiritual, Divaldo aconselhou aquela mãe a considerar o estado de alma da outra mãe, a do assassino, e pensar na possibilidade do perdão.
Na semana seguinte, o médium baiano viu adentrarem a sala duas senhoras, pálidas e de aspecto sofrido.
Uma ele já conhecia, a outra lhe era estranha.
Quando chegou a vez de atendê-las, a mulher, que estivera ali na semana anterior, lhe apresentou a companheira, dizendo ser a mãe do amigo do seu filho.
O médium entendeu que ela havia seguido os conselhos recebidos e buscava ajudar aquela mãe mais infeliz do que ela própria.
Conversaram por longo tempo.
Ao se despedir de ambas, Divaldo percebeu que um raio de luz penetrava suavemente aquelas almas doloridas.
A luz do perdão se fazia bênção de paz e gerava serena harmonia naqueles corações dilacerados pela dor da separação dos filhos bem-amados, embora por motivos diversos.
Na medida em que o tempo foi passando, as duas encontraram motivos para voltar a sorrir, e juntas visitavam o jovem no cárcere.
Mais tarde, fundaram uma casa de recuperação de toxicômanos para ajudar outros tantos jovens a se libertar das cadeias infelizes das drogas.
O perdão é uma das mais belas provas de confiança nas soberanas leis de Deus.
Perdoar é receber com resignação os fatos que não podemos evitar ou mudar, com a certeza de que a justiça divina não se equivoca e nada nos acontece se as leis de Deus, às quais todos nos encontramos submetidos, não o permitirem.




[1] Redação do Momento Espírita, com base em fato narrado por Divaldo Pereira Franco, na cidade de Videira-SC, no dia 22.09.2003.

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