Orson Peter Carrara
Diante de crimes hediondos,
suicídios ou tragédias provocadas como atentados e sequestros dramáticos, e
mesmo a insensibilidade reinante no governo diante da realidade brasileira, a
perplexidade domina os círculos da sociedade humana.
É importante, de início, já
informar: ninguém nasceu predestinado a matar (não se mata apenas com armas) ou
a matar-se. Matar ou matar-se são resultantes da liberdade de agir. Estamos
todos destinados ao progresso, e o desajuste das emoções e do equilíbrio é o
grande responsável por tais tragédias. Estamos, absolutamente, convidados à
harmonia na convivência e à solidariedade nas iniciativas. Da mesma forma, o
dever dos que estão investidos de poder é usar a política em sua devida
finalidade: gerir o tesouro nacional em favor da coletividade do país. A
corrupção em todos os níveis, igualmente, é um atentado à vida.
Referida liberdade de decisão –
seja no caso dos crimes em geral ou mesmo numa gestão de poder –, no entanto,
sujeita-nos às reparações que virão a seu tempo. Isso por uma razão muito
simples: somos responsáveis pelo que fazemos. A vida e suas leis determinam
essa responsabilidade intransferível, deixando bem claro que toda lesão que
causamos a nós mesmos ou a terceiros, teremos que reparar. Não é castigo, mas
apenas consequência. Isso vale tanto nesses dramas que envolvem famílias como
na administração de valores que envolvem toda a sociedade
E as vítimas? Como ficam essas
pessoas? Por que sofrem atentados e se tornam vítimas de crimes passionais e etc.?
E uma nação enfrentando o mal uso do poder, com a corrupção reinante? Podemos
acrescentar outras questões: Por que Deus permite? Por que uns se livram,
inesperadamente, de determinados perigos, enquanto outros deles são vítimas?
Por que ocorrem com uns e com outros não? Qual o critério para todas essas
situações? E também, claro, por que os abusos do poder ou a insensibilidade
gerada pelo egoísmo e pelo império do materialismo?
Apesar da dor e sofrimentos
decorrentes e da não justificativa – sob qualquer pretexto – de gestos que
violentem a vida, as chamadas vítimas enquadram-se em quadros de aprendizados
necessários ou de reparações conscienciais perante si mesmos, envolvendo, é
claro, os próprios familiares. Raciocínio também cabível nos aprendizados de
uma nação, como é o nosso caso, onde ainda negociamos os votos ou somos
seduzidos por interesses que violentam os reais objetivos da pátria.
Por outro lado, os autores –
apesar de equivocados e cruéis – são dignos de piedade, uma vez que enfermos.
Quem agride está doente, desequilibrado na emoção e necessitado de auxílio,
compreensão, tolerância, e mais ainda, de perdão. Inclusive na indiferença ou
omissão do cargo investido, acrescente-se.
Cristãos que nos consideramos,
sem importar a denominação religiosa que adotamos, a postura solicitada em
momentos difíceis como o agora enfrentando pela mentalidade brasileira, é de
compaixão para com agressores e vítimas. Todos são dignos da misericórdia que
norteia o Amor ao próximo. A situação de quem agride é muito pior de que quem é
agredido. O agredido (não se restrinja aqui a nomenclatura à agressão física)
já se liberta de pendências que aguardavam o momento difícil ou faz importantes
aprendizados; o agressor, por sua vez, abre períodos longos, no futuro, de
arrependimentos e reparações que lhe custarão dores e sofrimentos. Nada
justifica a crueldade, mesmo que seja por indiferença ou omissão. Sua ocorrência
coloca à mostra nossas carências e enfermidades morais expostas, demonstrando a
necessidade do quanto ainda precisamos fazer uns pelos outros. Não podemos
julgar.
Não temos competência para isso.
O histórico divulgado pela mídia já demonstra por si só as carências expostas,
dentre tantos outros fatos lamentáveis. Mas há a bagagem que não vemos.
O momento é de vibrações e
preces para que todos tenhamos equilíbrio. Todos somos filhos de Deus!
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