Joanna de Ângelis
Nada mais pungente e doloroso do
que contemplar-se um corpo sem vida, distendido à nossa frente, em silêncio
perturbador.
Aqueles olhos que brilhavam e
transmitiam expressões variadas, os lábios que enunciavam palavras, os braços
operosos e os movimentos com calor irradiante estão agora paralisados pela
terrível constrição da morte.
O enigmático fenômeno que
interrompeu a existência orgânica terminou por triunfar sobre a vida gloriosa,
rica de bênçãos e encantamentos, de pensamentos grandiosos que modificaram a
estrutura do planeta e facultaram conquistas dantes jamais imaginadas.
Agora se apresentam inermes, em
processo de decomposição, e logo mais terríveis modificações substituirão o
antigo sorriso, a beleza, a vivacidade e o encantamento existenciais.
Essa fatalidade de aparência
destruidora tem sido a razão de estudos e dramas que esfacelam sentimentos e
civilizações.
No entanto, constitui um dos
mais belos capítulos existenciais, em razão do seu significado profundo e nem
sempre compreendido.
É natural que tudo que nasça
morra, vibrando durante um ciclo de energia a que denominamos como existência.
Não fosse assim, o caráter que
se lhe desse de indestrutibilidade constituiria inimaginável desar, em razão da
própria transitoriedade do mundo físico.
Se, de um lado, a dor da saudade
é quase insuportável, a permanência de uma doença irreversível por todo o
sempre constituiria uma desgraça imensurável.
O envelhecimento natural com a
perda das faculdades que constituem os períodos iniciais se transformaria numa
carga impossível de ser suportada. A superpopulação dos incapacitados para
viver terminaria em tentativas alucinadas de destruição coletiva e desvarios de
todo porte.
Impensável essa hipótese absurda
de vida.
Desse modo, o fenômeno da morte
merece mais acuradas reflexões, proporcionando estabilidade emocional e
compreensão mental, especialmente se for considerada a realidade da existência
do Espírito, que sobrevive ao processo celular depois da atividade que lhe diz
respeito na experiência material.
*
Ninguém morre, porque todas as
transformações fazem parte do projeto da evolução eterna.
O ser humano, de forma alguma, é
o corpo de que se utiliza.
Criado por Deus simples e
ignorante, o Espírito evolve por etapas até alcançar a plenitude a que se
encontra destinado.
Tudo quanto existe permanece em
movimento de transformações, do grosseiro para o sutil em incessantes
modificações.
O Espírito possui a essência da
vida e se desenvolve através de experiências que o faz alcançar os mais
elevados patamares da angelitude.
Em razão disso, é importante o
processo de crescimento moral e intelectual durante a vilegiatura orgânica.
Desde o momento quando adquire a
razão, o conhecimento, as emoções, torna-se responsável pelas futuras
experiências a que será submetido, passando pelas vicissitudes ou aquisições
nobres de que se fez responsável.
As Divinas Leis estabelecem os
códigos de evolução, e cada qual assume a responsabilidade de atendê-las.
Mediante o entendimento dessas
ocorrências, torna-se fácil e ditoso o esforço de autoiluminação, que constitui
a meta a que cada qual está submetido.
Sob esse aspecto, a reflexão em
torno da existência física e da sua temporalidade prepara o Espírito para o
momento inevitável da desencarnação.
Cada qual desencarna conforme
experienciou a existência, prosseguindo de acordo com os hábitos que foram
cultivados no corpo físico.
Somente a matéria se transforma,
cedendo lugar a novas experiências evolutivas no processo de crescimento para
Deus.
Em todas as épocas da Humanidade
a Vida ofereceu informações sobre a imortalidade do ser, nos variados cultos e
através dos missionários do bem, que se encarregaram de anunciar a perenidade
do existir.
Dentre todos, Jesus foi quem
melhor demonstrou essa realidade, voltando do túmulo para confortar os amigos
que ficaram na retaguarda, assim confirmando os seus enunciados.
Vive, portanto, com a certeza da
tua indestrutibilidade, laborando com alegria e vencendo, etapa a etapa, os
desafios existenciais.
A morte não interromperá os teus
projetos, que continuarão após o decesso celular.
Vive com a tranquila segurança
de que continuarás conforme os padrões da tua evolução.
*
Diante da morte de um ser
querido, permanece confiante no Amor de Deus.
Não deplores, portanto, aqueles
seres amados que a morte arrebatou dos teus sentidos físicos, porque eles
continuam estuantes de vida, esperando por ti, ajudando-te ou não conforme as
possibilidades que os caracterizam.
Acarinha as emoções da saudade,
ternura e gratidão, lembrando-te de Jesus retornando da morte em ressurreição
luminosa para demonstrar-nos com o Seu exemplo a grandeza do Amor do Pai
Celestial.
Aguarda a oportunidade de
comunicar-te com o ser amado, fazendo todo o bem que te esteja ao alcance e, em
sua memória, ama a tudo e a todos, tornando-te digno do reencontro feliz.
[1] Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na tarde de
1º.9.2017, no Rio de Janeiro.
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