sexta-feira, 17 de novembro de 2017

Razão e Sentimento[1]



Cairbar Schutel
 

Tomemos razão como sinônimo de raciocínio, discernimento; e sentimento como sinônimo de sensibilidade. Todos os seres humanos sentem e raciocinam. Assim fazendo, percebem o mundo ao seu redor e pautam suas condutas, fixam objetivos, perseguem ideais, tomam decisões, caminham para onde querem, seguindo o seu livre-arbítrio.
Alguns dizem, com equívoco tanto natural quanto aparente, que o sentimento afeta a razão: quem sente em demasia qualquer coisa, não mais consegue discernir entre o bom e o mau, entre o certo e o errado.
Outros, no mesmo prisma, atestam que vivem da sua razão, inferiorizando o seu sentimento; alegam prescindir da sensibilidade em homenagem ao raciocínio.
Como se fosse possível, de fato, separá-los de tão singela forma... Erro estrutural profundo.
É da constituição do ser fazê-los ambos: sentir e raciocinar.
Estabelecidas as verdadeiras premissas de que razão e sentimento são igualmente importantes ao espírito, não há por que não garantir o equilíbrio entre ambos.
A sensibilidade não deve ultrapassar determinados limites que possam causar interferência nociva na capacidade de discernimento do indivíduo. Nem a sua razão deve extrair do íntimo a condição de sensível ao mundo exterior.
Ambos merecem conviver harmoniosamente. A razão controla os abusos emocionais. O sentimento amansa o rigorismo do racional.
Interagindo e não se excluindo, tais dons do espírito aumentam as chances de elevação da força de vontade do homem no campo da reforma íntima.
Ter capacidade de sentir e raciocinar não significa automaticamente deter as melhores e mais positivas experimentações, nem tampouco a garantia de tomar as mais acertadas decisões sempre. Visto estar em constante evolução, peregrina o ser humano pelo certo e pelo errado, muda do bom para o mau num ligeiro átimo, aprende a viver e como viver melhor enquanto vai se desenvolvendo, amadurecendo.
Equilibrar razão e sentimento não quer dizer torná-los infalíveis diante do que é genuinamente cristão. Significa, tão somente, garantir um melhor ambiente para a pessoa progredir. Quando ambos respeitam-se reciprocamente, os sentimentos do âmago e as deliberações da razão, têm os encarnados maiores possibilidades de se conduzirem para o caminho correto.
Concluindo: a força de vontade de cada um decorre da sua razão e do seu sentimento. Quanto mais harmônicos e equilibrados estes últimos, maior possibilidade de consolidar aquela.




[1] Fundamentos da Reforma Íntima - Abel Glaser/ Cairbar Schutel (Espírito)

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