Elton Rodrigues - 14/03/2017
O Livro dos Espíritos, questão 28
Desde tempos primevos[2], o
homem procura entender o espaço que habita e os fenômenos que o circundam.
Assim, procura alcançar o conhecimento total sobre todas as coisas. Após ter
visto um momento de esplendor na Grécia Antiga, tendo como nome principal Aristóteles, a Física entrou em
declínio na Idade Média, tendo revivido apenas durante o Renascimento, durante
a Revolução Científica. Galileu Galilei
é considerado o primeiro Físico em seu sentido moderno, adotando a Matemática
como ferramenta principal. É, também, um dos pioneiros a descrever o real
objetivo de um cientista: sua função é apenas descrever os fenômenos em vez de
tentar explicá-los.
Já dotada de um método
científico, a Física teve uma notável evolução com Isaac Newton, que realizou a primeira grande unificação ao
consorciar Céus e Terra sob as mesmas leis da Física: a Gravitação Universal. Nos séculos XVIII e XIX surgiram os
fundamentos da termodinâmica e do eletromagnetismo, destacando-se Clausius, Joule e Michael Faraday.
James Clerk Maxwell realizou outra
grande unificação da Física ao fundir eletricidade e magnetismo sob as mesmas
descrições matemáticas, sendo que toda a óptica pode ser derivada da teoria
eletromagnética de Maxwell. No final
do século XIX, pensava-se que todos os fenômenos físicos poderiam ser
explicados dentro das teorias correntes. Entretanto, certos “fenômenos
rebeldes” fugiam ao alcance dos cientistas.
No início do século XX, ao
tentar explicar matematicamente a radiação de corpo negro (radiação
eletromagnética emitida por qualquer corpo em determinada temperatura), Max Planck introduziu o conceito de
quantum de energia. Em 1905, Albert
Einstein apresentou, sob a forma de cinco artigos, as bases da Relatividade
e da Mecânica Quântica. Tais “fenômenos rebeldes” finalmente foram explicados,
mas a ontologia determinista estrita e pontual, característica da mecânica
newtoniana, foi abalada seriamente; sendo, ainda, fortemente ferida após a
publicação do Princípio da Incerteza de Werner
Heisenberg e do princípio da complementaridade (assevera que a natureza da
matéria e energia é dual e os aspectos ondulatório e corpuscular não são
contraditórios, mas complementares) de Niels
Bohr. Desde então, a Física preocupa-se em explicar, sob o ponto de vista
da Física moderna, a natureza das quatro forças fundamentais da Natureza
(gravidade, forte, fraca e eletromagnética. O problema é que há uma mistura de
adjetivos com substantivos) e eletromagnetismo. O Modelo Padrão, apresentado na
década de 70, descreve três das quatro forças (a gravidade ainda carece de uma
explicação teórico-experimental). Mas faltava a realização de um experimento
para que essa tese — a unificação destas forças — fosse confirmada e, assim,
aceita pela comunidade científica. Era preciso encontrar uma partícula chamada bóson de Higgs, batizada em homenagem
ao físico escocês Peter Higgs, que a
previu em 1964.
O que são bósons? De acordo com
a física moderna, tudo que existe pode ser descrito por meio de 17 partículas elementares.
Elas são divididas em dois grupos: os férmions e os bósons. Os férmions são
subdivididos em seis tipos de quarks (que constituem o próton e o nêutron do
núcleo atômico) e seis de léptons (entre eles, o elétron). Os bósons incluem
outros cinco tipos de partículas, como o fóton (partícula de luz) e a de Higgs.
O bóson de Higgs é importante porque
explica como o átomo adquire massa e, assim, compõe toda a matéria. Logo após o
Big Bang, a explosão que deu origem ao Universo há 13,7 bilhões de anos, um
campo formado por partículas de Higgs foi responsável pela desaceleração e
resfriamento de outras partículas elementares. Isso possibilitou a formação de
estrelas, planetas e tudo o mais que existe no Universo. A experiência que
permitiria aos cientistas observar o “bóson
da Criação” só poderia ser realizada no LHC[3],
pertencente ao Cern (Organização
Europeia para a Pesquisa Nuclear).
O acelerador foi construído na
fronteira entre a França e a Suíça, em 2008, ao custo de 10 bilhões de dólares.
É o maior e mais caro instrumento científico já construído pelo Homem. Depois
de quase meio século, físicos anunciaram no dia 4 de julho de 2012 a descoberta
do bóson de Higgs, a peça que
faltava para compor o “quebra-cabeça” que representa toda a matéria do Universo.
Essa descoberta, agora, poderá abrir novos caminhos e dar esperanças para a
formulação da Teoria do Campo Unificado, que irá reunir a física de partículas
do Modelo Padrão com a teoria da gravidade, entender mistérios como a energia
escura e — por que não dizer? — estar mais próximos do fluido cósmico universal.
[2] Relativo aos primeiros tempos; antigo, primitivo.
[3] Large Hadron Collider - Grande Colisor de Hádrons
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