Ana Borela de Oliveira, ou Anita
Borela, como é mais conhecida, é um dos grandes vultos do Espiritismo da Zona
da Mata de Minas Gerais, onde se destacou por sua bondade, pelo amor que
dedicava aos seres humanos e pela imensa abnegação com que se entregou ao
trabalho em prol dos desvalidos.
Sua vida tem lances de heroísmo,
sacrifício e renúncia, que evidenciam a grandeza do seu Espírito e a firmeza da
sua fé espírita.
Anita nasceu em Leopoldina (MG),
em 5 de janeiro de 1909, filha de italianos. Em 1927, quando contava 18 anos,
casou-se com Astolfo Olegário de Oliveira, passando a residir na vizinha cidade
de Astolfo Dutra (MG), na época um pequeno distrito chamado Porto de Santo
Antônio.
Seu marido tornou-se espírita em
1932 e ela admirou-se com sua transformação e com as ideias novas que esposava.
Em breve, porém, ele e toda a pequena comunidade espírita da cidade passaram a
sofrer violenta perseguição do clero local, suportada bravamente por eles, com
paciência e humildade.
Era tão grande a firmeza que
demonstravam que Anita, solidarizando-se com eles, passou a defender e ao mesmo
tempo a admirar profundamente o Espiritismo. É que ela, intimamente, embora não
o soubesse, já era espírita.
Sendo muito sensível às
injustiças e aos sofrimentos, era possuidora de uma energia inquebrantável.
Quando alguns católicos mais extremados começaram a apedrejar a sua casa, nos
dias de procissão, reunia os filhos (alguns ainda bem pequenos) e ia com eles
para a varanda da casa, disposta a enfrentar na própria face o apodo e a
afronta, em nome da fé que já então esposava de todo o coração.
Por essa ocasião a mediunidade
de Anita aflorou com um potencial que expressava bem as suas aquisições
espirituais do pretérito. Intuição, audição, vidência, psicofonia, cura,
psicografia, efeitos físicos, desdobramento, eis as faculdades que passou a
exercer com a responsabilidade de quem entendia a própria missão.
Em pouco tempo, o seu amor pelos
semelhantes a tornou conhecida e procurada pelos necessitados de toda a sorte,
que encontravam na sua presença o alívio, o consolo e a cura.
Anita era muito solicitada nos
casos de desaparecimento de pessoas. Ao se inteirar do nome daquele que estava
sendo procurado, fechava os olhos e com toda a naturalidade descrevia a pessoa
desaparecida e o local onde se encontrava.
Quando havia um afogamento no
rio Pomba, o Sr. Durval, velho canoeiro do Porto, ia primeiro ao encontro dela
para que descrevesse a posição do corpo e o lugar em que estava.
Desde que se tornou espírita,
pouco antes do falecimento de Abel Gomes, ocorrido em 1934, Anita passou a
frequentar com assiduidade a Cabana Espírita Abel Gomes, que funcionava com
outro nome, porque esse só lhe foi dado após a desencarnação de Abel.
Em 1950, Anita não estava
fisicamente bem. Com 11 filhos e inúmeros afazeres, seu estado de saúde
agravou-se com o surgimento de uma nova gravidez, o que não a impediu de
continuar suas tarefas no lar e no Centro.
No dia 8 de maio de 1950, à
noite, seu coração não resistiu e Anita partiu, contando somente 41 anos de
idade e deixando uma lacuna enorme no movimento espírita da cidade, onde já
funcionava, além da Cabana, a Fundação Espírita Abel Gomes, o lar para meninas
órfãs construído sob a sua inspiração.
Em Londrina, Astolfo Dutra,
Cataguases e Leopoldina, existem Casas espíritas que trazem no seu frontispício
o nome Anita Borela de Oliveira, que foi também dado ao Círculo de Leitura
mantido pela Comunhão Espírita Cristã de Londrina desde o mês de junho de 1996.
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