Maria Helena Marcon - julho/2014
Pousa a tua mão sobre o doente e acalma a dor, afirmando que a dor
desaparece.
A frase, encontrada em velho
papiro egípcio, demonstra que, desde muito, o homem conhecia o poder da
imposição das mãos, ou seja, a transmissão de fluidos, a fim de beneficiar a
outrem, conferindo-lhe saúde física.
Os seguidores do Cristo,
conforme Seu exemplo, impunham suas mãos sobre os doentes para os curar. O
Apóstolo Pedro, conforme descrição de Atos 3:1-11 cura o coxo que mendigava à
porta do templo, pelo olhar e a vontade: Não tenho ouro, nem prata, mas o que
tenho te dou. Em nome de Jesus Nazareno, levanta-te e anda.
Barnabé e Paulo de Tarso
realizavam curas através da imposição de mãos.
A Doutrina Espírita, ao
estabelecer o estudo a respeito dos fluidos, neutros em sua origem, e a
possibilidade de se transmitir o fluido vital a outrem (O Livro dos Espíritos, comentário à resposta da questão 70), oferta
a grande oportunidade de todos nos tornarmos servidores do Bem, no processo de
amenizar dores e proporcionar curas.
A atividade do passe, portanto,
talvez seja, dentre tantas outras, nas Casas Espíritas, a mais exercida, desde
que é ofertada nas reuniões públicas de palestras, nas reuniões da Juventude
Espírita, na Evangelização Espírita Infantil, nos grupos de estudo, nas
reuniões mediúnicas etc..
Os que a exercem, por vezes, na
continuidade dos meses e dos anos, passam a executá-la de forma quase mecânica,
olvidando alguns cuidados preciosos para o pleno êxito dos objetivos da tarefa.
Em verdade, a faculdade de curar
pela imposição das mãos deriva de uma força excepcional de expansão fluídica,
mas diversas causas concorrem para alimentá-la, entre as quais são de
colocar-se, na primeira linha: a pureza dos sentimentos, a saúde física,
consequência da conduta moral equilibrada, o desinteresse, a benevolência, o
desejo ardente de proporcionar alívio e disciplinas espartanas em relação a
alcoólicos, fumo e outras drogas, automedicação, comportamento sexual, entre
outros.
Jesus asseverou: Bem-aventurados
os que têm puro o coração, porque serão chamados filhos de Deus. Naturalmente
que todos, por termos emanado da mesma fonte criadora, somos filhos de Deus.
Contudo, a advertência crística se refere a uma especial filiação: a dos que,
laborando as deficiências de caráter, se alcandoram a degraus superiores,
destoando do comum das criaturas.
São os que não utilizam a sua
boca para disseminar a calúnia, a malquerença, a maledicência, o desamor. Ao
contrário, encontram palavras precisas para lembrar do que é positivo,
altruísta e engrandecedor.
Pessoas assim transmitem uma
aura de paz, cuja simples presença tem o condão de beneficiar a quem se lhes
aproxime.
Todo trabalhador cuida muito bem
de suas ferramentas. Dessa forma, o aplicador do passe terá redobrados cuidados
com a própria saúde física, atendendo aos preceitos da boa alimentação, sem
exageros de qualquer ordem, com atenção ao repouso devido à máquina orgânica,
com visitas periódicas a médico e atenção às suas prescrições de exames e
medicamentos.
O fluido vital, aprendemos,
mantém-se, durante a vida física, graças ao trabalho dos órgãos e encontra seu
abastecimento pela respiração, alimentação, exercícios físicos e espirituais.
No passe, associa-se aos fluidos
espirituais, a fim de beneficiar o interessado, eis porque a sua qualidade deve
ser a melhor.
Ao trabalhador do passe, cabe,
pois, preservar-se do uso de alcoólicos, por exemplo. Defendem alguns, a sua
utilização, e se servem de textos bíblicos, tentando justificar a sua própria
vontade de não abandonar algo que lhe apraz. Com certeza, encontramos referências
ao vinho, em textos do Antigo e do Novo Testamento. Entretanto, algumas
observações detalhadas se fazem necessárias.
Em hebraico, Tirosch ou Mosto,
traduzido, quer dizer vinho, mas não bebida fermentada. Isaías, 65:8 faz
referência ao mosto ainda dentro do cacho da vida. Provérbios, 3:10 reporta-se
ao mosto, como o suco doce recém colhido – transbordarão de mosto os teus
lagares.
A palavra hebraica para
descrever bebida forte, ou seja, o vinho fermentado, é Shekar. E lemos em I,
Samuel 1:15, as palavras de Ana, grávida: Nem vinho e nem bebida forte tenho
bebido. Segundo o Levítico, 10:9, a bebida forte era incompatível com o serviço
a Deus, pois os encarregados de atividades no Santuário não podiam beber.
Dessa mesma forma, deve se
entender que, no episódio das Bodas de Caná, Jesus transformou a água em
Tirosch, o puro suco da uva, o vinho de melhor qualidade. Nem se poderia
esperar do Ser puro algo diverso.
Lucas, 1:15 escreve que o anjo
do Senhor disse ao sacerdote Zacarias que João [o Batista] seria grande diante
do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito
Santo, já desde o ventre de sua mãe. A total abstinência é a posição a ser
assumida por aqueles que estão trabalhando pela implantação do Reino de Deus na
Terra.
Se, diariamente, o aplicador de
passe se prepara física e espiritualmente para a atividade, não pode esquecer
que o passe é um ato de amor e deve ser transmitido no clima que este
sentimento propicia a quem o cultiva.
Isto envolve a alegria de servir,
o entusiasmo de ser útil, de sentir-se solidário com o próximo; é todo um
exercício de amar.
Ser aplicador de passe é ser
trabalhador de Jesus, é ter recebido a alta condecoração de servidor, com a
possibilidade de captar das esferas superiores as benesses maiores a fim de as
direcionar aos que se colocam sob seus cuidados.
Por isso, distende as mãos com
inusitada alegria, ora e espalha bênçãos generosas de saúde, de paz, de
tranquilidade ao enfermo, ao desassossegado, ao necessitado de qualquer jaez, sem
esperar encômio algum.
O seu é o prazer de servir. E
comparece ao serviço, com o coração em festa, honrado com a chance de servir,
em nome do Cristo. Ora e se entrega, tornando-se dínamo de luz, dilatando as
próprias condições, secundado pelos Espíritos encarregados da atividade.
Aplicadores de passe,
sirvamos!
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