terça-feira, 16 de agosto de 2016

Aplicador de passe – servidor de Jesus[1]


Maria Helena Marcon - julho/2014

 
Pousa a tua mão sobre o doente e acalma a dor, afirmando que a dor desaparece.

 
A frase, encontrada em velho papiro egípcio, demonstra que, desde muito, o homem conhecia o poder da imposição das mãos, ou seja, a transmissão de fluidos, a fim de beneficiar a outrem, conferindo-lhe saúde física.
Os seguidores do Cristo, conforme Seu exemplo, impunham suas mãos sobre os doentes para os curar. O Apóstolo Pedro, conforme descrição de Atos 3:1-11 cura o coxo que mendigava à porta do templo, pelo olhar e a vontade: Não tenho ouro, nem prata, mas o que tenho te dou. Em nome de Jesus Nazareno, levanta-te e anda.
Barnabé e Paulo de Tarso realizavam curas através da imposição de mãos.
A Doutrina Espírita, ao estabelecer o estudo a respeito dos fluidos, neutros em sua origem, e a possibilidade de se transmitir o fluido vital a outrem (O Livro dos Espíritos, comentário à resposta da questão 70), oferta a grande oportunidade de todos nos tornarmos servidores do Bem, no processo de amenizar dores e proporcionar curas.
A atividade do passe, portanto, talvez seja, dentre tantas outras, nas Casas Espíritas, a mais exercida, desde que é ofertada nas reuniões públicas de palestras, nas reuniões da Juventude Espírita, na Evangelização Espírita Infantil, nos grupos de estudo, nas reuniões mediúnicas etc..
Os que a exercem, por vezes, na continuidade dos meses e dos anos, passam a executá-la de forma quase mecânica, olvidando alguns cuidados preciosos para o pleno êxito dos objetivos da tarefa.
Em verdade, a faculdade de curar pela imposição das mãos deriva de uma força excepcional de expansão fluídica, mas diversas causas concorrem para alimentá-la, entre as quais são de colocar-se, na primeira linha: a pureza dos sentimentos, a saúde física, consequência da conduta moral equilibrada, o desinteresse, a benevolência, o desejo ardente de proporcionar alívio e disciplinas espartanas em relação a alcoólicos, fumo e outras drogas, automedicação, comportamento sexual, entre outros.
Jesus asseverou: Bem-aventurados os que têm puro o coração, porque serão chamados filhos de Deus. Naturalmente que todos, por termos emanado da mesma fonte criadora, somos filhos de Deus. Contudo, a advertência crística se refere a uma especial filiação: a dos que, laborando as deficiências de caráter, se alcandoram a degraus superiores, destoando do comum das criaturas.
São os que não utilizam a sua boca para disseminar a calúnia, a malquerença, a maledicência, o desamor. Ao contrário, encontram palavras precisas para lembrar do que é positivo, altruísta e engrandecedor.
Pessoas assim transmitem uma aura de paz, cuja simples presença tem o condão de beneficiar a quem se lhes aproxime.
Todo trabalhador cuida muito bem de suas ferramentas. Dessa forma, o aplicador do passe terá redobrados cuidados com a própria saúde física, atendendo aos preceitos da boa alimentação, sem exageros de qualquer ordem, com atenção ao repouso devido à máquina orgânica, com visitas periódicas a médico e atenção às suas prescrições de exames e medicamentos.
O fluido vital, aprendemos, mantém-se, durante a vida física, graças ao trabalho dos órgãos e encontra seu abastecimento pela respiração, alimentação, exercícios físicos e espirituais.
No passe, associa-se aos fluidos espirituais, a fim de beneficiar o interessado, eis porque a sua qualidade deve ser a melhor.
Ao trabalhador do passe, cabe, pois, preservar-se do uso de alcoólicos, por exemplo. Defendem alguns, a sua utilização, e se servem de textos bíblicos, tentando justificar a sua própria vontade de não abandonar algo que lhe apraz. Com certeza, encontramos referências ao vinho, em textos do Antigo e do Novo Testamento. Entretanto, algumas observações detalhadas se fazem necessárias.
Em hebraico, Tirosch ou Mosto, traduzido, quer dizer vinho, mas não bebida fermentada. Isaías, 65:8 faz referência ao mosto ainda dentro do cacho da vida. Provérbios, 3:10 reporta-se ao mosto, como o suco doce recém colhido – transbordarão de mosto os teus lagares.
A palavra hebraica para descrever bebida forte, ou seja, o vinho fermentado, é Shekar. E lemos em I, Samuel 1:15, as palavras de Ana, grávida: Nem vinho e nem bebida forte tenho bebido. Segundo o Levítico, 10:9, a bebida forte era incompatível com o serviço a Deus, pois os encarregados de atividades no Santuário não podiam beber.
Dessa mesma forma, deve se entender que, no episódio das Bodas de Caná, Jesus transformou a água em Tirosch, o puro suco da uva, o vinho de melhor qualidade. Nem se poderia esperar do Ser puro algo diverso.
Lucas, 1:15 escreve que o anjo do Senhor disse ao sacerdote Zacarias que João [o Batista] seria grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. A total abstinência é a posição a ser assumida por aqueles que estão trabalhando pela implantação do Reino de Deus na Terra.
Se, diariamente, o aplicador de passe se prepara física e espiritualmente para a atividade, não pode esquecer que o passe é um ato de amor e deve ser transmitido no clima que este sentimento propicia a quem o cultiva.
Isto envolve a alegria de servir, o entusiasmo de ser útil, de sentir-se solidário com o próximo; é todo um exercício de amar.
Ser aplicador de passe é ser trabalhador de Jesus, é ter recebido a alta condecoração de servidor, com a possibilidade de captar das esferas superiores as benesses maiores a fim de as direcionar aos que se colocam sob seus cuidados.
Por isso, distende as mãos com inusitada alegria, ora e espalha bênçãos generosas de saúde, de paz, de tranquilidade ao enfermo, ao desassossegado, ao necessitado de qualquer jaez, sem esperar encômio algum.
O seu é o prazer de servir. E comparece ao serviço, com o coração em festa, honrado com a chance de servir, em nome do Cristo. Ora e se entrega, tornando-se dínamo de luz, dilatando as próprias condições, secundado pelos Espíritos encarregados da atividade.
Aplicadores de passe, sirvamos!    




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