quarta-feira, 15 de junho de 2016

SOFREDORES INCONSCIENTES[1]



Cícero Pereira[2]
 

Muitos dos nossos irmãos, que se estatelam sob o peso dos mais aturdentes padeceres, não guardam o mínimo entendimento em torno do que vivem, nem se aprestam, em razão disso, ao esforço superador.
Encontramos, de fato, aqueles que, embora açodados por lancinantes agonias, mantêm-se acomodados ao seu ninho de agruras, como se assim devesse ser a vida, sem qualquer manifestação nobilitante no sentido de modificar o ritmo das coisas.
Temos os que, diante dos problemas, assumem atitude amadurecida, enquanto faceando o tormento, procurando desfazer-lhe a causa, determinando o advento de situações melhores.
Conhecemos outros que, perante a enfermidade soez, alteram múltiplos dispositivos, antes comuns em suas vidas, ensejando a requisição da saúde, evitando, desde então, as condições em que novamente se instale a aflição.
Presenciamos tantos companheiros da luta diária, que, quando enfrentam a sombra da violência, buscam acender o facho da indulgência, sem que, com isto, aplaudam o mal ou se amedrontem, neuroticamente; tomam as providências cabíveis, para que o drama não volte a dar-se.
Em volta dos episódios com as criaturas, há, sem dúvida, muita dor, muito sofrer. Entretanto, identificamos muita inconsciência, quando não renteamos a omissão perigosa e aniquiladora dos ideais superiores.
O Espiritismo, na sua feição de Consolador, não louva a modorra, quando as situações requerem disposição corajosa e lúcida.
Em seu empenho de renovar o ser humano, a Doutrina Espírita prescreve esforço para o amor e para a instrução, admitindo que, pelo amor, desenvolveremos paciência e afabilidade, para que nos advenha a resignação necessária, ante o inevitável; porém, será por meio da elucidação, que o conhecimento engendra, que lograremos resolver os problemas que nos alcancem e evitar, através de atitudes claras e firmes, no bem, que os fatos infelizes e frustradores se repitam em nossa estrada, ou, em caso de retornarem por outras mãos, não nos atinjam, desestruturando-nos o âmago do ser.
Para que vivamos felizes, dentro dessa felicidade que a Terra já nos permite fruir, será preciso enfrentar as lutas, verdadeiramente ásperas, contudo, desenvolvendo a conscientização, quanto aos nossos recursos internos e externos, que nos ajudem a conjurá-las.


[2] Nossas Riquezas Maiores - J. Raul Teixeira – Diversos Espíritos

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