Cícero Pereira[2]
Muitos dos nossos irmãos, que se
estatelam sob o peso dos mais aturdentes padeceres, não guardam o mínimo
entendimento em torno do que vivem, nem se aprestam, em razão disso, ao esforço
superador.
Encontramos, de fato, aqueles
que, embora açodados por lancinantes agonias, mantêm-se acomodados ao seu ninho
de agruras, como se assim devesse ser a vida, sem qualquer manifestação
nobilitante no sentido de modificar o ritmo das coisas.
Temos os que, diante dos
problemas, assumem atitude amadurecida, enquanto faceando o tormento,
procurando desfazer-lhe a causa, determinando o advento de situações melhores.
Conhecemos outros que, perante a
enfermidade soez, alteram múltiplos dispositivos, antes comuns em suas vidas,
ensejando a requisição da saúde, evitando, desde então, as condições em que
novamente se instale a aflição.
Presenciamos tantos companheiros
da luta diária, que, quando enfrentam a sombra da violência, buscam acender o
facho da indulgência, sem que, com isto, aplaudam o mal ou se amedrontem,
neuroticamente; tomam as providências cabíveis, para que o drama não volte a
dar-se.
Em volta dos episódios com as
criaturas, há, sem dúvida, muita dor, muito sofrer. Entretanto, identificamos
muita inconsciência, quando não renteamos a omissão perigosa e aniquiladora dos
ideais superiores.
O Espiritismo, na sua feição de
Consolador, não louva a modorra, quando as situações requerem disposição
corajosa e lúcida.
Em seu empenho de renovar o ser
humano, a Doutrina Espírita prescreve esforço para o amor e para a instrução,
admitindo que, pelo amor, desenvolveremos paciência e afabilidade, para que nos
advenha a resignação necessária, ante o inevitável; porém, será por meio da
elucidação, que o conhecimento engendra, que lograremos resolver os problemas
que nos alcancem e evitar, através de atitudes claras e firmes, no bem, que os
fatos infelizes e frustradores se repitam em nossa estrada, ou, em caso de retornarem
por outras mãos, não nos atinjam, desestruturando-nos o âmago do ser.
Para que vivamos felizes, dentro
dessa felicidade que a Terra já nos permite fruir, será preciso enfrentar as
lutas, verdadeiramente ásperas, contudo, desenvolvendo a conscientização,
quanto aos nossos recursos internos e externos, que nos ajudem a conjurá-las.
[2] Nossas
Riquezas Maiores - J. Raul Teixeira –
Diversos Espíritos
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