sábado, 30 de abril de 2016

Condicionamentos[1]


 

Antônio Carlos Navarro - 12/04/2016

 

A recomendação “vigiai e orai”, pronunciada por Nosso Senhor Jesus Cristo [2] , tem a ver com o que se passa em nosso mundo psíquico, portanto relativo à mente do espírito.
É muito comum em nossas atividades diárias o comportamento maquinal, sem reflexão sobre o que se está fazendo. Assim também é com muitas das reações que desenvolvemos a partir do que nos chega ao sensório. É o chamado agir e reagir sem pensar. Quando percebemos já agimos ou reagimos, com muitas consequências negativas.
O Benfeitor Espiritual André Luiz nos esclarece a respeito da importância da reflexão [3] :
“Entendendo-se que toda mente vibra na onda de estímulos e pensamentos em que se identifica, facilmente perceberemos que cada Espírito gera em si mesmo inimaginável potencial de forças mentoeletromagnéticas, exteriorizando nessa corrente psíquica os recursos e valores que acumula em si próprio.
Daí nasce a importância da reflexão em todos os setores da vida.
É que, gerando força criativa incessante em nós, assimilamos, por impulso espontâneo, as correntes mentais que se harmonizem com o nosso tipo de onda, impondo às mentes simpáticas o fruto de nossas elucubrações e delas recolhendo o que lhes seja característico, em ação que independe da distância espacial, sempre que a simpatia esteja estabelecida e, com mais objetividade e eficiência, quando o serviço de troca mental se evidencie assegurado conscientemente”.
Agimos e reagimos não só por hábitos desenvolvidos ao longo de nossas experiências reencarnatórias, nos chamados reflexos condicionados, mas também por influência de pensamentos de outros espíritos, por identidade de valores, e sempre achando que estamos no controle da situação.
Continua o Benfeitor:
“Podemos, assim, apreciar a riqueza dos reflexos condicionados, pelos quais se expande a vida mental do Espírito humano, em que a razão, por luz do discernimento, lhe faculta o privilégio da escolha.
São nesses reflexos condicionados da atividade psíquica que principiam para o homem de pensamentos elementares os processos inconscientes da conjugação mediúnica, porquanto, emitindo a onda das ideias que lhe são próprias, ao redor dos temas que lhe sejam afins, exterioriza na direção dos outros as imagens e estímulos que acalenta consigo, recebendo, depois, sobre si mesmo os princípios mentais que exteriorizou, enriquecidos de outros agentes que se lhe sintonizem com as criações mentais”.
Chama-nos a atenção os termos razão e discernimento apresentados por André Luiz. Temos sempre a possibilidade de agir diferente, de reagir diferente, mas o desculpismo nos leva a afirmações indevidas, tais como “nasci assim e vou morrer assim”; “todo mundo é assim”; “quem não tem defeito?”; mas a realidade é outra, e temos nossas responsabilidades pessoais diante da Lei Divina.
A realidade é que somos todos agentes de indução, conforme esclarece André Luiz:
“Temos plenamente evidenciada a autossugestão, encorajando essa ou aquela ligação, esse ou aquele hábito, demonstrando a necessidade de autopoliciamento em todos os interesses de nossa vida mental, porquanto, conquistada a razão, com a prerrogativa da escolha de nossos objetivos, todo o alvo de nossa atenção se converte em fator indutivo, compelindo-nos a emitir os valores do pensamento contínuo na direção em que se nos fixe a ideia, direção essa na qual encontramos os princípios combináveis com os nossos, razão por que, automaticamente, estamos ligados em espírito com todos os encarnados ou desencarnados que pensam como pensamos, tão mais estreitamente quão mais estreita a distância entre nós e eles, isto é, quanto mais intimamente estejamos comungando a atmosfera mental uns dos outros, independentemente de fatores espaciais.
Uma conversação, essa ou aquela leitura, a contemplação de um quadro, a ideia voltada para certo assunto, um espetáculo artístico, uma visita efetuada ou recebida, um conselho ou uma opinião representam agentes de indução, que variam segundo a natureza que lhes é característica, com resultados tanto mais amplos quanto maior se nos faça a fixação mental ao redor deles”.
E encerra falando-nos sobre o uso do discernimento:
“A liberdade de escolha, na pauta das Leis Divinas, é clara e incontestável nos processos da consciência.
Ainda mesmo em regime de prisão absoluta, do ponto de vista físico, o homem, no pensamento, é livre para eleger o bem ou o mal para as rotas do Espírito.
O discernimento deve ser, assim, usado por nós outros à feição de leme que a razão não pode esquecer à matroca, de vez que se a vida física está cercada de correntes eletrônicas por todos os lados, a vida espiritual, da mesma sorte, jaz imersa em largo oceano de correntes mentais e, dentro delas, é imprescindível saibamos procurar a companhia dos espíritos nobres, capazes de auxiliar a nossa sustentação no bem, para que o bem, como aplicação das Leis de Deus, nos eleve à vida superior”.
 

Pensemos nisso.



[2] Mateus, 26:41
[3] Mecanismos da Mediunidade, cap12 – Reflexo condicionado, André Luiz / Francisco Cândido Xavier

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