Quem lê o “Livro dos Médiuns”,
“Nos Domínios da Mediunidade”, toda a obra de Francisco Cândido Xavier, e de
outros médiuns como Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo Pereira Franco, José Raul
Teixeira, além de Zilda Gama e outros mais antigos, fica impressionado com o
volume de informações seguras, expostas em linguagem nobre, equilibrada,
esclarecedora, libertadora. Nessa literatura, vê-se a mediunidade sendo usada
principalmente para esclarecimento e encaminhamento de Espíritos que vagam sem
rumo, em sofrimento, ou atuando em processos obsessivos, aqui na Crosta, ou no
Mundo Espiritual.
Com base nos ensinamentos em “O
Livro dos Médiuns” e, mais tarde, na literatura acima citada, foram
estabelecidos trabalhos de esclarecimento e de desobsessão, a que os antigos
davam o nome de reunião ou sessão de caridade, que se constituíam
verdadeiramente num piedoso trabalho de enfermagem espiritual.
Quantos Espíritos perturbados,
que vagavam a esmo, e outros, prisioneiros de ideias de ódio, de vingança, eram
esclarecidos, libertados. Tanto aqueles que exercitavam a perseguição, quanto
os que dela eram vítimas, recebiam esclarecimentos à luz do Evangelho. Um
trabalho amoroso, de alcance incalculável em que eram beneficiados não apenas
encarnados, mas também desencarnados.
Aquelas reuniões mediúnicas
poderiam até ser chamadas de enfermarias espirituais, pois nelas eram sanados
desequilíbrios psíquicos, as chamadas obsessões, e também muitos males físicos
decorrentes da ação nefasta de um agente espiritual que, consciente ou
inconscientemente, atuava na mente ou no corpo físico do encarnado.
No livro “Os Mensageiros”, cap.
39, André Luiz revela um trabalho levado a efeito por colaboradores
desencarnados, vinculados a um centro espírita, que percorriam suas cercanias,
buscando Espíritos que vagavam pelas ruas e logradouros públicos – em situação
semelhante à de encarnados moradores de rua – a fim de conduzi-los à casa
espírita, para receberem orientação, encaminhamento, através do caridoso
trabalho mediúnico.
Atualmente, essas reuniões estão
se tornando menos frequentes. Estão perdendo algum espaço para outras
atividades como pintura mediúnica, reuniões exclusivamente para cura física, ou
para psicografia.
Hoje, há um número maior de
médiuns que se dedicam à psicografia, do que havia há cinquenta ou sessenta
anos. Em muitos casos, produzem livros em que se nota a clara manifestação de
Espíritos inconsequentes, zombeteiros e mesmo oriundos das Trevas. Esses
Espíritos, através de afirmativas mirabolantes, muitas vezes vazadas em
linguagem chula, vulgar, agressiva, irreverente, demonstram claramente o desejo
de desanimar pessoas que se empenham no esforço de progredir espiritualmente.
Além disso, há aqueles que buscam até mesmo denegrir o nome do Espiritismo.
Há um volume apreciável de obras
romanceadas que em nada contribuem para a evangelização, nem mesmo para a
ilustração do leitor. Está ocorrendo uma multiplicação imensa nesse campo. Está
na moda escrever livros sensacionalistas que descrevem cenas degradantes,
atemorizantes, onde quase sempre é posto em evidência o poder das Trevas. Há
obras em que é relatada a retirada de Espíritos compromissados com o mal,
destinados a um planeta inferior, em descrições mórbidas, atemorizantes e
absurdas.
São estoriazinhas que não
alcançariam o volume de vendas que conseguem se não usassem – indevidamente – o
nome do Espiritismo.
Nesse particular, é justo seja
lembrada a irresponsabilidade de muitos dirigentes de centros, de coordenadores
de clubes de livros e de responsáveis por livrarias espíritas. Em verdade, não
deveria ser dado a público – em nome do Espiritismo – nada que não tivesse
passado pelo exame cuidadoso dessas pessoas que, por certo, responderão mais
tarde pela sua falta de zelo.
Ainda no campo da psicografia,
instalou-se em algumas casas espíritas uma busca de contato, de notícias,
principalmente de familiares desencarnados, a que se poderia denominar “correio
do além”. Para essa prática, são
solicitados dados do desencarnado “a fim de facilitar sua localização”, dizem
alguns médiuns, num flagrante atentado a tudo o que se aprendeu até hoje sobre
o exercício mediúnico sério.
No livro “Chico Xavier
Responde”, psicografado por Carlos Antônio Baccelli, págs. 70 / 71, o médium,
atuando duplamente como intermediário e como entrevistador, pergunta ao
pretenso Chico desencarnado, que estaria sendo por ele entrevistado:
— Como médium, Chico, na
recepção das mensagens ditas particulares, você necessitava de um contato
prévio com os familiares encarnados do espírito comunicante?
Ao que o pretenso Chico teria
respondido:
—Ainda que fosse mínimo.
E volta o médium-entrevistador a
perguntar:
— Com qual objetivo?
E aí ele coloca na boca do Chico
essa resposta, que é uma verdadeira profanação à memória do médium:
—De estabelecer sintonia,
facilitando o mecanismo que se coloca em funcionamento no diálogo que se
estabelece entre encarnados e desencarnados.
Isso não é verdade! Há inúmeros testemunhos de pessoas que
ficavam, sem dizer nada, aguardando o final das reuniões públicas – tanto em
Pedro Leopoldo, quanto em Uberaba – para pedirem notícias de familiares desencarnados.
Inúmeras vezes, antes mesmo que se comunicassem com o médium, essas pessoas
eram surpreendidas, no final da reunião, com a leitura de mensagem do
desencarnado. Chico nunca pediu informes pessoais sobre qualquer Espírito,
cujos parentes aguardavam notícias. Ele sempre dizia que não tinha poder algum
sobre os Espíritos. É por demais conhecida essa frase sua, quando alguma pessoa
lhe solicitava notícias de desencarnados: Não tenho nenhum poder sobre os
Espíritos, pois o telefone toca de lá para cá.
Infelizmente, a publicação do
malfadado livro, acima citado, encorajou muitos grupos espíritas a
estabelecerem esse nefasto correio do além, do qual chegam até fazer anúncio.
À vista disso, urge, mais do que
nunca, seja fielmente observada a recomendação de Jesus: “Vigiai e orai para
que não entreis em tentação.” (Mat, 26: 41).
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