sábado, 20 de fevereiro de 2016

Prática Mediúnica


 
José Passini - jose.passini@gmail.com
Quem lê o “Livro dos Médiuns”, “Nos Domínios da Mediunidade”, toda a obra de Francisco Cândido Xavier, e de outros médiuns como Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo Pereira Franco, José Raul Teixeira, além de Zilda Gama e outros mais antigos, fica impressionado com o volume de informações seguras, expostas em linguagem nobre, equilibrada, esclarecedora, libertadora. Nessa literatura, vê-se a mediunidade sendo usada principalmente para esclarecimento e encaminhamento de Espíritos que vagam sem rumo, em sofrimento, ou atuando em processos obsessivos, aqui na Crosta, ou no Mundo Espiritual.
Com base nos ensinamentos em “O Livro dos Médiuns” e, mais tarde, na literatura acima citada, foram estabelecidos trabalhos de esclarecimento e de desobsessão, a que os antigos davam o nome de reunião ou sessão de caridade, que se constituíam verdadeiramente num piedoso trabalho de enfermagem espiritual.
Quantos Espíritos perturbados, que vagavam a esmo, e outros, prisioneiros de ideias de ódio, de vingança, eram esclarecidos, libertados. Tanto aqueles que exercitavam a perseguição, quanto os que dela eram vítimas, recebiam esclarecimentos à luz do Evangelho. Um trabalho amoroso, de alcance incalculável em que eram beneficiados não apenas encarnados, mas também desencarnados.
Aquelas reuniões mediúnicas poderiam até ser chamadas de enfermarias espirituais, pois nelas eram sanados desequilíbrios psíquicos, as chamadas obsessões, e também muitos males físicos decorrentes da ação nefasta de um agente espiritual que, consciente ou inconscientemente, atuava na mente ou no corpo físico do encarnado.
No livro “Os Mensageiros”, cap. 39, André Luiz revela um trabalho levado a efeito por colaboradores desencarnados, vinculados a um centro espírita, que percorriam suas cercanias, buscando Espíritos que vagavam pelas ruas e logradouros públicos – em situação semelhante à de encarnados moradores de rua – a fim de conduzi-los à casa espírita, para receberem orientação, encaminhamento, através do caridoso trabalho mediúnico.
Atualmente, essas reuniões estão se tornando menos frequentes. Estão perdendo algum espaço para outras atividades como pintura mediúnica, reuniões exclusivamente para cura física, ou para psicografia.
Hoje, há um número maior de médiuns que se dedicam à psicografia, do que havia há cinquenta ou sessenta anos. Em muitos casos, produzem livros em que se nota a clara manifestação de Espíritos inconsequentes, zombeteiros e mesmo oriundos das Trevas. Esses Espíritos, através de afirmativas mirabolantes, muitas vezes vazadas em linguagem chula, vulgar, agressiva, irreverente, demonstram claramente o desejo de desanimar pessoas que se empenham no esforço de progredir espiritualmente. Além disso, há aqueles que buscam até mesmo denegrir o nome do Espiritismo.
Há um volume apreciável de obras romanceadas que em nada contribuem para a evangelização, nem mesmo para a ilustração do leitor. Está ocorrendo uma multiplicação imensa nesse campo. Está na moda escrever livros sensacionalistas que descrevem cenas degradantes, atemorizantes, onde quase sempre é posto em evidência o poder das Trevas. Há obras em que é relatada a retirada de Espíritos compromissados com o mal, destinados a um planeta inferior, em descrições mórbidas, atemorizantes e absurdas.
São estoriazinhas que não alcançariam o volume de vendas que conseguem se não usassem – indevidamente – o nome do Espiritismo.
Nesse particular, é justo seja lembrada a irresponsabilidade de muitos dirigentes de centros, de coordenadores de clubes de livros e de responsáveis por livrarias espíritas. Em verdade, não deveria ser dado a público – em nome do Espiritismo – nada que não tivesse passado pelo exame cuidadoso dessas pessoas que, por certo, responderão mais tarde pela sua falta de zelo.
Ainda no campo da psicografia, instalou-se em algumas casas espíritas uma busca de contato, de notícias, principalmente de familiares desencarnados, a que se poderia denominar “correio do além”.  Para essa prática, são solicitados dados do desencarnado “a fim de facilitar sua localização”, dizem alguns médiuns, num flagrante atentado a tudo o que se aprendeu até hoje sobre o exercício mediúnico sério.
No livro “Chico Xavier Responde”, psicografado por Carlos Antônio Baccelli, págs. 70 / 71, o médium, atuando duplamente como intermediário e como entrevistador, pergunta ao pretenso Chico desencarnado, que estaria sendo por ele entrevistado:
— Como médium, Chico, na recepção das mensagens ditas particulares, você necessitava de um contato prévio com os familiares encarnados do espírito comunicante?
Ao que o pretenso Chico teria respondido:
—Ainda que fosse mínimo.
E volta o médium-entrevistador a perguntar:
— Com qual objetivo?
E aí ele coloca na boca do Chico essa resposta, que é uma verdadeira profanação à memória do médium:
—De estabelecer sintonia, facilitando o mecanismo que se coloca em funcionamento no diálogo que se estabelece entre encarnados e desencarnados.
Isso não é verdade!  Há inúmeros testemunhos de pessoas que ficavam, sem dizer nada, aguardando o final das reuniões públicas – tanto em Pedro Leopoldo, quanto em Uberaba – para pedirem notícias de familiares desencarnados. Inúmeras vezes, antes mesmo que se comunicassem com o médium, essas pessoas eram surpreendidas, no final da reunião, com a leitura de mensagem do desencarnado. Chico nunca pediu informes pessoais sobre qualquer Espírito, cujos parentes aguardavam notícias. Ele sempre dizia que não tinha poder algum sobre os Espíritos. É por demais conhecida essa frase sua, quando alguma pessoa lhe solicitava notícias de desencarnados: Não tenho nenhum poder sobre os Espíritos, pois o telefone toca de lá para cá.
Infelizmente, a publicação do malfadado livro, acima citado, encorajou muitos grupos espíritas a estabelecerem esse nefasto correio do além, do qual chegam até fazer anúncio.
À vista disso, urge, mais do que nunca, seja fielmente observada a recomendação de Jesus: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação.” (Mat, 26: 41).

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