Wellington Balbo [2]
– 13/02/2016
Quando escrevia o livro Evite a
rota do suicídio, no trabalho de pesquisa, constatei que muita gente sai pela
porta dos fundos da existência, consumando o triste ato do suicídio, porque
teve seu afeto rejeitado.
Casamentos, namoros, relacionamentos
de décadas findam-se e há pessoas que não conseguem lidar com o término. Muitas
desesperam-se porque depositaram todas as suas esperanças no outro e viveram em
função dele.
E neste desespero questionam:
E agora, o que farei sem ele
(a)?
Como disse anteriormente alguns
cometem o suicídio, outros tantos piram, literalmente e recusam-se a viver.
Claro que ser rejeitado não é
“bolinho”, mas, convenhamos, está longe de ser o fim do mundo… É o fim, mas
apenas de um relacionamento. Não pense você que quero malbaratar a sua dor,
nada disto.
Ser rejeitado por alguém causa
muita tristeza.
Entretanto, isto não quer dizer
que não temos valor, mas, sim, que o outro optou por não estar conosco, o que
é, diga-se de passagem, um direito dele.
Tenho visto muita gente
desvalorizar-se porque foi preterido.
Bobagem. Vida que segue.
Dói? Dói muito, mas passa…
O conhecimento Espírita ajuda um
bocado ao informar que ninguém pertence a ninguém.
Somos Espíritos em progresso e
estamos sujeitos a passar por essas provas.
Se bem a suportarmos, esta dor
no coração poderá deixar-nos mais fortes e preparados para, quem sabe no
futuro, vivenciarmos um amor bem bacana, recíproco, sem que tenhamos de
implorar atenção e carinho… Um amor daquele tipo 50% e 50%, os dois olhando na
mesma direção e prontos para crescerem juntos.
Recordo-me da história de uma
amiga a Sara. Casada há 10 anos com o Rafael, Sara voltou a estudar e convidou
o seu amado. Ele não quis, preferiu ficar esperando-a no bar ao lado da
faculdade. Sara foi progredindo, aprendendo, crescendo e seus horizontes
abriram-se. Rafael ficou estagnado. Sara prosseguiu convidando-o a crescer, mas
ele recusava-se. Estudar? Para quê? Aliás, já estava “velho” para aprender. Mas
eis que após alguns anos ambos já não tinham mais assunto. Ela dizia para
Rafael coisas sobre a terra, a água, o ar… E, como na música da Legião, ele nem
fazia aulinhas de inglês.
Na questão de nº 300 [3]
de O livro dos Espíritos há
interessante informação sobre almas que deixam de ser simpáticas. Num planeta
como a Terra há o grande perigo de alguém evoluir e não mais nutrir simpatia
pelos antigos amigos ou almas afins. Se alguém avança muito acaba afastando-se
daqueles que não avançaram.
Foi o caso de minha amiga, penso
que nem é preciso dizer que após anos juntos Sara e Rafael, separaram-se.
Claro, já não tinham nada a ver
um com o outro.
E o Rafael, o que fez?
Disse que a rejeição dói, mas
não é o fim do mundo.
E, por isto mesmo não ficou por
ai desvalorizando-se.
Após o tombo da separação
refletiu bem em sua vida e voltou a estudar.
Sara, vendo sua disposição em
mudar decidiu dar-lhe mais uma chance e, pasmem, após legalmente separados
casaram-se de novo, de papel passado e tudo, com direito a uma bela festa e lua
de mel…
E quem um dia irá dizer que não
existe razão para as coisas feitas com o coração…
Desvalorizar-se não é, pois, o
caminho.
Mais vale refletir nas razões
que levaram ao término da relação e avançar, como fez Rafael…
[2] Professor universitário, Bacharel em Administração de
Empresas e licenciado em Matemática, Escritor e Palestrante Espírita com seis
livros publicados: Lições da História Humana; Reflexões sobre o mundo
contemporâneo; Espiritismo atual e educador; Memórias do Holocausto
(participação especial); Arena de Conflitos (em parceria com Orson Peter
Carrara); Quem semeia ventos... (em parceria com Arlindo Rodrigues).
[3] “Todos os Espíritos são unidos entre si; falo dos que
atingiram a perfeição. Nas esferas inferiores, quando um Espírito se eleva, não
tem a mesma simpatia por aqueles que deixou atrás”. (O Livro dos Espíritos)
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