Em uma das suas encarnações na Terra, Marina Fidélis foi ativista
social na França, durante a Segunda Guerra Mundial. Não se sabe muito sobre
ela, mas já se tem certeza de que ela teve relação com as artes (mais
especificamente, com o teatro) e que inclusive trabalhou nas frentes de guerra,
ajudando os necessitados. Ela se manifesta na Sociedade Brasileira de Estudos
Espíritas (SBEE), por meio de psicofonias do médium Maury Rodrigues da Cruz.
Seu livro "Espiritismo e Exercício Mediúnico" traz orientações para
médiuns e coordenadores para a condução dos grupos de exercício mediúnico
também chamados grupos de estudos espíritas.
Pelo Espírito Marina Fidélis
Todos os dias as pessoas se indagam acerca da crise existencial
chamada morte, doença, guerra, lutas, provações, enfim a miserabilidade do
homem.
A Doutrina dos Espíritos, nesta linguagem franca, aberta, trabalha as
questões tidas, havidas, sofridas e existenciadas pelo homem. E o médium
espírita tem o dever de compor um currículo construtivista que responda à
expectativa do mundo emergente, predisponente, portanto, no conjuntural, no estrutural,
de toda linha de pensamento crítico e as contingências que fazem com que o
homem tenha esse tipo de pensamento.
Quando levantamos o conteúdo da finalidade da vida na terra, podemos
dizer que os espíritos reencarnam para aperfeiçoamento. Os livros espíritas e
as próprias deduções dos filósofos são em torno do aperfeiçoamento do espírito.
No entanto, o que significa esse aperfeiçoamento senão que as pessoas devem em
primeiro lugar, se autoconhecerem? Ninguém se aperfeiçoa e nem coloca o seu
potencial energético, a sua luz, a sua dimensão pessoal, a sua característica
de latência, a título indagativo, senão pelo autoconhecimento. Como eu posso
indagar alguma coisa se não me conheço? Preciso me conhecer profundamente.
Preciso descer ao recôndito do meu ser e perguntar: “Quem sou?”, “de onde
vim?”, “para onde vou”?
Essas indagações todas – que são múltiplas porque são existenciais (e
o existencial é múltiplo) – trazem, todos os dias, a finalidade ao homem. A
finalidade de ter paciência, paciência de existir, de dialogar, de compreender,
de aprender, de lembrar, de evoluir. E a finalidade evolutiva do homem é de
procurar conhecer para evoluir em direção ao saber. Essa dimensão, tão
precária, encontrada diariamente nas calçadas das cidades – a miséria, a fome,
os desajustes, a angústia – é sempre a interposição do próprio pensamento do
homem. A ganância, a usura, a má qualificação no que diz respeito à organização
social, política, econômica e cultural, a desorganização da sociedade, a
patologia social... O que é que a Doutrina dos Espíritos faz para ajudar a
sociedade a criar um estágio novo?
Para criar um estágio novo é preciso um pensamento novo. Sem um
pensamento novo não há estágio novo. E a Doutrina, através das mensagens de
causa e de efeito, produz, nos centros espíritas, um grande chamamento: o
chamamento para que se componha um novo sistema de ideias. Temos certeza
absoluta que alcançaremos a finalidade maior das manifestações dos espíritos na
Terra: a educação – além de, evidentemente, provarmos que continuamos
existindo, num grau inteligente, participativo e responsável.
Queremos que as pessoas comecem a compreender a sua presença na Terra
e, consequentemente, a necessidade do seu compromisso com a mudança.
O centro espírita é comprometido com a mudança – por isso, é uma casa
aberta.
Casa aberta significa criação aberta, pensamento aberto; significa
estudo, pesquisa, divulgação; significa propagação do estudo, da pesquisa,
significa que as pessoas devem formalizar, existencializar e conviver com o diálogo.
A finalidade do homem na Terra é o bem. Porém, como o homem tem
livre-arbítrio, pode pensar em tudo o que faz e em todos os instrumentos de que
precisa para seu aperfeiçoamento. Alguns pensam no sentimento de ter mais. “Eu
tenho um carro, mas preciso ter dois, três, cinco carros! Eu tenho uma casa,
mas preciso ter dez, doze casas!”, esses homens ainda não alcançaram o sentido
do nós. Eles não preservam as relações humanas, porque não conhecem a si
mesmos. Ainda não alcançaram o conceito maior de que prejudicando o próximo
eles se prejudicam; empobrecendo o próximo, eles empobrecem. Eles ainda não
respondem às expectativas de um ajustamento social de compreensão daqueles que
estão do seu lado, numa linha de pensamento mediato e imediato. Portanto, se
desgastam. Se desfazem; rompem o seu equilíbrio pessoal interno, tão necessário
para que possam ver o Universo.
O que queremos, nós espíritos, é que os espíritas nos ajudem a manter
o centro espírita como universidade do povo – uma casa aberta, franca, sem
ilusões, absolutamente desprovida de misticismo, de dogmatismo, de fantasias,
mas com um pensamento, dimensão e proposta de uma critica absolutamente voltada
para o interior de cada um, para o comportamento de cada um. Cada espírita tem
que ter a sua dimensão pessoal crítica de saber o que faz e o que deixa de
fazer, bem como suas consequências.
Queremos nós, espíritos, que os espíritas sejam mais ativos, que não
demonstrem fraqueza nem covardia diante das situações contraditórias que se
lhes possam apresentar. Queremos que os espíritas agenciem esse pensamento
crítico de um novo sistema de ideias, consequentemente de um novo sistema
social – onde a paz seja um núcleo de latência comum da humanidade e de
exercício pleno de vida. Queremos que os espíritas tenham como lema de
participação, no seu existir social e cotidiano, a defesa integral da vida.
Queremos, portanto, um estado moral onde a vida seja entendida a título de
finalidade, de evolução do espírito. Assim, cada um saberá os seus direitos e
os seus deveres numa escala de responsabilidade, de compromisso com o próximo.
Desta feita, não teremos guerra, sofrimentos, misérias – e a Terra, o
planeta como um todo, terá evoluído, porque incorporada à totalidade do bem,
que, necessariamente, terá de acontecer um dia.
Vamos acelerar um pouco, através daqueles que acreditam muito mais na
possibilidade de o bem crescer do que o mal. O mal nunca cresce. Ele existe
porque alguns homens, desavisadamente, algumas vezes o utilizam para a
locupletação pessoal – sem saber, contudo, que, ganhando, perdem.
Quem ganha pelo mal, perde sempre. Quem perde pelo mal, ganha sempre.
Os espíritas estão sempre ganhando, porque algumas vezes sofrem ingratidões,
injustiças, mentiras, misérias, mas nunca são atingidos pelo mal – pois o mal é
muito pequeno diante da força construtiva do bem.
Que Deus, a plenipotência do amor, da verdade e da justiça, que existe
em nossa existência – que é a nossa existência – seja reconhecido por todos.
Que possamos nunca negá-lo, porque somos; possamos nunca
desconhecê-lo, porque existimos; possamos nunca, em hipótese nenhuma, deixar de
percebê-lo, porque pela percepção alcançamos um devir. Sem este devir não
fazemos nada.
MARINA FIDÉLIS
[2]
Mensagem psicofônica através de Maury Rodrigues
da Cruz em 15/01/91 – Curitiba / Paraná
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