terça-feira, 1 de dezembro de 2015

CONSIDERAÇÕES SOBRE A CURA TRANSITÓRIA E A CURA EFETIVA




F.Altamir da Cunha - Revista RIE – junho de 2015

 
“[...] Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos psíquicos e essa grande oficina achar-se-á levada a santuário de forças e possibilidades espirituais junto das almas.”

(Emmanuel)

 
Desejamos a cura, mas fugimos da responsabilidade, negligenciando com relação à indispensável transformação íntima.
Embora para nós, espíritos encarnados e leigos quanto aos assuntos da alma, saúde signifique apenas o bom funcionamento dos órgãos do corpo físico, na realidade é resultado da interação de vários fatores: espiritual, biológico, psíquico, social etc., e todos funcionando de acordo com a lei de causa e efeito – cada criatura recebendo segundo as suas obras (ou merecimento).
Com base no exposto, podemos afirmar que as moléstias e deficiências são resultado de uma desarmonia interior; ainda que constrangedoras e indesejáveis, são na verdade recursos indispensáveis para a obtenção do equilíbrio psicofísico, conforme nos esclarecem os benfeitores espirituais. De forma alegórica podemos dizer que é o caos antecedendo a ordem; a tempestade eliminando os miasmas doentios antes de causarem epidemias destruidoras.
O desconhecimento sobre essa complexa relação – enfermidades e suas causas, cura e mérito – já causou muito desencanto, e até mesmo revolta, em pessoas que se submeteram a intervenções espirituais e não obtiveram o êxito esperado; algumas não foram curadas e outras apenas foram curadas temporariamente. Sob o peso de tal frustração, não raro, concluem precipitadamente que a intervenção dos espíritos desencarnados no mundo material é uma farsa e que tudo não passa de mistificação por parte daquele que se diz médium.
Para que sejam evitadas conclusões precipitadas como estas, seria oportuno lembramos que Jesus, o excelente médico das almas, ao realizar intervenções magnéticas, libertando as criaturas das enfermidades, advertia a respeito da necessidade de tornar a cura permanente através da renovação íntima. Ao paralítico curado por Ele junto ao poço de Betesda, quando o encontrou no templo, recomendou que não pecasse novamente, para que não tornasse a adoecer; à mulher adúltera, enferma da alma, a mesma orientação. 
Através destas advertências Jesus confirmou a estreita relação entre a cura real e a transformação do enfermo; legou preciosa lição, válida também para a posteridade. Porque não raro, buscamos com avidez a cura de enfermidades que nos fazem sofre, atendendo sempre à lei do menor esforço e na esperança de que o resultado seja imediato; fugimos da responsabilidade, negligenciando com relação à indispensável transformação, olvidando que as enfermidades do corpo, com raras exceções, refletem as distonias do espírito, assim como a saúde é resultado da harmonia interior. Daí podermos afirmar que na alma se encontram, tanto as causas das doenças como os recursos indispensáveis à cura definitiva.
Jamais entenderemos o sucesso ou o insucesso das curas espirituais ou das intervenções médicas, desconsiderando a lei de causa e efeito; há enfermidades que são consequência da negligência de hoje e/ou imensidão de débitos do passado, reclamando do espírito a mudança necessária; contudo, quanto à cura integral, nem sempre é possível em uma só encarnação.  Esta verdade não deve causar qualquer menosprezo às intervenções médicas, às ações medicamentosas, à fluidoterapia ou cirurgias espirituais; elas são ações complementares indispensáveis e através delas pode-se também alcançar a cura definitiva, no entanto, é imprescindível o merecimento do enfermo.
Esclarece muito bem Emmanuel em O Consolador, através da mediunidade de Francisco C. Xavier, na questão 97: “[...] Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos psíquicos e essa grande oficina achar-se-á levada a santuário de forças e possibilidades espirituais junto das almas”.
É inegável a influência dos nossos pensamentos e ações sobre a nossa saúde. O grande filósofo e escritor espírita Leon Denis, em sua obra O problema do ser, do destino e da dor, afirma: “Os nossos atos e pensamentos traduzem-se em movimentos vibratórios, e seu foco de emissão, pela repetição frequente dos mesmos atos e pensamentos, transformam-se pouco a pouco, em poderoso gerador do bem e do mal”. O que podemos complementar de forma mais específica: gerador de algumas pessoas poderá argumentar que sobe essa ótica os espíritos não deveriam prescrever receitas ou realizar cirurgias em enfermos portadores de doenças consideradas pela medicina como incuráveis, pois, esses procedimentos podem gerar uma falsa expectativa nos doentes e em seus familiares. Nós entendemos que esta forma de pensar, apenas atesta o desconhecimento sobre o assunto, pois, um prognóstico médico por mais respeitável que seja, nem sempre corresponde à realidade. São inúmeros os casos de pessoas portadoras de enfermidades, reconhecidas como incuráveis pela medicina, que se curaram e viveram longos anos. Com certeza atenderam às exigências da lei de causa e efeito e se tornaram merecedoras.
Reforçamos que toda tentativa de cura através de intervenções externas não logrará êxito se não acontecerem as mudanças adequadas à neutralização dos fatores internos causadores da doença. Na obra Plenitude de Joana de Angelis, através da mediunidade de Divaldo P. Franco, esclarece: “Certamente as terapias convencionais ajudam na recuperação da saúde, na sua relativa manutenção. Todavia, somente os fatores internos que respondem pelo comportamento emocional e social podem criar as condições permanentes de bem-estar, erradicando as causas penosas, proporcionando outras novas que compensarão aquelas, se não superadas, promovendo o equilíbrio estrutural do ser”.
Para finalizarmos transcrevemos de Céu e o Inferno, da parte 1ª capítulo VII, o resumo do código penal da vida futura que pode ser aplicado muito bem ao assunto em pauta:
 
1.      O sofrimento é inerente à imperfeição.
2.      Toda imperfeição assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas consequências naturais e inevitáveis; a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada indivíduo.
3.      Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente dos males consecutivos e assegurar a futura felicidade.
 
A cada um segundo as suas obras, no céu como na terra: tal é a lei da Justiça Divina.

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