F.Altamir da Cunha - Revista
RIE – junho de 2015
“[...] Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os
elementos medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos
recursos psíquicos e essa grande oficina achar-se-á levada a santuário de
forças e possibilidades espirituais junto das almas.”
(Emmanuel)
Desejamos a cura, mas fugimos da
responsabilidade, negligenciando com relação à indispensável transformação
íntima.
Embora para nós, espíritos
encarnados e leigos quanto aos assuntos da alma, saúde signifique apenas o bom
funcionamento dos órgãos do corpo físico, na realidade é resultado da interação
de vários fatores: espiritual, biológico, psíquico, social etc., e todos
funcionando de acordo com a lei de causa e efeito – cada criatura recebendo
segundo as suas obras (ou merecimento).
Com base no exposto, podemos
afirmar que as moléstias e deficiências são resultado de uma desarmonia
interior; ainda que constrangedoras e indesejáveis, são na verdade recursos
indispensáveis para a obtenção do equilíbrio psicofísico, conforme nos esclarecem
os benfeitores espirituais. De forma alegórica podemos dizer que é o caos
antecedendo a ordem; a tempestade eliminando os miasmas doentios antes de
causarem epidemias destruidoras.
O desconhecimento sobre essa
complexa relação – enfermidades e suas causas, cura e mérito – já causou muito
desencanto, e até mesmo revolta, em pessoas que se submeteram a intervenções
espirituais e não obtiveram o êxito esperado; algumas não foram curadas e
outras apenas foram curadas temporariamente. Sob o peso de tal frustração, não
raro, concluem precipitadamente que a intervenção dos espíritos desencarnados
no mundo material é uma farsa e que tudo não passa de mistificação por parte
daquele que se diz médium.
Para que sejam evitadas conclusões
precipitadas como estas, seria oportuno lembramos que Jesus, o excelente médico
das almas, ao realizar intervenções magnéticas, libertando as criaturas das
enfermidades, advertia a respeito da necessidade de tornar a cura permanente
através da renovação íntima. Ao paralítico curado por Ele junto ao poço de
Betesda, quando o encontrou no templo, recomendou que não pecasse novamente,
para que não tornasse a adoecer; à mulher adúltera, enferma da alma, a mesma
orientação.
Através destas advertências
Jesus confirmou a estreita relação entre a cura real e a transformação do
enfermo; legou preciosa lição, válida também para a posteridade. Porque não
raro, buscamos com avidez a cura de enfermidades que nos fazem sofre, atendendo
sempre à lei do menor esforço e na esperança de que o resultado seja imediato;
fugimos da responsabilidade, negligenciando com relação à indispensável
transformação, olvidando que as enfermidades do corpo, com raras exceções,
refletem as distonias do espírito, assim como a saúde é resultado da harmonia
interior. Daí podermos afirmar que na alma se encontram, tanto as causas das
doenças como os recursos indispensáveis à cura definitiva.
Jamais entenderemos o sucesso ou
o insucesso das curas espirituais ou das intervenções médicas, desconsiderando
a lei de causa e efeito; há enfermidades que são consequência da negligência de
hoje e/ou imensidão de débitos do passado, reclamando do espírito a mudança
necessária; contudo, quanto à cura integral, nem sempre é possível em uma só
encarnação. Esta verdade não deve causar
qualquer menosprezo às intervenções médicas, às ações medicamentosas, à
fluidoterapia ou cirurgias espirituais; elas são ações complementares
indispensáveis e através delas pode-se também alcançar a cura definitiva, no
entanto, é imprescindível o merecimento do enfermo.
Esclarece muito bem Emmanuel em
O Consolador, através da mediunidade de Francisco C. Xavier, na questão 97:
“[...] Quando, porém, o homem espiritual dominar o homem físico, os elementos
medicamentosos da Terra estarão transformados na excelência dos recursos
psíquicos e essa grande oficina achar-se-á levada a santuário de forças e
possibilidades espirituais junto das almas”.
É inegável a influência dos
nossos pensamentos e ações sobre a nossa saúde. O grande filósofo e escritor
espírita Leon Denis, em sua obra O problema do ser, do destino e da dor,
afirma: “Os nossos atos e pensamentos traduzem-se em movimentos vibratórios, e
seu foco de emissão, pela repetição frequente dos mesmos atos e pensamentos,
transformam-se pouco a pouco, em poderoso gerador do bem e do mal”. O que
podemos complementar de forma mais específica: gerador de algumas pessoas
poderá argumentar que sobe essa ótica os espíritos não deveriam prescrever
receitas ou realizar cirurgias em enfermos portadores de doenças consideradas
pela medicina como incuráveis, pois, esses procedimentos podem gerar uma falsa
expectativa nos doentes e em seus familiares. Nós entendemos que esta forma de
pensar, apenas atesta o desconhecimento sobre o assunto, pois, um prognóstico
médico por mais respeitável que seja, nem sempre corresponde à realidade. São
inúmeros os casos de pessoas portadoras de enfermidades, reconhecidas como
incuráveis pela medicina, que se curaram e viveram longos anos. Com certeza
atenderam às exigências da lei de causa e efeito e se tornaram merecedoras.
Reforçamos que toda tentativa de
cura através de intervenções externas não logrará êxito se não acontecerem as
mudanças adequadas à neutralização dos fatores internos causadores da doença.
Na obra Plenitude de Joana de Angelis, através da mediunidade de Divaldo P.
Franco, esclarece: “Certamente as terapias convencionais ajudam na recuperação
da saúde, na sua relativa manutenção. Todavia, somente os fatores internos que
respondem pelo comportamento emocional e social podem criar as condições
permanentes de bem-estar, erradicando as causas penosas, proporcionando outras
novas que compensarão aquelas, se não superadas, promovendo o equilíbrio
estrutural do ser”.
Para finalizarmos transcrevemos
de Céu e o Inferno, da parte 1ª capítulo VII, o resumo do código penal da vida
futura que pode ser aplicado muito bem ao assunto em pauta:
1.
O sofrimento é inerente à imperfeição.
2.
Toda imperfeição assim como toda falta dela
promanada, traz consigo o próprio castigo nas consequências naturais e
inevitáveis; a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que
haja mister de uma condenação especial para cada indivíduo.
3.
Podendo todo homem libertar-se das imperfeições
por efeito da vontade, pode igualmente dos males consecutivos e assegurar a
futura felicidade.
A cada um segundo as suas obras, no céu como na terra: tal é
a lei da Justiça Divina.
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