Adriana Machado
Postamos um texto, há duas
semanas, com o título “Perda de um Ente querido. Deus nos quer sempre bem”. Ele
versa sobre a perda de um ser amado e como isso nos atinge profundamente.
Fixamos o tema na ideia de que, em muitos casos, pensamos que, quando perdemos
alguém, estamos sendo punidos por Deus e como isso nos faz nos sentirmos órfãos
ante a Paternidade Divina.
Hoje, eu gostaria de continuar
neste mesmo tema sobre um outro enfoque. Por isso, se vocês não leram aquele
post, recomendo a sua leitura!
Como ficamos quando os nossos
entes amados se vão e como os afetamos mesmo que indiretamente?
A primeira parte da pergunta é
muito fácil de ser respondida: nós ficamos muito tristes. Isso é um fato.
Muitos são os sintomas que podem ser vivenciados profundamente por cada um de
nós: a saudade bate, arrependimentos se fazem presentes, a culpa por atitudes
impensadas martela o nosso coração...
Na maioria das vezes, sentimos
um vazio em nossas vidas que, a cada dia, nos faz lembrar que alguém deixou de
estar conosco. Então, nós sofremos: sofremos pouco, sofremos muito, sofremos
bastante... depende de cada um de nós.
Pensamos o quanto fomos
vitimados por aquela situação dolorida que nos arrancou de nosso meio a
presença de alguém que nos era muito querido, quase essencial.
Mas, em nosso egocentrismo
pensamos que somente nós sentimos saudade. Esquecemos que não existe morte e
que, do outro lado da vida, aqueles que são alvo de nossa saudade também a
sentem e com intensidade.
Esquecemos que, se eles estão
vivos, também estarão sentindo a mesma ausência, a mesma saudade, a mesma dor
por terem tido a necessidade de se ausentar de uma vida que, em muitos casos,
nem queriam perder.
O interessante, todavia, é que
as nossas emoções não se fixam somente em nós, estejamos nós no plano material
ou espiritual. O amor nos liga ao ser amado aonde quer que ele se encontre.
Vamos pensar: se estamos o tempo
todo em constante ligação energética com quem amamos, imaginem se estivermos
(desencarnados) fixados em alguém (encarnado) que está portando sentimentos de
tristeza, de saudade, de arrependimento e de culpa que foram construídos pela
nossa ausência (no desencarne)?
Imaginem que pudéssemos sentir
tudo isso com muita intensidade! Se não é fácil lidar somente com as nossas
dores, imagine nos depararmos com a dor que “provocamos” em alguém que amamos.
Pois é o que acontece! Quando
estamos no plano extrafísico, as emanações energéticas exacerbadas de nossos
entes encarnados chegam a nós com intensidade e são quase audíveis.
Por isso, se amamos a quem se
foi, temos que tomar cuidado com os sentimentos que alimentamos. Porque sentir
é uma coisa, alimentar esse sentimento é outro bem diferente.
Para todo espírito que
desencarna e que se encontra em um equilíbrio razoável (segundo a sua própria
evolução), existe uma proteção natural que o isolará dos sentimentos normais de
saudade dos entes que ficaram, dando-lhe a oportunidade de uma adaptação à sua
nova etapa de vida.
O problema é quando não acontece
assim. O espírito pode chegar portando algum nível de desequilíbrio que somado
ao fato dos seus entes amados estarem sofrendo devastadoramente, fazem com que
ele não consiga lidar bem com o seu retorno às esferas espirituais.
Ele pode sentir que precisa
ajudar aos seus e, por uma escolha muito equivocada, desejar estar com eles nas
esferas carnais.
Imediatamente, ele se desloca
para junto dos seus amados, fazendo com que todos entrem num processo
prejudicial de influenciação. Se não ficou claro, eu explico: todo espírito é
livre para fazer o que quiser e, no plano espiritual, estará onde ele mais se
identifica. Se ele deseja estar com os seus entes queridos, ele poderá se
deslocar para junto deles. Mas, o problema é que ele não sabe o que fazer,
porque ainda não se adaptou ao plano etéreo.
Então, em decorrência de uma
postura de sofrimento exagerada adotada pelos próprios entes encarnados,
inicia-se um processo obsessivo destes junto ao desencarnado, escravizando-o e
alimentando uma ligação dolorosa de sofrimento mútuo.
Vê-se, portanto, que esse
processo de influenciação pode partir dos encarnados. E isso em razão da
ignorância daqueles que amam, mas que não conseguem amar livremente. Não
conseguem libertar o alvo de seu amor, por acreditar que eles (encarnados)
somente serão felizes ao lado daquele que se foi. Não conseguem entender que
amar é libertar, é aceitar os desígnios de Deus, quando chega o momento em que
os seres que se amam precisam se distanciar por algum tempo. Não acreditam que
a ponte de amor que os une é forte para jamais se romper.
Por isso, precisamos ficar
atentos aos nossos sentimentos desequilibrantes, seja para dar alento ao
coração daquele amado que se distanciou, seja para que possamos aprender o
melhor desse momento doloroso e trazermos paz ao nosso próprio coração.
Por incrível que pareça, a
saudade é um sentimento importante em todos os seres, mas que quando em
exagero, nos traz sofrimentos incalculáveis.
Se não sentíssemos saudade, não
daríamos a devida importância àquela pessoa em nossa vida. Mas, para o nosso
próprio bem, cabe a nós compreendermos que essa saudade deve caber em nosso
coração. Se for maior do que ele, nos sufocará, bem como sufocará o ente amado
que a sentirá com todas as dores construídas por nós e que a ela (saudade)
forem somadas.
Portanto, acreditemos que somos
capazes de viver a vida com a lembrança saudosa dos nossos entes queridos.
Assim, estaremos construindo um futuro de felicidade para nós e para eles,
dando-nos a condição de quando chegar a nossa vez de viajar para o outro lado,
estejamos aptos para sermos recebidos com louvor por estes seres tão amados.
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