Manuel Vianna de Carvalho[2]
Sutilmente vai-se popularizando
uma forma lamentável de revelação mediúnica, valorizando as questões
perturbadoras que devem receber tratamento especial, ao invés de divulgação
popularesca de caráter apocalíptico.
Existe um atavismo no
comportamento humano em torno do Deus temor que Jesus desmistificou,
demonstrando que o Pai é todo Amor, e que o Espiritismo confirma através das
suas excelentes propostas filosóficas e ético-morais, o qual deve ser examinado
com imparcialidade.
Doutrina fundamentada em fatos,
estudada pela razão e lógica, não admite em suas formulações esclarecedoras
quaisquer tipos de superstições, que lhe tisnariam a limpidez dos conteúdos
relevantes, muito menos ameaças que a imponham pelo temor, como é habitual em
outros segmentos religiosos.
Durante alguns milênios o medo
fez parte da divulgação do Bem, impondo vinganças celestes e desgraças a todos
aqueles que discrepassem dos seus postulados, castrando a liberdade de pensamento
e submetendo ao tacão da ignorância e do primitivismo cultural as mentes mais
lúcidas e avançadas...
O Espiritismo é ciência que
investiga e somente considera aquilo que pode ser confirmado em laboratório,
que tenha caráter de revelação universal, portanto, sempre livre para a
aceitação ou não por aqueles que buscam conhecer-lhe os ensinamentos.
Igualmente é filosofia que esclarece e jamais apavora, explicando, através da
Lei de Causa e Efeito, quem somos, de onde viemos, para onde vamos, porque sofremos,
quais são as razões das penas e das amarguras humanas... De igual maneira, a
sua ética-moral é totalmente fundamentada nos ensinamentos de Jesus, conforme
Ele os enunciou e os viveu, proporcionando a religiosidade que integra a
criatura na ternura do seu Criador, sendo de simples e fácil formulação.
Jamais se utiliza das tradições
míticas greco-romanas, quais das Parcas, sempre tecendo tragédias para os seres
humanos, ou de outras quaisquer remanescentes das religiões ortodoxas
decadentes, algumas das quais hoje estão reformuladas na apresentação,
mantendo, porém, os mesmos conteúdos ameaçadores.
De maneira sistemática e
contínua, vêm-se tornando comuns algumas pseudo revelações alarmantes, substituindo as figuras
mitológicas de Satanás, do Diabo, do Inferno, do Purgatório, por Dragões,
Organizações demoníacas, regiões punitivas atemorizantes, em detrimento do amor
e da misericórdia de Deus que vigem em toda parte.
Certamente existem
personificações do Mal além das fronteiras físicas, que se comprazem em afligir
as criaturas descuidadas, assim como lugares de purificação depois das
fronteiras de cinza do corpo somático, todos, no entanto, transitórios, como
ensaios para a aprendizagem do Bem e sua fixação nos painéis da mente e do
comportamento.
O Espiritismo ressuscita a
esperança e amplia os horizontes do conhecimento exatamente para facultar ao
ser humano o entendimento a respeito da vida e de como comportar-se dignamente
ante as situações dolorosas.
As suas revelações objetivam
esclarecer as mentes, retirando a névoa da ignorância que ainda permanece
impedindo o discernimento de muitas pessoas em torno dos objetivos essenciais
da existência carnal.
Da mesma forma como não se deve
enganar os candidatos ao estudo espírita, a respeito das regiões celestes que
os aguardam, desbordando em fantasias infantis, não é correto derrapar nas
ameaças em torno de fetiches, magias e soluções miraculosas para os problemas
humanos, recorrendo-se ao animismo africanista, de diversos povos e às suas
superstições. No passado, em pleno período medieval, as crenças em torno dos
fenômenos mediúnicos revestiam-se de místicas e de cerimônias cabalísticas,
propondo a libertação dos incautos e perversos das situações perniciosas em que
transitavam.
O Espiritismo, iluminando as
trevas que permanecem dominando incontáveis mentes, desvela o futuro que a
todos aguarda, rico de bênçãos e de oportunidades de crescimento
intelecto-moral, oferecendo os instrumentos hábeis para o êxito em todos os
cometimentos.
A sua psicologia é fértil de lições
libertadoras dos conflitos que remanescem das existências passadas, de
terapêuticas especiais para o enfrentamento com os adversários espirituais que
procedem do ontem perturbador, de recursos simples e de fácil aplicação.
A simples mudança mental pra
melhor proporciona ao indivíduo a conquista do equilíbrio perdido,
facultando-lhe a adoção de comportamentos saudáveis que se encontram exarados
em O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, verdadeiro tratado de
eficiente psicoterapia ao alcance de todos que se interessem pela conquista da
saúde integral e da alegria de viver.
Após a façanha de haver matado a
morte, o conhecimento do Espiritismo faculta a perfeita integração da criatura
com a sociedade, vivendo de maneira harmônica em todo momento, onde quer que se
encontre, liberada de receios injustificáveis e sintonizada com as bênçãos que
defluem da misericórdia divina.
A mediunidade, desse modo, a
serviço de Jesus, é veículo de luz, de seriedade, dignificando o seu
instrumento e enriquecendo de esperança e de felicidade todos aqueles que se
lhe acercam.
Jamais a mediunidade séria
estará a serviço dos Espíritos zombeteiros, levianos, críticos, contumazes de
tudo e de todos que não anuem com as suas informações vulgares, devendo
tornar-se instrumento de conforto moral e de instrução grave, trabalhando a
construção de mulheres e de homens sérios que se fascinem com o Espiritismo e
tornem as suas existências úteis e enobrecidas.
Esses Espíritos burlões e
pseudossábios devem ser esclarecidos e orientados à mudança de comportamento,
depois de demonstrado que não lhes obedecemos, nem lhes aceitamos as sugestões
doentias, mentirosas e apavorantes com as histórias infantis sobre as
catástrofes que sempre existiram, com as informações sobre o fim do mundo, com
as tramas intérminas a que se entregam para seduzir e conduzir os ingênuos que
se lhes submetem facilmente...
O conhecimento real do
Espiritismo é o antídoto para essa onda de revelações atemorizantes, que se
espalha como um bafio pestilencial, tentando mesclar-se aos paradigmas
espíritas que demonstraram desde o seu surgimento a legitimidade de que são
portadores, confirmando o Consolador que Jesus prometeu aos seus discípulos e
se materializou na incomparável Doutrina.
Ante informações mediúnicas desastrosas
ou sublimes, um método eficaz existe para a avaliação correta em torno da sua
legitimidade, que é a universalidade do ensino, conforme estabeleceu o preclaro
Codificador.
Desse modo, utilizando-se da
caridade como guia, da oração como instrumento de iluminação e do conhecimento
como recurso de libertação, os adeptos sinceros do Espiritismo não se devem
deixar influenciar pelo moderno terrorismo de natureza mediúnica, encarregado
de amedrontar, quando o objetivo máximo da Doutrina é libertar os seus adeptos,
a fim de os tornar felizes.
[1] Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco,
no dia 7 de dezembro de 2009, durante o XVII Congresso Espírita Nacional, em
Calpe, Espanha.
[2] MANUEL VIANNA DE CARVALHO - Nascido na cidade de Icó,
Estado do Ceará, aos 10 de dezembro de 1874, era filho do professor Tomás
Antônio de Carvalho e de D. Josefa Viana de Carvalho. Desencarnou a bordo do
navio “Íris”, sendo o seu corpo sepultado na Bahia, aparentemente em Salvador.
Era o dia 13 de outubro de 1926. Bandeirante Espírita, a sua palavra era
atraente e arrebatadora, conseguindo, entre os espíritas uma penetração
inusitada e inconfundível. Como conferencista era dos mais requisitados; como
polemista, um dos mais salientes. Seu verbo inspirado, sua voz harmoniosa, sua
animação, assumiam, às vezes, tonalidades e aspectos impressionantes. Foi na
realidade um mágico da palavra, esteta do sentimento. Utilizando-se da
mediunidade de Divaldo Franco, psicografou diversas mensagens que se
transformaram em fonte de pesquisa e informação Espíritas.
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