20/10/2013
A destruição de um sistema
solar, captada pela primeira vez pelo telescópio Kepler, da NASA, pode dar uma
resposta para uma questão que muita gente se pergunta: o que vai acontecer com
a Terra quando o Sol apagar?
Por ora, não é algo com o qual
devamos nos preocupar - ainda faltam cerca de 5 bilhões de anos.
Mas pesquisadores descobriram os
restos de um mundo rochoso em vias de decomposição girando em torno de uma anã
branca (o núcleo ardente que permanece de uma estrela quando ela já consumiu
todo seu combustível nuclear), que pode fornecer pistas interessantes sobre o
possível cenário do "fim do mundo".
A estrela moribunda, do mesmo
tipo que nosso Sol e batizada de WD1145+017, fica na constelação de Virgo, a
570 anos-luz da Terra.
Segundo um estudo publicado esta
semana pela revista Nature, a diminuição regular da intensidade de seu brilho -
uma queda de 40% que se repete a cada 4,5 horas - indica que há vários pedaços
de rocha de um planeta em decomposição orbitando em espiral a seu redor.
"Isso é algo que nenhum ser
humano tinha visto antes", afirmou Andrew Vanderburg, pesquisador do
Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian e principal autor do estudo.
"Estamos vendo a destruição
de um sistema solar."
O planeta em questão, explica o
cientista, seria menor que a Terra: teria tamanho semelhante ao de Ceres (o
maior objeto do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter), ainda que, no
passado, possa ter sido maior.
Um retrato do que virá
As imagens de Kepler,
corroboradas por observações e medições de outros telescópios, mostram um total
de seis ou mais fragmentos rochosos e poeira.
Isso indica que o planeta está
em processo de decomposição, impulsionado pela gravidade da estrela que o atrai
em direção a ela.
Os restos estão evaporando, e no
processo deixam uma cauda de moléculas - que explica a presença de poeira- como
se fossem cometas.
Os cientistas acreditam que a
morte da estrela possa ter desestabilizado a órbita de um planeta maciço
vizinho a ponto de empurrar outros planetas rochosos menores em direção à
estrela.
"Acreditamos que
descobrimos o processo em seu início", disse Patrick Dufour, físico da
Universidade de Montreal, no Canadá, e coautor do estudo.
"Isso é muito raro e muito
interessante", acrescentou.
A hora final
Quando chegar a vez no nosso
Sol, que ainda vive em plenitude, o mais provável é que este processo se
repita.
Assim como o WD1145+017, quando
o hidrogênio acabar o Sol começará a queimar elementos mais pesados como hélio,
carbono e oxigênio, e se expandirá de forma massiva até se desfazer de suas
camadas externas e se tornar uma anã branca de tamanho semelhante ao núcleo de nosso
planeta.
Ao fazer isso, consumirá
provavelmente a Terra, Vênus e Mercúrio. E, na eventual hipótese de a Terra
sobreviver a esta convulsão, ela acabará destruída em pedaços à medida que a
gravidade da anã branca a atrair em direção a ela.
"Podemos estar vendo como
nosso próprio sistema solar vai se desintegrar no futuro", explica
Vanderburg.
Por sorte, ainda faltam bilhões
de anos para isso.
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