James Gallagher Editor de
Saúde da BBC News - 23 setembro 2015
Neste exato momento, você está
envolto por uma "nuvem" única, formada por milhares de bactérias,
suas próprias bactérias, segundo um estudo feito por cientistas da Universidade
do Oregon, nos Estados Unidos.
Ao entrar na nuvem de uma outra
pessoa, você é atingido por uma "chuva" de bactérias em sua pele e
vai respirá-las, até chegarem ao seu pulmão.
Essa descrição está em um
estudo, divulgado na publicação científica PeerJ, que analisou 11 pessoas e
concluiu que é possível identificá-las pelos micróbios.
Outras pesquisas já haviam
mostrado a extensão do nosso microbioma – conjunto de bactérias, vírus e fungos
no nosso corpo.
Esse grupo pode ser transmitido
por meio de contato direto, pelo ar ou por células mortas presentes na poeira.
Você pode dar um
passo para trás, por favor?
Os participantes do estudo
permaneceram em uma câmara fechada por quatro horas, onde o ar era bombardeado
para dentro por meio de um filtro, para evitar contaminação.
Já os filtros dentro do cômodo
coletavam amostras da "nuvem" das pessoas. E cientistas então
analisaram as bactérias coletadas.
"Acreditamos que vamos ser
capazes de detectar o microbioma humano no ar que rodeia uma pessoa, mas
ficamos surpresos em descobrir que podíamos identificar a maioria das pessoas
do grupo apenas pelas amostras da nuvem de micróbios", disse um dos
pesquisadores, Dr. James Meadow.
O microbiólogo Ben Neuman, da
Universidade de Reading, disse à BBC: "Você pode sentir o cecê ('cheiro'
de corpo) de uma pessoa e ainda sabe que todas aquelas coisas estão rastejando
em você – que maravilha!"
Segundo ele, essa
"descoberta nojenta" faz sentido, já que há uma crescente percepção
do microbioma, e mostra que, ao trocarmos bactérias, "estamos mudando um
ao outro".
Para Neuman, seria útil saber
quais bactérias podem "voar" pelo ar. Mas ele deixa claro que não há
com o que se preocupar.
Um banho extra?
O microbiólogo argumenta que não
é o caso de se tomar mais banhos por dia.
"Não ajudaria. Precisamos
apenas superar isso e seguir adiante."
Na nuvem, há grupos de bactérias
como a Streptococcus, que é comum em
bocas, e outras que são encontradas em peles, como a Propionibacterium e Corynebacterium.
Os pesquisadores afirmam que
essa combinação pode ter uma "aplicação forense", para se detectar se
alguém passou por um determinado local.
No entanto, ainda não está claro
o quanto o microbioma de cada um pode mudar ao longo do tempo.
Adam Altrichter, um dos pesquisadores
do projeto disse à BBC: "Precisamos entender que não somos seres
assépticos e isso é algo completamente natural e saudável".
Segundo ele, o tamanho das
nuvens ainda não foi medido, mas é estimado que ela se estenda por 30
centímetros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário