Escolhido como o primeiro
paciente que irá passar por um transplante de cabeça, Valery Spiridonov disse
não ter pressa para a operação. O procedimento foi confirmado pelo
neurocirurgião Sergio Canavero, do Grupo Avançado de Neuromodulação de Turim.
"Lido com este tema com
bastante tranquilidade, à espera que a data seja confirmada. Não me importa
onde ou quando, não tenho pressa. O que me importa é a confiabilidade do
procedimento" explicou à agência EFE o russo de 30 anos que se candidatou
ao procedimento.
O método consiste na junção da
espinha dorsal da cabeça separada com a espinha dorsal do corpo receptor por
meio de uma substância química. Depois desse processo, cirurgiões têm de unir e
suturar todos os músculos e vasos sanguíneos envolvidos. Para isso, o paciente
será induzido a quatro semanas de coma para que não faça qualquer movimento.
A intervenção tem custo alto:
além das quatro semanas de coma, o indivíduo deverá ficar até um ano sem andar.
Segundo Canavero, a técnica pode revolucionar o tratamento de vários tipos de
câncer e de degenerações nervosas. Por outro lado, a comunidade científica
questiona o processo não só de sua perspectiva técnica, mas também ética.
Vítima de atrofia muscular
espinhal, doença degenerativa e sem cura, Spiridonov aceitou de maneira
voluntária ser o paciente operado. O plano é separar sua cabeça de seu corpo e
implantá-la em outro corpo, sendo esse saudável e vindo de um doador que tenha
tido uma morte cerebral.
“As chances do procedimento
funcionar e tudo acabar bem são de 90%, mas é claro que existe um risco
marginal e eu não posso negá-lo. Nosso voluntário é um homem corajoso, em uma
condição horrível. Vocês precisam compreendê-lo. Para ele, a medicina ocidental
falhou, não tem nada a oferecer”, explica Canavero.
A explicação do italiano tem uma
razão bem explícita: a questão ética. Por ser arriscada e nunca ter
sido realizada, a cirurgia é criticada por boa parte da comunidade médica
devido às origens dos corpos, que deverão ser omitidas. Superadas essas
questões, os médicos deverão partir para o lado mais complicado da situação: o
físico.
A expectativa é que, após o
transplante, o paciente passe meses em coma e demore até mais de um ano para
voltar a andar. Segundo Canavero, o procedimento cirúrgico duraria muitas horas
e teria que ser realizado por uma equipe com dezenas de médicos.
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