quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Paciente que fará primeiro transplante de cabeça se diz confiante[1]




Escolhido como o primeiro paciente que irá passar por um transplante de cabeça, Valery Spiridonov disse não ter pressa para a operação. O procedimento foi confirmado pelo neurocirurgião Sergio Canavero, do Grupo Avançado de Neuromodulação de Turim.
"Lido com este tema com bastante tranquilidade, à espera que a data seja confirmada. Não me importa onde ou quando, não tenho pressa. O que me importa é a confiabilidade do procedimento" explicou à agência EFE o russo de 30 anos que se candidatou ao procedimento.
O método consiste na junção da espinha dorsal da cabeça separada com a espinha dorsal do corpo receptor por meio de uma substância química. Depois desse processo, cirurgiões têm de unir e suturar todos os músculos e vasos sanguíneos envolvidos. Para isso, o paciente será induzido a quatro semanas de coma para que não faça qualquer movimento.
A intervenção tem custo alto: além das quatro semanas de coma, o indivíduo deverá ficar até um ano sem andar. Segundo Canavero, a técnica pode revolucionar o tratamento de vários tipos de câncer e de degenerações nervosas. Por outro lado, a comunidade científica questiona o processo não só de sua perspectiva técnica, mas também ética.
Vítima de atrofia muscular espinhal, doença degenerativa e sem cura, Spiridonov aceitou de maneira voluntária ser o paciente operado. O plano é separar sua cabeça de seu corpo e implantá-la em outro corpo, sendo esse saudável e vindo de um doador que tenha tido uma morte cerebral.
“As chances do procedimento funcionar e tudo acabar bem são de 90%, mas é claro que existe um risco marginal e eu não posso negá-lo. Nosso voluntário é um homem corajoso, em uma condição horrível. Vocês precisam compreendê-lo. Para ele, a medicina ocidental falhou, não tem nada a oferecer”, explica Canavero.
A explicação do italiano tem uma razão bem explícita: a questão ética. Por ser arriscada e nunca ter sido realizada, a cirurgia é criticada por boa parte da comunidade médica devido às origens dos corpos, que deverão ser omitidas. Superadas essas questões, os médicos deverão partir para o lado mais complicado da situação: o físico.
A expectativa é que, após o transplante, o paciente passe meses em coma e demore até mais de um ano para voltar a andar. Segundo Canavero, o procedimento cirúrgico duraria muitas horas e teria que ser realizado por uma equipe com dezenas de médicos.

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