Imagine um dia em que será
possível trazer os mortos de volta à vida? Loucura? Não para dois médicos
norte-americanos e muitas pessoas que já “encomendam” o congelamento de seus
corpos quando a hora da morte chegar.
De acordo com um artigo de David
Robson da BBC Future, Peter Rhee, da Universidade do Arizona, e Samuel
Tisherman, da Universidade de Maryland, uniram seus esforços nesse objetivo de
“ressuscitar” os humanos. Mas, antes, é claro, já realizaram testes que
envolvem uma técnica radical em animais.
O procedimento envolve a
drenagem de todo o sangue do corpo do paciente seguido de um resfriamento de
cerca de 20 graus abaixo a temperatura normal do corpo. Feito isso, assim que o
problema do paciente é resolvido, o sangue é bombeado de volta e o corpo é
reaquecido lentamente. Ao atingir 30 graus Celsius, o coração volta a bater e
com o aquecimento progressivo vai se tornando mais estável.
Mas como foram os testes em
animais? Será que as cobaias se recuperaram bem? De acordo com o que Samuel
Tisherman falou à BBC, surpreendentemente, os animais em seus experimentos
demonstraram muito poucos efeitos nocivos quando acordaram. "Eles ficaram
um pouco grogues ao acordar, mas no dia seguinte já estavam bem", disse o
médico.
Novo desafio
A ideia, proposta pelos médicos
já em meados de 2014, é agora realizar os testes em humanos. Apesar de ter sido
há alguns meses, as informações dessa futura experiência voltaram à tona nas
manchetes dos sites científicos nas últimas semanas.
Na época em que mostraram os
resultados dos testes em animais, os dois médicos anunciaram que estavam
prontos para começar os testes em pessoas, mais precisamente em vítimas de
armas de fogo em Pittsburgh, na Pensilvânia, o que causou certa polêmica e
exageros por parte da imprensa.
Porém, o médico Tisherman sempre
tentou se manter cauteloso. Segundo David Robson, da BBC Future, em conversa
com o especialista, ele tomou cuidado ao usar o termo “animação suspensa”, que
é o que os jornais divulgaram na época.
"Minha preocupação não é
que seja inexata. O problema é que quando as pessoas pensam no termo, elas
pensam sobre os viajantes do espaço que são congelados e acordados em Júpiter,
ou em Han Solo de Star Wars", disse ele, comparando com ficção científica.
Ele afirma que esse tipo de percepção não ajuda, pois o projeto é baseado em um
trabalho experimental que é estudado de forma séria e disciplinada.
Apesar de Samuel Tisherman ser
mais contido e centrado, seu companheiro de trabalho, o médico Peter Rhee, já é
mais ousado nas declarações e usa o termo que seu colega prefere manter sob
cuidado. Segundo a BBC Future, ele diz que não descartaria a animação suspensa
em longo prazo, em um futuro distante. "O que estamos fazendo é começar
parte dessa experiência."
Ressuscitação
O foco de Tisherman é o ponto em
que os médicos acreditam que a reanimação já é uma causa perdida, e, mesmo
assim, algumas pessoas ainda conseguem voltar à vida de forma notável.
Em dezembro passado, um artigo
na revista Resuscitation causou um
rebuliço, sugerindo que 50% dos médicos de emergência pesquisados têm
testemunhado os apelidados “fenômenos de Lázaro”, em que o coração de um
paciente começou a bater novamente, por si só, depois que os médicos já tinham
perdido as esperanças de reanimação.
Mas há que se reconhecer que o
ato de “reiniciar” o coração é apenas metade da batalha dos médicos nessas
situações, pois a falta de oxigênio após uma parada cardíaca pode causar sérios
danos aos órgãos vitais do corpo, especialmente ao cérebro. Isso porque, a cada
minuto que passa sem oxigênio para os órgãos, eles começam a morrer e se
deteriorar.
Mas é aí que entra a chamada
“hipotermia terapêutica”, termo cunhado pelo antigo mentor de Tisherman, Peter
Safar, que realizou experiências de resfriamento do corpo, que era geralmente
feita com compressas de gelo, deixando a temperatura corporal em torno de 33
graus.
Com isso, as células passam a
trabalhar de forma mais lenta, reduzindo seu metabolismo e danos que poderiam
ser causados pela falta de oxigenação. Combinando o resfriamento com máquinas
que podem assumir o trabalho da circulação, além do bombeamento de oxigênio,
isso ajudou a abrir uma nova perspectiva entre a parada cardíaca e a morte
cerebral.
De acordo com a BBC Future, um
hospital no Texas (EUA) informou recentemente que um homem de quarenta anos de
idade tinha sobrevivido, com sua mente intacta, depois de três horas e meia de
parada cardiorrespiratória. Mas como isso é possível? Segundo a BBC, seu
tratamento envolveu uma rotação constante de estudantes de medicina,
enfermeiros e médicos que se revezaram para realizar as compressões torácicas.
Scott Taylor Bassett, um dos
médicos presentes, disse que esses casos são raros, mas eles ficaram motivados
a continuar, porque o paciente recuperou a consciência durante a massagem
torácica, apesar do fato de que seu coração ainda não estava funcionando.
"Durante as compressões ele falava conosco, mostrando que ele estava
neurologicamente intacto. Eu nunca havia visto isso antes", disse Bassett.
Ganhando tempo
Apesar de fascinante, esse tipo
de reanimação em longo prazo é praticamente impossível para pacientes com lesão
por trauma, como ferimentos a bala ou acidentes de carro, pois isso exige uma
ação rápida.
É por esta razão que Tisherman
anseia pelo projeto de resfriar o corpo do paciente a cerca de 10 a 15 graus,
dando aos médicos uma boa janela de tempo (de cerca de duas ou mais horas) para
realizarem procedimentos cirúrgicos.
Talvez o mais surpreendente de
todo esse processo seja a ação da equipe de drenar o sangue do corpo e
substituí-lo por soro fisiológico gelado. Isso é explicado de forma que, como o
metabolismo do corpo foi interrompido com a morte, o sangue não é necessário
para manter as células vivas, e uma solução salina é a maneira mais rápida para
resfriar o paciente.
Rhee, Tisherman e suas equipes
passaram duas décadas construindo uma carteira substancial de evidências para
provar que o procedimento é seguro e eficaz. Muitos dos experimentos envolveram
porcos com ferimentos quase fatais. Mas as experiências conseguiram reverter o
quadro de vários deles: “É a coisa mais incrível de testemunhar quando o
coração volta a bater", disse Rhee.
O mais incrível é que os animais
não sofreram nenhum tipo de dano de cerebral, segundo os testes realizados após
o resfriamento e procedimentos cirúrgicos necessários. Por exemplo, antes do
procedimento, os pesquisadores treinaram alguns dos porcos para abrir um
recipiente de uma determinada cor, onde uma maçã estava escondida. Depois de
terem sido ressuscitados, a maioria dos animais lembrava onde ir buscar a
fruta.
Apesar das várias evidências, os
testes em humanos ainda não foram totalmente aprovados e os médicos vêm
enfrentando muitos obstáculos para que isso aconteça. Exceto no caso dos
feridos à bala em Pittsburgh.
O hospital local recebe um ou
dois pacientes desse tipo por mês, o que significa que alguns já foram tratados
com a técnica desde o início do projeto, embora ainda seja muito cedo para
Tisherman falar sobre os resultados. E, você, leitor, o que acha desse tipo de
intervenção para trazer os recém-mortos de volta à vida? Apoia ou não?
[1] http://www.google.de/imgres?imgurl=http%3A%2F%2Fimg.ibxk.com.br%2F2014%2F11%2F07%2F07154047068619.jpg%253Fw%253D1040&imgrefurl=http%3A%2F%2Fwww.megacurioso.com.br%2Fmedicina-e-psicologia%2F50294-de-volta-a-vida-medicos-querem-testar-tecnica-de-ressuscitacao-em-humanos.htm&h=667&w=1000&tbnid=znreQfpWtg9dYM%3A&zoom=1&docid=J2JduS8JH3JLoM&ei=eNyZVZ78NIugNqWImpgB&tbm=isch&iact=rc&uact=3&dur=2301&page=2&start=12&ndsp=26&ved=0CHMQrQMwFw
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