O
único e verdadeiro caminho através do qual Deus pode ser percebido em Sua
Palavra, Essência e Vontade, é quando o homem alcança um estado de unidade
consigo mesmo, e quando – não só em sua imaginação, mas em sua vontade, possa
deixar tudo o que é eu pessoal, ou o
que pertence ao eu: dinheiro e bens,
pai e mãe, irmão e irmã, esposa e filhos, corpo e vida, quando o seu próprio eu se transforma num nada. Ele deve
entregar tudo e se tornar mais pobre que um pássaro no ar, que possui um ninho.
O
homem não deve ter um ninho para o seu coração neste mundo. Não que se deva
fugir de casa, abandonar esposa, filhos ou parentes, cometer suicídio, ou jogar
fora suas propriedades, a fim de não estar corporalmente presente; deve-se
matar e anular a vontade própria, aquela que clama por todas essas coisas como
sua possessão. O homem deve entregar
tudo isso ao seu Criador, e dizer com todo consentimento de seu coração:
‘Senhor, tudo é seu’! Sou indigno de governar tudo isso, mas como Tu me
colocastes ali, devo cumprir meu dever entregando minha vontade a Ti, de forma
total e completa. Aja através de mim da forma que quiseres, a fim de que a Sua
vontade seja feita em todas as coisas e em tudo que eu seja chamado a fazer
para o benefício de meus irmãos, a quem sirvo segundo o teu mandamento. Aquele
que penetra neste estado de resignação suprema entra em união divina com
Cristo, a fim de ver ao Próprio Deus. Ele fala com Deus e Deus fala com ele,
ele sabe qual é a Palavra, a "Essência, e a Vontade de Deus”.
Siga
meu conselho, deixe de buscar o conhecimento de Deus, através da sua vontade
egoísta e de teu raciocínio; jogue fora tua razão imaginária, aquela que teu eu
mortal pensa que possui, então tua vontade será a vontade de Deus. Se Ele
encontrar a Sua vontade como sendo a sua vontade na Dele, então a Sua vontade
irá se manifestar em sua vontade, como se fosse em Sua própria propriedade. Ele
é Tudo, e o que quer que desejes saber no Tudo está Nele. Não há nada oculto
diante Dele, e tu verás em Sua própria luz.
Tudo
o que se busca e se investiga sobre os mistérios divinos num espírito de
egoísmo é inútil. A vontade própria não pode compreender nada de Deus, porque
essa vontade não está em Deus, mas é externa à Ele. A vontade num estado de
tranquilidade divina, compreende o divino, porque é um instrumento do Espírito,
e é o espírito em que a vontade é tranquila que tem a faculdade de tal
compreensão. Há muitas coisas, sem dúvida, que podem ser investigadas,
aprendidas e compreendidas num espírito de egoísmo, mas a concepção assim
formada pela mente não passa de uma aparência externa, e não há compreensão do
fundamento essencial.
A
vontade deve buscar ou desejar nada mais do que a misericórdia de Deus no
Cristo; deve entrar continuamente no amor de Deus, e não permitir que nada a
afaste deste objetivo. Se a razão externa triunfa e diz: ‘Eu tenho o verdadeiro
conhecimento’ então a vontade deve fazer a razão carnal curvar-se à terra,
fazendo com que entre num estado mais elevado de humildade, e com que repita
sempre para si mesma as palavras: “És tola. Tu nada possuis senão a
misericórdia de Deus”.
Tente
penetrar essa misericórdia e tornar-se um nada em si mesmo, e afaste-se de todo
o seu próprio conhecimento e desejo egoísta, reconhecendo-os como algo
inteiramente impotente. Então a vontade própria natural, irá entrar num estado
de abandono, e o Espírito Santo de Deus irá tomar uma forma viva dentro de ti,
inflamando a alma com suas chamas de amor divino. Assim, o conhecimento elevado
e a ciência do Centro de todo ser irá surgir. O eu humano irá começar a perceber o Espírito de Deus, tremulamente e
na alegria da humildade, e será capaz de ver o que está contido no tempo e na
eternidade. Tudo está perto de uma alma nesse estado, pois a alma não é mais
propriedade sua, mas um instrumento de Deus. Em tal estado de calmaria e
humildade a alma deve permanecer, como uma fonte permanece em sua própria
origem, ela deve, sem cessar, atrair e beber daquele poço, e nunca mais desejar
deixar o caminho de Deus.
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