quarta-feira, 6 de maio de 2015

Lei do Amor[1]


I
O amor é a essência divina e, do primeiro ao último, vós possuís no fundo de vossos corações a centelha deste fogo sagrado: é um fato que vós pudestes constatar muitas vezes. O homem mais abjeto, mais vil, mais criminoso, tem, por um ser ou por um objeto qualquer, uma afeição viva e ardente, à prova de todos os sentimentos que tencionam diminuí-la, afeição que sempre atinge proporções sublimes. Eu disse acima por um ser ou por um objeto qualquer porque existem entre vós indivíduos que gastam os tesouros do amor em seu coração sobejamente com animais, com plantas, com objetos materiais, totalmente insensíveis a essas provas de ternura. São os tolos misantropos que, queixando-se dos humanos em geral, são contrários à inclinação natural de suas almas e procuram afeição e simpatia e reduzem a lei do amor ao seu estado de instinto. Mas, o que podem fazer, eles não sabem sufocar o germe vivaz que Deus fez brotar em seu coração em sua criação, ela se desenvolve e cresce com a moral e a inteligência e, embora sempre comprimido pelo egoísmo, deixa brilhar as santas e doces virtudes que fazem as afeições sinceras e duráveis e ajudam a atravessar a estrada árdua e árida da existência humana.
Vós dizíeis, antigamente: amar o quê? É uma grande dor: a morte destruiu as afeições mais santas. O Espiritismo, acredito, satisfez-vos plenamente com relação a esse ponto e preencheu esse vazio, dando-vos a inefável consolação de vos comunicardes com esses seres amados. Contudo, há algumas pessoas que repelem a prova da reencarnação, neste sentido de que outros participarão das simpatias afetuosas das quais elas têm ciúmes.
Pobres irmãos! É sua imperfeição que os deixa egoístas. Seu amor está restrito a um circulo íntimo de parentes ou de amigos e todos os outros vos são indiferentes. Bem, para praticar a lei do amor, a que Deus compreende, é necessário que vós chegueis, por degraus, a amar todos os vossos irmãos indistintamente, como vossos amigos, vossos parentes, vossos filhos, vós mesmos.
A tarefa será longa e difícil de ser cumprida, mas ela o será: Deus quer! E a lei do amor é o primeiro e o mais importante preceito de vossa doutrina. A prática geral dessa virtude tornará as outras fáceis. Coragem! Vós conseguireis! Nos mundos superiores é o amor mútuo que harmoniza e dirige os Espíritos evoluídos que os habitam e seu planeta, destinado a um progresso vindouro para sua transformação social, verá ser praticada por seus habitantes a sublima lei do amor, reflexo ardente e luminoso saído do coração de Deus.
II
Amai-vos uns aos outros e sejam felizes. Prendei-vos, sobretudo, à tarefa de amar os que inspiram indiferença, raiva e desprezo em vós. O Cristo, a quem devemos fazer nosso modelo, vos deu o exemplo dessa devoção.  Missionário do amor, Ele amou a ponto de dar aos homens seu sangue e sua vida. O sacrifício que o compele a amar os que o ofendem e o perseguem é muito difícil, mas não há amor sem isso. É a hóstia sem manchas ofertada a Deus no altar de seus corações, hóstia de fragrância agradável, cujo perfume ascende até Ele.
A antiga lei do amor de amar-se indistintamente a todos os seus irmãos não insensibiliza o coração aos procedimentos maus, eu sei, eu experimentei essa tortura em minha última existência terrestre. Mas, este é o mérito da provação e Deus pune nesta vida e na outra aos que falham nesta lei.
Portanto, amai-vos uns aos outros, meus amigos: o amor aproxima de Deus. Que vosso amor seja sem limites; amai acima de tudo, vosso Criador; amai vossos semelhantes; amai o inseto escondido na grama, os pequenos peixes em seu ninho de líquen, todos os animais que Deus colocou em sua dependência; amai também as árvores das florestas, as flores de vossos jardins, os trigos verdejantes, a colheita dourada, os frutos do pomar, a vindima jubilosa; amai a Deus em todas as vossas obras, amai o sol, as estrelas, o estrondo do trovão, a montanha alta, o desfiladeiro profundo, a campina fértil, os montes risonhos, os rios, as flores, os riachos, o mar imenso e que esse sentimento, suavizando sua provação terrestre, prepare suas almas para a passagem da morte para a vida, em que se canta sem cessar os harmoniosos cânticos do amor.
III
Os frutos da lei do amor são o aperfeiçoamento moral da raça humana e sua bondade durante a vida terrestre. Os mais rebeldes e mais viciosos deverão se reformar, quando virem as bênçãos produzidas por esta prática: não fazei aos outros o que não quereis que vos seja feito; ao contrário, fazei todo o bem que puder fazer. Não acrediteis na esterilidade e na teimosia do coração humano, ele cede, sem querer, ao amor verdadeiro, é um campo magnético de atração ao qual ele não pode resistir e o contato desse amor mútuo vitaliza e fecunda os germes dessa virtude que está em seus corações em estado latente. A Terra, tempo de provação e de exílio, será, então, purificada por este fogo sagrado e verá praticarem caridade, humildade, paciência, devoção, abnegação, sacrifício, resignação, esperança, fé, todos filhos do amor. Portanto, não deixeis de escutar as palavras de João, o Evangelista. Vós sabeis, quando a enfermidade e a velhice interromperam o curso de suas pregações, ele só repetia essas doces palavras: “Meus filhos, amai-vos uns aos outros”.
Pregação de força divina e que resume em si os ensinamentos mais sábios.
Queridos irmãos amados, utilizeis esta lição; a prática dela é difícil, mas a alma tira dela um bem e uma evolução imensos. Acreditai em mim, façais o sublime esforço que eu peço: amai-vos. Vereis a Terra transformada e se tornar os Campos Elísios, onde as almas dos justos virão desfrutar do repouso e da felicidade infinita.

Srta. Cazemajour, médium



[1] “O Problema da Justiça de Deus e do Destino do Homem”, J.Chapelot – 2005, Madras Editora Ltda.

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