domingo, 31 de maio de 2015

HOMÍCIDIOS ESPIRITUAIS[1]


 Cláudio Bueno Silva

Uma revelação importante que os espíritos trouxeram aos homens é a que diz respeito à influência que aqueles exercem sobre estes.
 A uma pergunta que lhes foi feita, os habitantes do mundo invisível disseram que influem nos atos humanos muito mais do que se possa pensar por aqui, na Terra.
Essa revelação espantosa, da qual boa parte dos homens sequer suspeita, está contida em “O Livro dos Espíritos”, obra produzida pelos próprios espíritos e coordenada por Allan Kardec, depois de muita observação e estudos criteriosos.
 Estes seres do outro mundo chegaram a afirmar que essa influência é tal, que muito frequentemente são eles que nos dirigem.
  Embora Deus nos garanta a liberdade de pensar e agir, de fazer as nossas escolhas, nos dois lados da vida, essa informação não deixa de ser contundente. Por isso a questão das influências recíprocas precisa ser conhecida e estudada atentamente por todas as pessoas. Porque, segundo os espíritos, essa permuta é muito intensa e está presente em quase todas as circunstâncias da vida, ajudando a desencadear o bem ou o mal, dependendo das motivações que nutrem as relações entre os seres.
 Pensando neste assunto, relacionei-o com o noticiário policial das tevês e jornais da atualidade.
Praticamente todos os dias são divulgados dramas horrendos de variada espécie, mas com preponderância dos crimes de morte, que causam comoção e choque na sociedade de bem, pelas suas características de barbárie.
 Há casos tão escabrosos que nos custa acreditar tenham sido provocados por pessoas normais, que circulam nas ruas, compram em shoppings, andam de metrô, levam e buscam os filhos à escola, enfim
 Em muitos episódios desse tipo, o nível de brutalidade, cálculo e frieza é tanto, que é difícil associar a façanha criminosa a pessoas com diploma universitário, bem apessoadas, sem antecedentes e até com bom histórico de rotina familiar. Mas, não são apenas estas que promovem barbaridades, pois não é o nível social, econômico e cultural que impede as pessoas de cometerem desatinos graves. O motivo fundamental é moral e tem a ver com a evolução espiritual do indivíduo.
 Claro que não se pode avaliar o caráter de uma pessoa por coisas que ela nunca fez e muito menos pelos seus atributos exteriores, que podem muito bem ser ditados apenas pelo verniz social.
 Mas, o intrigante é constatar que esses protagonistas delinquem, na maioria das vezes, por causas e motivos absolutamente fúteis. Parece não fazer sentido algum! Será que agem sozinhos, por conta própria? O que haverá por trás desses crimes chocantes praticados por pessoas que demonstram insensibilidade para com a vida do outro, aparentando não se importar com as consequências?
 O espírito Manoel Philomeno de Miranda, através da psicografia de Divaldo Franco, fornece curiosas informações sobre o assunto no seu livro Tormentos da Obsessão[2].
 Baseadas na lei de afinidade e semelhança, que aproxima as pessoas encarnadas e desencarnadas, dão-se as influências recíprocas, que podem variar de um extremo a outro: da benéfica intuição de um bom espírito, à perseguição premeditada de um espírito mau.
 Conforme orienta Manoel Philomeno, o intercâmbio espiritual está na raiz de inumeráveis males que afetam a coletividade humana. Na forma da obsessão, onde um ser influencia maléfica e continuadamente a outro, ocorrem muitos desses crimes, cujas causas espirituais não são sequer suspeitadas pela maioria.
 Espíritos vingativos, obsediando pessoas, jogam-nas contra seus desafetos e inimigos. E, nas tramas, onde muitas vezes uns devem aos outros, enredados entre si, os maus espíritos se utilizam das fragilidades morais das suas vítimas, para dar cabo da vida de outros, naquilo que Philomeno de Miranda chamou de assassinato de cunho espiritual, no capítulo Reminiscências, do citado livro.
 Assim, através de interferências na conduta mental e moral de quem obsedia, essas entidades a serviço do mal seguem armando-lhes as mãos para a consumação dos nefastos crimes.
 Na verdade, em muitas situações, os crimes têm dois autores, um encarnado (teleguiado) e outro desencarnado. O que sabem somente aqueles que já tomaram conhecimento das profundas relações entre os dois mundos, e por isso se cuidam.



[2] Tormentos da Obsessão, de Manoel P. de Miranda, psicografia de Divaldo Franco, LEAL Editora, 2001.


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