Allan Kardec
Em nosso último número dissemos
algumas palavras a respeito dessa
estranha manifestação. Tais informações nos tinham sido dadas de viva voz e
muito sucintamente por um de nossos assinantes, amigo da família onde os fatos
ocorreram. Ele nos havia prometido detalhes mais circunstanciados e devemos à
sua cortesia as informações que nos transmitiu por carta.
Essa família reside perto de
Bayonne e as cartas foram escritas pela própria mãe da mocinha, uma criança de
seus dez anos, a um filho que reside em Bordeaux, pondo-o a par do que se
passava em sua casa. Este último teve o trabalho de as transcrever para nós, a
fim de não ser contestada a sua autenticidade; é uma atenção pela qual lhe
somos infinitamente reconhecidos. Concebe-se a reserva com que envolvemos os
nomes das pessoas, reserva que fazemos por lei observar, a menos que sejamos
formalmente autorizados a divulgá-los. Nem todos se preocupam em atrair a
multidão de curiosos. Àqueles para os quais essa reserva constituísse um motivo
de suspeita, diremos que é necessário estabelecer uma diferença entre um jornal
eminentemente sério e os que não visam senão divertir o público. Nossa
finalidade não é relatar casos para encher as páginas da Revista, mas
esclarecer a Ciência; se estivéssemos enganados, sê-lo-íamos de boa-fé.
Quando, aos nossos olhos, uma
coisa não é formalmente demonstrada, damo-la apenas a título de registro; o
mesmo não ocorre quando emana de pessoas sérias, cuja honradez é conhecida e
que, longe de qualquer interesse em nos induzir em erro, desejam também
instruir-se.
A primeira carta é do filho ao
nosso assinante, enviando as cartas de sua mãe.
Saint-Espirit, 20 de novembro
de 1858.
Meu caro amigo,
Chamado para junto da família
por motivo da morte de um de meus irmãos menores, que Deus acaba de levar, esta
circunstância, afastando-me algum tempo de minha casa, é o motivo do atraso em
vos dar minha resposta. Ficaria muito desolado se vos fizesse passar por um
contador de histórias junto ao Sr. Allan Kardec; por isso, vou dar alguns
detalhes sumários dos fatos ocorridos em minha família. Penso que já vos disse
que as aparições cessaram há muito tempo e já não se manifestam à minha irmã.
Eis as cartas que minha mãe
me escreveu a esse respeito.
Devo observar que muitos
fatos foram omitidos e não são os menos interessantes. Escreverei novamente
para completar a história, caso não o possais fazer, recordando-vos daquilo que
vos disse de viva voz.
23 de abril de 1855.
Numa tarde, há cerca de três
meses, tua irmã X teve necessidade de sair para fazer uma compra. Como
bem sabes, o corredor da casa é bastante longo e nunca está iluminado; mas o
velho hábito de o percorrermos sem luz faz que jamais tropecemos nos degraus da
escada. X já nos havia dito que cada vez que saía escutava uma voz a
dizer-lhe coisas que, de início, não compreendia o sentido, mas que se tornaram
inteligíveis mais tarde. Algum tempo depois viu uma sombra, não cessando,
durante o trajeto, de ouvir a mesma voz. As palavras proferidas por esse ser
invisível tendiam sempre a tranquilizá-la e dar-lhe conselhos de muita
sabedoria. Uma boa moral constituía o fundo dessas palavras. X ficava
muito perturbada e, por várias vezes, não tinha forças para prosseguir em seu
caminho. “Minha filha – dizia-lhe o invisível cada vez que ficava perturbada –
nada temas, porquanto só quero o teu bem”. Ele lhe ensinou um local em que ela,
durante vários dias, encontrou algumas moedas; de outras vezes nada encontrava.
X conformou-se
com a recomendação que lhe foi dada e, por muito tempo encontrou, se não
moedas, alguns brinquedos que logo verás. Por certo essas doações lhe eram
feitas para encorajá-la.
Não era esquecido na conversa
desse ser; muitas vezes falava de ti e nos dava notícias tuas por intermédio de
tua irmã. Várias vezes ele nos pôs a par do que fazias à noite; viu-te a ler em
teu quarto; outras vezes nos disse que teus amigos estavam reunidos em tua
casa. Enfim, ele sempre nos tranquilizava quando a preguiça te impedia de nos
escrever.
Desde algum tempo X
tem mantido relações quase contínuas com o invisível; durante o dia ela nada
vê; ouve sempre a mesma voz, que lhe dirige palavras de grande sensatez,
encorajando-a ao trabalho e ao amor a Deus. À noite ela vê, na direção de onde
parte a voz, uma luz rosada que não ilumina, mas que, segundo pensa, pode ser
comparada ao brilho de um diamante na sombra. Agora, todo o temor que sentia
desapareceu. Se lhe manifesto minhas dúvidas, diz-me: “Mamãe, é um anjo que me
fala, e se, para te convenceres, tu te armares de coragem, ele me pede para te
dizer que, esta noite, fará com que te levantes. Se te falar, deverás
responder. Vai aonde ele te mandar; verás pessoas à tua frente; mas não tenhas
medo algum”. Não quis pôr à prova minha
coragem: tive medo, e a impressão que isso me causou impediu-me de dormir.
Muitas vezes, à noite, parecia-me ouvir um sopro à cabeceira do leito. As
cadeiras se moviam sem que nenhuma mão as tocasse. Depois de algum tempo meus
temores desapareceram completamente e lamentei bastante não me ter submetido à
prova que me havia sido proposta, de estabelecer relações diretas com o
invisível, e também por não haver lutado incessantemente contra as dúvidas.
Exortei X a interrogar
o invisível sobre a sua natureza.
Eis a conversa que tiveram
entre si:
X – Quem és tu?
Invisível – Sou teu irmão Eliseu.
X – Meu irmão morreu há doze anos.
Invisível – É verdade; teu irmão morreu
há doze anos, mas, como em todos os seres, nele havia uma alma que não morre e
que se acha agora em tua presença, que te ama e a todos protege.
X – Gostaria de ver-te.
Invisível – Estou diante de ti.
X – Entretanto nada vejo.
Invisível – Tomarei uma forma visível
para ti. Após o ofício religioso tu descerás; ver-me-ás, então, e eu te
abraçarei.
X – Mamãe também queria conhecer-te.
Invisível – Tua mãe é a minha; ela me
conhece. Eu teria preferido manifestar-me a ela, e não a ti: era o meu dever;
mas não posso mostrar-me a várias pessoas, porquanto Deus me proíbe.
Lamento que mamãe não tenha
tido coragem. Prometo dar-te provas de minha existência e, então, todas as
dúvidas desaparecerão.
À noite, à hora marcada, X
se dirigiu à porta do templo.
Um rapaz apresentou-se a ela
e lhe disse: “Sou teu irmão. Pediste para ver-me. Estás satisfeita? Abraça- me
logo, porque não posso conservar por muito tempo a forma que tomei”.
Como bem imaginas, a presença
desse ser deveria ter espantado X a ponto de impedi-la de fazer qualquer
observação.
Tão logo a abraçou, ele
desapareceu no ar.
Na manhã do dia seguinte,
aproveitando a ocasião em que X foi obrigada a sair, o invisível
manifestou-se novamente e lhe disse: “Deverias ter ficado bastante surpreendida
com o meu desaparecimento. Pois bem! Vou ensinar-te a te elevares no ar, a fim
de poderes acompanhar-me”. Fosse outra pessoa e X teria ficado apavorada
com a proposta. Ela, porém, aceitou a oferta com diligência e logo sentiu que
se elevava como uma andorinha.
Chegou rapidamente a um local
onde havia uma multidão considerável. Conforme nos disse, viu ouro, diamantes e
tudo o que, na Terra, satisfaria nossa imaginação. Ninguém considerava essas
coisas mais do que consideramos as pedras das calçadas por onde caminhamos. Ela
reconheceu várias meninas de sua idade que moravam em nossa rua e que haviam
morrido há muito tempo. Em um apartamento ricamente decorado, onde não havia
ninguém, o que sobretudo lhe chamou a atenção foi uma grande mesa na qual, de
espaço em espaço, havia um papel. Diante de cada caderno havia um tinteiro; ela
via as penas molharem-se por si mesmas e traçarem caracteres sem que nenhuma
mão as movesse.
Ao retornar, censurei-a por
se ter ausentado sem a minha autorização e proibi-lhe expressamente de
recomeçar semelhantes excursões. O invisível deu-lhe provas de muito pesar por
me haver contrariado e prometeu-lhe formalmente que, doravante, não a levaria
mais a ausentar-se sem que eu estivesse prevenida.
26 de abril.
O invisível transfigurou-se
aos olhos de X. Tomou tua forma tão bem que tua irmã acreditou que
estavas no salão. Para certificar-se, ela lhe pediu que retomasse sua forma
primitiva; logo que desapareceste foste substituído por mim. Grande foi o seu espanto;
perguntou-me como eu me achava ali, estando a porta fechada a chave. Então
ocorreu uma nova transformação: tomou a aparência do irmão morto e disse a X:
Tua mãe e todos os membros da família não veem sem
espanto, e mesmo sem um sentimento de temor, todos os fatos que se realizaram
por minha intervenção. Não desejo absolutamente causar pavor; quero, entretanto,
provar minha existência e pôr-te ao abrigo da incredulidade de todos, pois
poderiam tomar como mentira tua o que seria da parte deles uma obstinação em
não se renderem à evidência. A Sra. C. trabalha em loja de armarinho; sabes que
é preciso comprar botões; vamos todos comprá-los. Transformar-me-ei em teu
irmãozinho – ele tinha então doze anos – e, quando retornares a casa, pedirás a
mamãe que mande perguntar à Sra. C. com quem te encontravas quando te venderam
os botões.
X não deixou de
observar essas instruções. Eu mandei perguntar à Sra. C. e ela me respondeu que
tua irmã estava com teu irmão, a quem fez grandes elogios, dizendo que, em sua
idade não se poderia imaginar que tivesse respostas tão fáceis e, sobretudo, tão
pouca timidez. É bom dizer que o pequeno estava na escola desde a manhã e só
deveria retornar às sete horas da noite e que, além disso, é muito tímido e não
tem essa facilidade que lhe querem reconhecer. Não é bastante curioso? Creio
que a mão de Deus não é inteiramente alheia a essas coisas inexplicáveis.
7 de maio de 1855.
Não sou mais crédula do que
se deve ser e não me deixo dominar por ideias supersticiosas. Entretanto, não
posso recusar-me a crer em fatos que se realizaram sob meus olhos. Eu necessitava
de provas bastante evidentes para não infligir à tua irmã os castigos que
algumas vezes me via obrigada a lhe dar, receando que ela quisesse brincar
conosco e abusar de nossa confiança.
Ontem, eram cinco horas
aproximadamente quando o invisível disse a X: “É provável que mamãe te
mande a alguma parte, a fim de dares um recado. No caminho serás agradavelmente
surpreendida pela chegada da família de teu tio.” Imediatamente X me
transmitiu o que o invisível lhe houvera dito; eu estava longe de esperar esses
parentes e mais surpresa ainda de o saber dessa maneira. Tua irmã saiu e as
primeiras pessoas que encontrou foram efetivamente meu irmão, sua esposa e seus
filhos, que vinham nos visitar. X apressou-se em dizer que eu tinha uma
prova a mais da veracidade de tudo quanto me dizia.
10 de maio de 1855.
Hoje já não posso duvidar de
algo extraordinário em casa; vejo sem medo se realizarem todos esses fatos
singulares, mas deles não posso extrair nenhum ensinamento porque, para mim, esses
mistérios são inexplicáveis.
Ontem, depois de ter posto
ordem na casa – e sabes que faço questão dessas coisas – o invisível disse a X
que, malgrado as provas que havia dado de sua intervenção em todos os fatos curiosos
que te narrei, eu sempre tinha dúvidas, que ele queria fazer desaparecerem
completamente. Sem que se tivesse ouvido qualquer ruído, um minuto foi
suficiente para pôr os cômodos em completa desordem. Sobre o assoalho uma
substância avermelhada havia sido derramada; creio que era sangue. Se tivessem sido
somente algumas gotas, eu teria pensado que X se tivesse cortado ou
sangrado o nariz; mas imagina que o assoalho estava inundado.
Essa prova bizarra deu-nos um
trabalho considerável para fazer com que o piso do salão readquirisse o seu
brilho primitivo.
Antes de abrir as cartas que
nos envias, X conhece o conteúdo. O invisível lhe transmite.
16 de maio de 1855.
X não aceitou
uma observação que lhe fez sua irmã, não sei a propósito de quê. Deu uma
resposta inconveniente e recebeu merecido troco. Castiguei-a e ela foi-se
deitar sem haver jantado. Como de costume, antes de deitar-se faz uma prece.
Essa noite ela o esqueceu, mas, alguns momentos depois de deitada o invisível
apareceu-lhe e lhe apresentou um castiçal e um livro de preces semelhante ao
que costumava utilizar, dizendo-lhe que, apesar da punição que ela bem
merecera, não devia esquecer de cumprir seu dever. Então ela se levantou, fez o
que lhe era ordenado e, tão logo terminada a prece, tudo desapareceu.
Na manhã do dia seguinte,
depois de ter-me abraçado, X perguntou-me se o castiçal que se
encontrava sobre a mesa num andar acima de seu quarto tinha sido retirado. Ora,
esse castiçal, semelhante ao que lhe havia sido apresentado na véspera, não
tinha mudado de lugar, assim como o seu livro de preces.
4 de junho de 1855.
Desde algum tempo nenhum fato
chamou a atenção, a não ser o seguinte. Eu estava resfriada nestes últimos
dias. Antes de ontem tuas irmãs estavam ocupadas e eu não dispunha de ninguém para
mandar comprar uma pomada peitoral. Disse a X que quando ela tivesse
acabado sua tarefa fosse procurar alguma coisa na farmácia mais próxima. Ela
esqueceu minha recomendação e eu mesma não pensei mais nisso. Estou certa de
que ela não saiu, nem deixou o trabalho senão para ir buscar uma sopeira de que
necessitávamos. Grande foi sua surpresa ao retirar-lhe a tampa e encontrar um
pacote de pastilhas de cevada que o invisível havia trazido e ali depositado, a
fim de poupar-me de uma caminhada e, também, para satisfazer meu desejo, que
havia sido esquecido.
Evocamos esse Espírito numa das
sessões da Sociedade e lhe dirigimos as perguntas que se seguem. O Sr. Adrien o
viu sob o aspecto de um menino de dez a doze anos: bela cabeça, cabelos negros
e ondulados, olhos negros e vivos, tez pálida, boca zombeteira, caráter
leviano, mas bondoso. O Espírito disse não saber muito bem por que o evocavam.
Nosso correspondente, que estava
presente à reunião, disse que eram exatamente esses os traços pelos quais a
mocinha em várias circunstâncias o descreveu.
Ouvimos contar a história de tuas manifestações numa
família de Bayonne e desejaríamos fazer-te algumas perguntas.
– Fazei-as e eu responderei. Mas fazei logo, pois estou
com pressa e quero ir embora.
Onde apanhaste o dinheiro que davas à menina?
– Tirei da bolsa dos outros. Bem compreendeis que eu
não iria me divertir a cunhar moedas. Tomo daqueles que podem dar.
Por que te ligaste àquela garota?
– Grande simpatia.
É verdade que foste seu irmão, que morreu com quatro anos
de idade?
– Sim.
Por que eras visível a ela e não à sua mãe?
– Minha mãe deve estar privada de ver-me, mas minha
irmã não tinha necessidade de castigo. Aliás, foi com permissão especial que
lhe apareci.
Poderias explicar como te tornas visível ou invisível à
vontade?
– Não sou bastante elevado e estou muito preocupado com
o que me atrai para responder a essa pergunta.
Se quisesses, poderias aparecer em nosso meio, assim como
te mostraste à vendedora do armarinho?
– Não.
Nesse estado, serias sensível à dor, se te batessem?
– Não.
O que aconteceria se a vendedora te houvesse batido?
– Ela não teria encontrado senão o vácuo.
Sob que nome podemos chamar-te quando falarmos de ti?
– Chamai-me de louquinho, se quiserdes. Deixai-me, é
preciso que eu vá embora.
[A São Luís]: Seria útil que tivéssemos às nossas ordens
um Espírito assim?
– Tende-os frequentemente junto de vós, assistindo-vos
sem que o suspeiteis.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O LOUQUINHO DE BAYONNE
Se compararmos esses fatos com
os de Bergzabern,
dos quais nossos leitores certamente não perderam a lembrança, veremos uma
diferença capital. O de Bergzabern era mais que um Espírito batedor; era, e
ainda o é até hoje, um Espírito perturbador em toda a acepção do termo. Sem
fazer o mal, é um hóspede muito incômodo e muito desagradável, do qual
falaremos em nosso próximo número, tendo em vista as suas novas e recentes
proezas.
O de Bayonne, ao contrário, é
eminentemente benévolo e cortês; é o tipo desses Espíritos bons serviçais,
cujos feitos nos são narrados nas lendas alemãs, nova prova de que nas
histórias lendárias pode haver um fundo de verdade. Convenhamos, aliás, que a
imaginação pouca coisa teria a fazer para colocar esses fatos no âmbito de uma lenda,
os quais poderiam ser tomados como uma história da Idade Média, se não se
passassem, por assim dizer, aos nossos olhos.
Um dos traços mais salientes do
Espírito a quem demos o nome de louquinho de Bayonne são as suas transformações.
O que se dirá, agora, da fábula de Proteu[2]?
Entre os Espíritos de Bayonne e de Bergzabern há ainda a diferença de que este
último somente se mostrou em sonhos, enquanto nosso pequeno duende tornava-se
visível e tangível qual se fora uma pessoa real, não apenas à sua irmã, mas,
também, às pessoas estranhas: testemunha-o a compra dos botões na loja de armarinhos.
Por que não se mostrava a todos e em qualquer hora?
É o que não sabemos; parece que
não tinha esse poder e nem mesmo podia permanecer por longo tempo em tal
estado. Talvez necessitasse, para isso, de um trabalho íntimo, um poder de
vontade acima de suas forças.
Novos detalhes nos foram
prometidos acerca desses estranhos fenômenos; a eles voltaremos em momento
oportuno.
[1] REVISTA ESPÍRITA – janeiro/1859 – Allan Kardec
[2] A fábula de Proteu, deus marinho da mitologia grega,
gira em torno da sua capacidade de se transformar e de saber o futuro. Este
deus, conhecido como o "Velho do Mar", era capaz de assumir qualquer
forma, seja de animais marinhos, de elementos da natureza, ou até mesmo de
seres monstruosos, para evitar revelar o que sabia sobre o futuro.(Wikipédia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário