segunda-feira, 13 de maio de 2019

Maurice Lachâtre[1]




Maurice Lachâtre é uma das figuras mais luminosas e corajosas da França, no século XIX.
Nascido em 14 de outubro de 1814, em Issoudun, no Departamento de Indre(França), Maurice Lachâtre mudou-se ainda jovem para Paris, atraído pela borbulhante vida intelectual da capital francesa.
Editor e escritor, foi em ambas as atividades o contestador por excelência, em choque permanente com o regime político e a religião católica dominante.
Em 1857, foi condenado a um ano de prisão e a uma multa de seis mil francos, por ter editado o romance Os mistérios do povo, de Eugén Sue, que difundia os ideais socialistas.
No ano seguinte, sofreu uma nova condenação pelo regime de Napoleão III (que Victor Hugo chamou de Napoléon, le petit), pela publicação do Dicionário Universal Ilustrado. A pena era duríssima: seis anos de prisão.
Para escapar, Lachâtre refugiou-se na Espanha, estabelecendo-se como livreiro em Barcelona. Homem inquieto, atento às novidades, acompanhava o grande movimento de renovação espiritual que surgia em seu país.
Em 1861, escreveu a Allan Kardec, solicitando-lhe a remessa de livros espíritas, que desejava comercializar em sua livraria. Kardec enviou dois caixotes, contendo 300 livros. A remessa atendia a todos os requisitos legais da alfândega espanhola, mas a sua liberação foi sustada, sob a alegação de ser indispensável a aprovação do bispo de Barcelona, Antonio Palau y Termens.
Concluiu o bispo que se tratava de livros perniciosos, que deviam ser lançados ao fogo por serem imorais e contrários à fé católica. A execução ocorreu no dia 9 de outubro de 1861, ficando conhecida entre os espíritas como o Auto de Fé de Barcelona.
A partir daí, os padres passaram a vigiar de perto as publicações de Lachâtre. O dedo da Igreja encontra-se por trás da sentença da justiça francesa, de 27 de janeiro de 1869, que condenava à destruição a “História dos Papas”, que Lachâtre publicara em 1842-43, em dez volumes. Não foi o suficiente para abatê-lo.
Em 1870, quando ocorre a Comuna, Lachâtre retorna a Paris, num lance de ousadia, e passa a colaborar no jornal Vengeur, de Félix Pyat. A vitória do governo e a violentíssima repressão levaram-no de volta a Espanha, onde manteve a sua intensa atividade intelectual.
Em 1874, publicou dois livros, a “História do Consulado e do Império” e a “História da Restauração”. Seis anos depois, saía a “História da Inquisição”.
Com a anistia, retornou à França, fundou uma nova editora, em Paris, e entregou-se de corpo e alma à sua grande obra, o “Novo Dicionário Universal”, considerada por contemporâneos como a maior enciclopédia de conhecimentos humanos até então publicada, incluía, inclusive, todos os termos específicos do vocabulário espírita.
Maurice Lachâtre faleceu em 09 de março de 1900, em Paris.

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