ARTHUR BERNARDES DE OLIVEIRA[2]
São errantes, isto é, estão na
erraticidade, todos os Espíritos que têm caminho a percorrer nas lutas da
evolução.
Erraticidade é o nome que
adotamos para indicar o tempo que o Espírito, terminada uma experiência
encarnatória, aguarda para reencarnar-se de novo. Significa período de tempo entre uma
existência que terminou e outra que se estará iniciando. Não se refere a lugar,
mas a tempo. Alguns metapsiquistas importantes, estudiosos da reencarnação,
utilizam o termo intermissão, em vez
de erraticidade. O Espírito, durante esse tempo, não está à toa. Ele está
vivendo sua vida normal de espírito. Está estudando, preparando-se, aprendendo,
convivendo com outros Espíritos enquanto a hora do novo mergulho na carne não
chega. Dizemos, portanto que todos os Espíritos sujeitos a novas encarnações –
reencarnações, portanto -, aguardam-nas na chamada erraticidade. Erraticidade é,
portanto, tempo de espera. Seria a “fila da reencarnação”. E é uma senhora
fila. Sobretudo hoje, quando os casais se recusam, insistentemente, a dar
acolhida aos filhos que querem nascer.
Na França, por exemplo, havia o
risco de os franceses desaparecerem do mapa. Mulher francesa ter filhos?! Nem
pensar! De repente, o governo de lá viu que devia fazer alguma coisa. E
ofereceu incentivo às mães que resolvessem abrir a porta da fecundação. Era
necessário que nascessem novos bebês, senão, do povo francês, não restaria nem
semente.
Na China, há muito tempo, sofre
consequências sérias o casal que tenha mais de um filho. Filhas, lá, tempos atrás, nem por decreto.
Hoje estão os chineses com um problema sério: não há mulheres suficientes para
atender ao anseio de casamento dos rapazes. Falta mulher. Há mais homens que
mulheres.
Na Itália, na Alemanha, nos
Estados Unidos, também, não é fácil nascer. Coisa de gente rica. Ou de
economista. Ou até de ministro da saúde, às vezes. Nasce muito é onde a pobreza
é farta. Rico não quer trabalho, nem problema, nem muita gente por perto! Quer é gozar a vida!
Pois bem: sobre esse tempo de
espera já aprendemos algumas coisas. É sobre essas coisas que vamos conversar
um pouco hoje. Por exemplo:
1 – Reencarna o Espírito, logo depois
de se haver separado do corpo, isto é, uma encarnação pode ocorrer
imediatamente após o término de outra que a antecedeu? (Há pouco tempo uma
novela da Rede Globo de Televisão - Alma Gêmea - apresentou uma cena em que
sugeria ter acontecido exatamente isso.)
– Imediatamente, não. Há uma
impossibilidade natural. No período de nove meses em que o bebê está se
formando no seio da mãe, o Espírito que fornece a matriz do corpo que se forma,
tem que estar presente, já em condições de participar do processo; livre,
portanto, dos resíduos que ainda estaria carregando da experiência anterior. A
literatura especializada registra casos que sugerem a ocorrência de períodos
muito curtos de intermissão. Não são comuns, mas existem.
2 – De quanto tempo podem ser
esses intervalos entre uma encarnação e outra?
– Muito variados. Desde poucos
meses até milhares de anos. Não há limite extremo estabelecido para esse estado
de espera, que pode prolongar-se muitíssimo, mas que nunca é perpétuo. Cedo ou
tarde, o Espírito terá que volver a uma existência apropriada a purificá-lo das
máculas de existências precedentes. A duração é uma consequência do livre
arbítrio. Não há pressa. É preciso que haja o convencimento do Espírito para
que ele próprio se decida a aceitar reencarnar-se. Excetuam-se os casos de
reencarnação compulsória, também não muito comuns.
Hernani Guimarães Andrade,
examinando diversos casos de reencarnação colhidos por pesquisadores de renome
internacional, e baseando-se em informações de Emmanuel, registradas no livro
Roteiro, psicografado por Francisco Cândido Xavier, deduz, matematicamente, que
o tempo médio de intermissão para os casos pesquisados foi de 250 anos,
indicando uma média de quatro encarnações por milênio!. Mas sugere que, com o
crescimento da população encarnada, esse tempo médio, evidentemente, se tornará
menor.
3 – Há alguma conotação entre
“estado de erraticidade” e “inferioridade espiritual”?
– Não. Nenhuma. Dizemos que são
errantes, isto é, estão na erraticidade, todos os Espíritos que têm caminho a
percorrer nas lutas da evolução. Somente os Espíritos puros, porque já chegaram
lá, estão fora do grupo de Espíritos errantes. Até os Espíritos Superiores que,
segundo Kardec, já atingiram a penúltima classe da escala analisada nas
questões 100 e seguintes de O Livro dos
Espíritos, até eles, estão na fila da reencarnação; são, pois, Espíritos
errantes, também.
4 – Como se instruem os
Espíritos que aguardam nova experiência reencarnatória?
– Estudando em universidades ou
escolas preparatórias que, à disposição deles, existem em profusão nas cidades
espirituais a que estão vinculados pela residência ou pela ocupação. Também
aprendem observando os lugares e as pessoas aonde vão; ouvem os discursos dos
homens doutos e os conselhos dos Espíritos mais elevados, o que lhes permite
adquirir conhecimentos que antes não tinham.
5 – Conservam os Espíritos
algumas de suas paixões?
– A morte não produz milagres.
Os Espíritos são tais como eram quando na pele de pessoas encarnadas. Sujeitos
a emoções, portadores de vícios e de virtudes. Os mais evoluídos se livram com
facilidade dos pequenos que na matéria conduziam. Os inferiores, não: conservam
esses vícios que muitas vezes os transformam em verdadeiras pedras de tropeço
nos caminhos da invigilância.
6 – O Espírito progride na
erraticidade?
– Sim. Para isso é que estudam,
trabalham e praticam. Mas a comprovação desse progresso só se faz na
experiência física.
7 – São felizes ou infelizes os
Espíritos errantes?
– Depende da consciência de cada
um. Há os felizes e há os em dificuldade. Como aqui.
8 – Afinal, como vivem?
– Em colônias espirituais
construídas por eles próprios. Tais como a colônia “Nosso Lar” que serviu de
tema para o primeiro livro de André Luiz e através do qual aprendemos tantas
coisas da vida e da organização das comunidades que acolhem Espíritos errantes
já equilibrados ou a caminho de sua recuperação. (Sobre a colônia Nosso Lar, leia o livro
“Cidade no Além”, de Heigorina Cunha, prefaciado por André Luiz).
Mas André Luiz não é o único repórter do mundo
espiritual. Inúmeros outros Espíritos, aqui e no exterior, já nos deram seguros
e universais esclarecimentos sobre a vida espiritual; seus sistemas de
administração, educação, saúde, segurança, disciplina, remuneração. Lúcia
Loureiro fez trabalho sério de pesquisa em diversas obras do gênero, publicadas
no Brasil ou no exterior e nos oferece seus resultados no seu importante livro
Colônias Espirituais, editado por Editora Mnêmio Túlio, de São Paulo.
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